Nos próximos três anos, o projecto ENERSHARE vai desenvolver o enquadramento necessário em que o Espaço Europeu de Dados Energéticos irá assentar. Nesta iniciativa que une energia e dados, o INESC TEC, um dos parceiros portugueses do consórcio, vai testar algumas técnicas e novos serviços.
Como garantir a partilha e a troca de dados no sector energético de forma eficaz e segura? É esta a questão de partida para o projecto ENERSHARE – European commoN EneRgy dataSpace framework enabling data sHaring-driven Across and beyond eneRgy sErvices. Iniciado em 1 de Julho de 2022, o projecto vai, até ao final de Junho de 2025, investir mais de 9,5 milhões de euros no desenvolvimento de uma arquitectura de referência data-driven que sirva de base à configuração de um novo Espaço Europeu de Dados Energéticos.
Ao longo destes três anos, esse enquadramento para tornar os sistemas energéticos mais inteligentes e descentralizados irá ser também aplicado e implementado, com vista à sua demonstração e validação, através de sete projectos pilotos, 11 casos de uso, em sete países. “A ampla cobertura geográfica dos locais para o desenvolvimento dos projectos pilotos visa apoiar a replicabilidade de larga escala ao nível da União Europeia e investir no mercado das soluções tecnológicas de partilha de dados e de serviços data driven em diferentes contextos socioeconómicos”, refere a página oficial do projecto.
O ENERSHARE consiste num consórcio coordenado pela entidade italiana Engineering Ingegneria Informatica S.p.A., contando com o apoio de 30 parceiros europeus, incluindo, do lado português, o INESC TEC, o Smart Energy Lab e o R&D Nester.
Trabalho do INESC TEC irá contribuir para casos de uso
No âmbito do ENERSHARE, o INESC TEC está já a trabalhar na melhoria, quer de algoritmos patenteados de aprendizagem distribuída (federated learning), quer de uma plataforma baseada em blockchain para mercado de dados, com vista à sua aplicação a diferentes casos de uso. Segundo Ricardo Bessa, coordenador do Centro de Sistemas de Energia do INESC TEC, esses casos de uso estarão “relacionados com a produção de base renovável, comunidades de energia, operação de redes eléctricas, sistemas multi-energia e eficiência energética”.
Neste contexto, o INESC TEC vai coordenar não só o desenvolvimento de novas técnicas de inteligência distribuída e de novos serviços, como também os trabalhos relacionados com digital twins. A par desse contributo, a instituição portuguesa vai ainda dar apoio em questões de interoperabilidade semântica e de privacidade, segurança e controlo dos dados, abrindo portas para a partilha de dados e para a criação de novos serviços digitais – energéticos e não energéticos – e modelos de negócio.
Este artigo foi originalmente publicado aqui, apresentando as devidas adaptações.