HouseInc é um projecto financiado pela União Europeia ao abrigo do programa Horizonte Europa e, durante os próximos 3 anos, irá investigar a desigualdade na habitação, com destaque para a pobreza energética. 

“Colocar a sustentabilidade, a inclusividade e a igualdade no centro das políticas de habitação da UE”, é este o mote do projecto divulgado pelo BUILD-UP, o portal para a eficiência energética e as energias renováveis nos edifícios na Europa. 

Através do projecto HouseInc, treze organizações de toda a Europa estão a reunir-se para utilizar abordagens e metodologias inovadoras para analisar as diferentes dimensões da desigualdade na habitação, centrando-se em comunidades marginalizadas na Europa: comunidades ciganas na República Checa e na Roménia, refugiados ucranianos em Itália e migrantes da Europa de Leste na Alemanha. 

O principal resultado do projecto será um conjunto de recomendações políticas que pretendem ajudar os decisores políticos a compreender os factores económicos, sociais e ecológicos que contribuem para as desigualdades na habitação. 

O HouseInc conta com o apoio e envolvimento dos cidadãos e procura capacitá-los para a criação de soluções conjuntas a nível local e regional. Será realizado um inquérito multinacional com cerca de 8000 participantes em 8 países, a fim de obter uma panorâmica do impacto da COVID-19 e da invasão da Ucrânia nas diferentes dimensões da desigualdade na habitação. 

Dados do Eurostat mostram que a pobreza energética está a aumentar, sendo que, em 2022, 9,3% da população da UE não conseguiu manter as suas casas adequadamente aquecidas. Em Portugal o cenário é ainda mais preocupante, com o país a situar-se entre os 5 países da UE com maior incapacidade de manter o conforto térmico em casa. Relativamente a este aspecto, a Edifícios e Energia noticiou recentemente que Portugal ultrapassa os 9,3% da média europeia, apresentando uma percentagem de 17,5%. 

O aumento dos preços da energia e dos combustíveis, exacerbado pela guerra na Ucrânia, fez agravar esta situação. “Outros factores que afectam a qualidade da habitação incluem infiltrações nos telhados, paredes, pavimentos ou fundações húmidas, ou apodrecimento em caixilharias de janelas ou pavimentos, situações que afectaram 14,8% dos cidadãos da UE em 2020”, refere o BUILD-UP no seu site. 

Apesar de o especial foco deste projecto ser a pobreza energética, será também examinado o impacto da desigualdade habitacional no lazer, na mobilidade, no emprego e na saúde dos europeus, e, em especial, dos grupos marginalizados. 

O projecto é coordenado pelo Instituto Fraunhofer de Pesquisa em Sistemas e Inovação e terá a duração de 3 anos, tendo o seu fim previsto para Janeiro de 2027. 

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