Coimbra vai ser uma das quatro regiões europeias a testar e validar roteiros para a melhoria de edifícios habitacionais com o objectivo de agilizar o combate à pobreza energética. O processo vai desenvolver-se no âmbito do consórcio europeu REVERTER, que pretende, assim também, contribuir para mitigar o agravamento do risco de situações de pobreza energética decorrente da crise socioeconómica actual.
Iniciado em Novembro sob a coordenação da Universidade Técnica Nacional de Atenas, o projecto REVERTER vai desenvolver e validar nove guiões para a renovação energética do edificado habitacional. De modo a fomentar uma avaliação integrada e a co-criação, as estratégias de melhoria da eficiência energética presentes nos roteiros irão considerar aspectos relacionados com educação, economia, ambiente, sociedade civil e governança.
“Estes guiões serão desenhados à medida do contexto territorial, parque imobiliário, agregados familiares, com ênfase nos mais vulneráveis, e condições climatéricas para identificar estratégias replicáveis em maior escala”, explica, em comunicado, o Instituto de Sistemas e Robótica da Universidade de Coimbra, um dos 12 elementos do consórcio.
Segundo o instituto coimbrense, a iniciativa REVERTER vai focar-se nas situações mais complicadas, incidindo não só sobre os agregados familiares mais vulneráveis como sobre as habitações com pior desempenho, ajustando-se também ao “crescente risco de situações de pobreza energética, decorrente da acentuada crise socioeconómica que se vive na Europa”. Trata-se do princípio “worst first” e será, na visão do consórcio, uma oportunidade para explorar a hipótese de “incentivos partilhados” entre proprietários e inquilinos, bem como abordar falhas de mercado, barreiras económicas, falta de informação e comportamentos associados aos consumos energéticos.
Os guiões desenvolvidos no âmbito deste projecto serão, posteriormente, testados e validados em one-stop-shops, ou balcões únicos, que serão criados em quatro regiões de países diferentes atendendo às diferenças climáticas e socioeconómicas. A par de Brezovo, na Bulgária, de Atenas, na Grécia, e de Riga, na Letónia, a cidade portuguesa de Coimbra será palco deste projecto-piloto co-financiado pelo programa LIFE, da União Europeia, em mais de 1,6 milhões de euros.
Nesse sentido, além da presença do Instituto de Sistemas e Robótica da Universidade de Coimbra, a iniciativa REVERTER vai contar com a representação portuguesa na figura da câmara municipal de Coimbra. Já a preparar-se para o desafio que se coloca, o município português apresentou, no dia 7 de Dezembro deste ano, o Plano de Eficiência Energética para 2023. Este documento, assente em doze medidas, incluindo o combate à pobreza energética através de auditorias, visa criar as condições necessárias para se atingir uma “poupança anual superior a 781 mil euros e a redução de 631 toneladas de dióxido de carbono”.
“A pobreza energética é uma realidade grave no nosso país, que a pandemia e a consequente crise económica vieram agudizar. As políticas públicas municipais adaptadas às realidades locais e aos diversos protagonistas são fundamentais para lidar com este problema que urge combater através de respostas concretas e eficazes”, sublinha o instituto português.