Em termos absolutos, o uso de electricidade aumentou mais de 1.500 TWh, o maior aumento de sempre, que se traduziu também em preços mais elevados. Os dados são do relatório semi-anual da Agência Internacional de Energia (AIE), Electricity Market Report, lançado no início deste ano.  

Para a AIE esta “subida galopante”, de 6 %, na procura de energia eléctrica durante o ano passado é explicada, por um lado, pela rápida recuperação económica, e, por outro, pela maior necessidade de energia para aquecimento e arrefecimento naquele que foi um ano de “condições atmosféricas mais extremas do que em 2020, incluindo um Inverno mais frio do que a média”. 

O aumento percentual de 6 % é o maior desde 2010 e o aumento absoluto é o maior de sempre. Perante esta situação, a AIE alerta para as consequências para consumidores, economias e processos de transições energéticas limpas. Não só os preços da electricidade atingiram “níveis sem precedentes”, com um acréscimo de até 64 % no índice de preço em comparação com a média de 2016-2020, como se verificou um recorde nas emissões de dióxido de carbono ligadas à produção de electricidade, que aumentaram 7 %, depois de dois anos em que tinham decrescido.  

A subida da procura de electricidade fez-se acompanhar também do aumento da produção de energia a partir de carvão, em 9 % – um pico que respondeu a mais de metade do uso adicional de electricidade –, de energias renováveis, em 6 %, de gás, em 2 %, e de energia nuclear, em 3,5 %. 

Apesar de a produção a partir de fontes renováveis não ter sido o suficiente para acompanhar a procura de energia eléctrica, a AIE antecipa que, durante o período de 2022 a 2024, haja um rápido crescimento neste tipo de produção renovável para quase igualar o crescimento de procura moderado. Se o aumento de procura de electricidade anual for de 2,7 %, a AIE estima, no relatório, que a produção renovável “poderá servir mais de 90 % do crescimento líquido da procura durantes estes anos”. 

Prevendo um aumento de procura de electricidade nos próximos três anos, a AIE avisa que, sem uma “mudança estrutural mais rápida no sector”, corre-se o risco de volatilidade adicional do mercado, onde os preços podem ser um factor de tensão social e política, e o risco de um cenário de elevadas emissões contínuas se prolongar, comprometendo o cenário de zero emissões em 2050 

Neste sentido, o director executivo da IEA, Fatih Birol, apela a que os decisores políticos procurem “atenuar os impactos nos mais vulneráveis” e investir mais “em tecnologias energéticas hipo-carbónicas incluindo renováveis, eficiência energética e energia nuclear – conjuntamente com uma expansão de redes eléctricas inteligentes e robustas”.