O Ponto de Transição é o novo projecto que visa combater a pobreza energética e contribuir para uma transição energética mais justa em Portugal. O piloto está a ser implementado, numa primeira fase, em Setúbal, contando já com um espaço de atendimento ao público presencial, incluindo acções de proximidade e de capacitação, inaugurado ontem.

Financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, o projecto resulta de uma parceria da entidade com a ENA – Agência de Energia e Ambiente da Arrábida, o Centro de Investigação em Ambiente e Sustentabilidade da Universidade Nova de Lisboa (CENSE, FCT-NOVA) e a RNAE – Associação das Agências de Energia e Ambiente. O consórcio, com o apoio da câmara municipal de Setúbal e da junta de freguesia de São Sebastião, inauguraram ontem o primeiro espaço do Ponto de Transição, no Mercado 2 de Abril, na freguesia de São Sebastião. 

Este espaço, materializado num contentor marítimo reutilizado, é um lugar ao qual as pessoas se podem dirigir para esclarecer dúvidas e solicitar informações desde sobre como melhorar o conforto térmico ou a eficiência energética das habitações, até sobre como reduzir as despesas com energia ou como se candidatar a financiamentos e apoios. A funcionar nos dias úteis da semana, o atendimento é assegurado por uma equipa de técnicos.

Além desta função de apoio, o projecto vai dinamizar sessões de formação a um conjunto de cidadãos da comunidade local para formar uma “Bolsa de Agentes de Transição”, capacitados em conceitos básicos relacionados com energia, contabilidade energética, tipos de equipamentos e boas práticas de consumo energético. Estes agentes irão, por sua vez, conduzir avaliações energéticas das habitações, que podem ser agendadas de modo gratuito, identificando oportunidades de melhoria. 

O consórcio sublinha que o Ponto de Transição tem como objectivo “contribuir para uma melhor eficiência energética e um maior conforto térmico nos lares portugueses”, mitigando situações de pobreza energética que levam “1,9 milhões de portugueses [a dizerem que] não conseguem manter a casa aquecida nos meses frios” (INE, 2021) e “3,7 milhões [a dizerem que] sofrem com o calor, em casa, durante os meses mais quentes” (Eurostat, 2012). Iniciada a 17 de Fevereiro, a fase piloto irá decorrer até dia 30 de Junho de 2022, estando prevista, posteriormente, a replicação noutros concelhos.

 

Fotografia: © Fundação Calouste Gulbenkian