Na Conferência Anual Global sobre Eficiência Energética da Agência Internacional de Energia (AIE), realizada recentemente em Bruxelas, ministros e altos funcionários representantes de 47 governos reafirmaram “o papel que a eficiência energética desempenha para garantir serviços energéticos acessíveis e seguros para os cidadãos, aumentar a competitividade das empresas e salvaguardar a segurança energética das nações”.
A declaração foi feita após as discussões na 10ª Conferência Global da AIE sobre Eficiência Energética, que reuniu quase 700 participantes de cerca de 100 países, incluindo dezenas de ministros e representantes de movimentos juvenis e laborais.
Os governos que emitiram a declaração conjunta declararam que “após o acordo histórico na COP28 para duplicar o progresso da eficiência energética até 2030, é agora o momento de gerar um maior impacto através de acções colectivas e nacionais mais fortes e de melhorias tecnológicas em todos os sectores”.
Destacaram ainda a necessidade de reforçar as acções de eficiência energética através da implementação de “políticas eficazes” e identificaram “acções relacionadas com a acessibilidade, melhor qualidade de vida e competitividade que possam gerar um forte progresso em direcção aos objectivos gerais, ao mesmo tempo que trazem o máximo de benefícios a todas as pessoas o mais rapidamente possível”.
A Conferência Global foi co-presidida pelo comissário europeu para a Energia e a Habitação, Dan Jørgensen, e pelo director executivo da AIE, Fatih Birol, e foi organizada com o apoio do Movimento para a Eficiência Energética.
Fatih Birol destacou que “a eficiência energética está no cerne da segurança energética” e garantiu que existe um “amplo consenso” de que, em conjunto e como países e empresas individualmente, é possível colher os benefícios daquilo a que chamou “o primeiro combustível para reduzir as facturas de energia, reforçar a competitividade e a segurança energética e reduzir as emissões”.
Na declaração, os ministros comprometeram-se a colocar as pessoas no centro das transições para a energia limpa e a concentrar-se em políticas justas de eficiência energética que tragam benefícios para todos. Comprometeram-se ainda a “aproveitar a inovação e a implementar tecnologias digitais para maximizar os benefícios da eficiência energética – colocando a digitalização no centro dos sistemas energéticos modernos e, em particular, das instalações industriais, edifícios e sistemas eléctricos”.
Portugal esteve representado nesta conferência por Nelson Lage, presidente da ADENE, que interveio no Painel Ministerial de Alto Nível em nome da ministra do Ambiente e da Energia, Maria da Graça Carvalho, e reuniu-se com o director executivo da AIE. Durante o encontro, Nelson Lage sublinhou o percurso consistente de Portugal rumo à transição energética e reforçou a ambição do país na eficiência energética, energias renováveis e literacia energética. Foram abordados os resultados alcançados nos primeiros cinco meses de 2025, como os 81,5% de electricidade proveniente de fontes renováveis, a triplicação da produção em regime de autoconsumo, e os níveis historicamente baixos de intensidade energética e de emissões do sector energético desde 1990.
Durante a sua intervenção na sessão ministerial, o presidente da ADENE defendeu que a eficiência energética deve ser um pilar estruturante da segurança e da soberania energética, e apelou a uma aposta firme na informação e formação como motor de uma transição justa e inclusiva, ao afirmar que “a literacia energética deve ser tratada como a alfabetização foi no século passado, ou seja, uma prioridade de política pública com impacto directo na vida das pessoas”. Acrescentou ainda que são necessárias redes mais interligadas, “que reforcem a coesão energética da Europa e nos preparem melhor para enfrentar eventos extremos”.

Fotografia de destaque: © Agência Internacional de Energia












