Em 2022, registaram-se 287 graus-dias de arrefecimento em Portugal, mais do dobro em relação ao ano anterior e o valor máximo das últimas décadas. Os dados foram divulgados ontem pelo Eurostat, mostrando um aumento médio destas necessidades também no resto dos edifícios da União Europeia (UE)
O gabinete de estatísticas da UE anunciou, ontem, os dados relativos às necessidades de aquecimento e arrefecimento nos edifícios dos Estados-Membros, tendo por base os dados do Joint Research Centre. No que diz respeito ao arrefecimento, Portugal apresenta o maior pico registado desde 1979.
Apresentando variações nos valores ao longo das últimas quatro décadas, Portugal tinha registado o valor máximo de graus-dia de arrefecimento em 1991, com 286 dias. No entanto, os dados do Eurostat mostram que esse pico foi ultrapassado em 2022, ano em que houve 287 graus-dias de arrefecimento. O valor obtido no ano passado representa ainda mais do dobro daquele que tinha sido atingido em 2021, altura em que se registaram 133 graus-dias de arrefecimento.
No geral da UE, o valor médio anual de necessidades de arrefecimento resultante deste método em 2022 – 140 graus-dia – também foi superior em relação ao ano homólogo (100). Este valor apresenta-se ainda como quase o quadruplo das necessidades de arrefecimento nos edifícios europeus registadas em 1979.
Recorde-se que os graus-dia de arrefecimento e de aquecimento são índices técnicos baseados no clima com o objectivo de descrever as necessidades energéticas dos edifícios em termos de climatização.
Quais são os países da UE com maiores e menores necessidades?
Entre os países da UE onde as necessidades de ar condicionado são maiores, estão Malta, que registou 842 graus-dia de arrefecimento em 2022, seguindo-se Chipre (698), Espanha (384), Itália (375) e Grécia (372). Os valores dos graus-dia mais reduzidos, no ano passado, foram obtidos, por sua vez, na Irlanda, com 0.03, na Suécia (1.6), na Finlândia (2.5), na Dinamarca (3.4) e na Letónia (13.6).
Relativamente às necessidades de aquecimento, que, de acordo com o Eurostat, “têm vindo a diminuir ao longo do tempo”, os países que permanecem com maiores necessidades são Finlândia, que registou um valor de 5 277 graus-dia de aquecimento em 2022, Suécia (4 919), Estónia (4 118), Letónia (4 026) e Lituânia (3 773).
Já Malta, com 544 graus-dia anuais de aquecimento, foi o país com menores necessidades neste campo, apresentando uma necessidade cerca de dez vezes menor em relação à Finlândia. Lembre-se que, em 2021, estes lugares de cada extremo foram ocupados pelos mesmos países, embora a Finlândia tenha registado uma descida em relação a 2021 e a Malta uma ligeira subida.
Além da Malta, outros países com os menores graus-dia de aquecimento em 2022 são Chipre (696), Portugal (968), Espanha (1 478 e Grécia (1 538). Note-se ainda que, no país português, houve uma descida em relação ao ano homólogo: em 2021, tinham sido registados 1 239 graus-dias de aquecimento. Portugal encontra-se ainda abaixo do valor médio da UE, que, em 2022, foi de 2 858 graus-dias de aquecimento.