A ADENE – Agência para a Energia está a promover um novo ciclo de conferências sob o mote Pensar a Energia, que pretende ser “um espaço de discussão” para os temas mais relevantes do sector da energia. A primeira conferência aconteceu na sexta-feira passada e focou-se no futuro dos edifícios, abordando a nova directiva sobre o desempenho energético dos edifícios (EPBD), a habitação e o investimento na transição energética.
Para arrancar com a iniciativa Pensar a Energia, a ADENE escolheu o tema “Os Edifícios do Futuro na Transição Energética e Ação Climática”. “Fazia todo o sentido que a primeira conferência Pensar a Energia fosse dedicada a um tema que, além de estar no topo da agenda mediática, diz respeito a todos os portugueses”, explica a agência de energia, à Edifícios e Energia.
“Devemos aproveitar todo o debate que se tem feito na sociedade portuguesa sobre a habitação e o património edificado para colocar no prato da balança também as oportunidades e os desafios colocados pela construção e pela reabilitação de edifícios”, sublinhou, por sua vez, Carlos Zorrinho, eurodeputado, já durante encerramento da conferência de estreia, que aconteceu no dia 14 de Abril.
Tomando o palco do auditório da Ordem dos Engenheiros, no Porto, também outras figuras aproveitaram para destacar três tópicos principais – investimento na transição energética, desafio da habitação e impacto da nova EPBD.
Sobre o papel da Banca na Transição Energética, João Tomaz, director para a área da sustentabilidade da Associação Portuguesa de Bancos, José de Matos, membro da direcção da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário, e Hugo Santos Ferreira, presidente da Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários, aproveitaram para “debater os recursos técnicos que arquitectos e engenheiros estão a desenvolver para um futuro mais sustentável e quais as soluções da Banca com vista ao financiamento da transição energética”, refere a ADENE.
Já no painel dedicado às oportunidades e aos desafios trazidos pela nova EPBD, que prevê, por exemplo, edifícios zero emissões já a partir de 2028 no caso de edifícios novos, Carolina Silva, gestora de projectos da Associação ZERO, Ricardo Camacho, coordenador da Comissão Técnica de Sustentabilidade da Ordem dos Arquitectos, e Bento Aires, presidente do Conselho Directivo da Região Norte da Ordem dos Engenheiros, focaram-se na necessidade de se desenharam edifícios mais sustentáveis, com menor pegada carbónica, considerando não só a fase de utilização, mas também de construção e reabilitação, e regendo-se pelos princípios da economia circular no uso de materiais e recursos.
“Esta Directiva surge numa altura crucial para Portugal, em que o Governo aprovou, recentemente, o Pacote Mais Habitação, que apresenta um conjunto de medidas que procuram responder de forma completa a todas as dimensões do problema da habitação”, afirma a ADENE. Por esse motivo, e de modo a complementar os temas abordados, a primeira conferência Pensar a Energia, contou ainda com a presença de Fernanda Rodrigues, secretária de Estado da Habitação, que abordou as actuais políticas nesta área, revelando que estas estão alinhadas com a EPBD, “em especial na reabilitação de 100 % do parque habitacional público”.
Filipe Araújo, vice-presidente da câmara municipal do Porto, também marcou presença neste evento, contribuindo com a perspectiva dos desafios que se colocam às autarquias nestes temas e com a partilha de projectos em curso, como o Porto Energy Hub, para acelerar a transição energética. O responsável realçou, ainda, o papel das agências de energia “na dinamização e na sensibilização” e na “monitorização das diversas políticas nacionais”.
Salientando a importância de se juntarem os principais actores do sector da energia e dos edifícios, a ADENE faz um balanço “muito positivo” da primeira conferência do ciclo Pensar a Energia. “É urgente juntar esforços e procurar medidas concretas que nos permitam uma transição energética justa e coesa. Só unindo esforços, e partilhando experiências, conseguiremos vencer a emergência climática que vivemos”, reforçou, também na altura, Nelson Lage, presidente da ADENE.
Pobreza energética será destaque da próxima conferência
Na continuidade do ciclo de conferências Pensar a Energia, cujo objectivo é que seja “um espaço de discussão que sirva para aprofundar alguns dos mais relevantes temas sobre o sector da energia, cumprindo a missão da ADENE na transição energética rumo à neutralidade carbónica”, a agência portuguesa tem já previstos os próximos temas que serão discutidos em 2023.
“A próxima conferência Pensar a Energia será dedicada à Estratégia Nacional de Longo Prazo para o Combate à Pobreza Energética, em que, mais uma vez, a ADENE pretende criar um palco de discussão sobre um tema relevante e que afecta milhares de cidadãos”, avança a entidade. A ideia é que se possa reflectir sobre a estratégia e pensar em como se podem “pôr em prática medidas que actuem sobre esta dimensão” cujas “implicações sociais, económicas, ambientais e de saúde” têm um “impacto real na vida dos portugueses”.
Durante este ano, serão debatidos ainda mais dois temas. Um deles está relacionado com a questão “Como garantir a independência energética da Europa no caminho da descarbonização?”, uma vez que “a Europa vive em emergência climática, situação agravada com a guerra na Ucrânia e com a escalada dos preços da energia”, sublinha a ADENE.
O outro tema seleccionado seguirá o mote “O futuro da energia é renovável. Como aumentar as novas fontes de energia na matriz energética global”, em que serão abordados tópicos como comunidades de energia renovável, economia azul, agroenergia e hidrogénio verde.