Nos últimos anos, os sucessivos alertas da comunidade científica relativamente às consequências do aumento da temperatura global do planeta, como resultado da ação do Homem, têm vindo a reunir cada vez mais consenso entre especialistas e não especialistas. De acordo com o Eurobarómetro, 93 % dos cidadãos europeus consideram as alterações climáticas um problema «grave» (98 % em Portugal) e 79 % um problema «muito grave».

Um estudo recente do Swiss Re Institute aponta que, se nada for feito para travar a tendência do aumento da temperatura global, o impacto na economia mundial pode ser devastador, afetando até 18 % do PIB mundial. Naturalmente, as consequências das alterações climáticas não são apenas ambientais ou económicas, a grande ameaça reside também nas consequências sociais. As correntes migratórias que podem ocorrer por escassez de água, falta de alimento ou condições de habitabilidade ou emprego podem inclusivamente pôr em causa a estabilidade geopolítica do mundo.

É neste contexto que a Comissão Europeia assumiu objetivos muito ambiciosos ao nível da redução das emissões de carbono, estabelecendo uma meta de redução de 55 % das emissões até 2030 e o objetivo de se tornar neutra em carbono até 2050. Ao nível dos Estados-Membros e particularmente Portugal, foram já publicados dois documentos estratégicos para a economia, nomeadamente o Plano Nacional Integrado Energia e Clima e o Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 (RNC2050), com orientações específicas para o planeamento das cidades, ao nível do urbanismo e da edificação. Outro documento estratégico para Portugal, o Plano de Recuperação e Resiliência, tem na transição climática um dos seus três pilares, prevendo a aplicação de mais de 3 mil milhões de Euros em projetos de mitigação e adaptação às alterações climáticas.

Para além da nova construção, a indústria do imobiliário tem uma responsabilidade muito grande no que diz respeito ao parque de edifícios existente. Hoje, cerca de 75 % do parque imobiliário da União Europeia é considerado ineficiente. Contudo, em média, apenas 1 % do stock nacional de edifícios é renovado todos os anos.

Os edifícios representam cerca de 40 % do consumo de Energia e 36 % das emissões de CO2 na Europa, pelo que todos os atores desta indústria devem assumir o seu papel e contribuir para a mitigação das emissões de carbono. É neste contexto que a CBRE aderiu à iniciativa Metas Baseadas na Ciência (Science Based Targets Initiative), comprometendo-se a reduzir a sua pegada carbónica em 68 % até 2035 e sentiu necessidade de criar uma área de negócio exclusivamente dedicada à Sustentabilidade, numa componente de consultoria estratégica, para além da assessoria técnica – ambas tão relevantes para os nossos clientes.

É evidente a preocupação crescente dos investidores, entidades financiadoras e ocupantes com a sua contribuição para as alterações climáticas, em toda a cadeia de valor do imobiliário. A indústria de materiais e tecnologias de construção (ConTech) também tem vindo a adaptar-se, procurando apresentar soluções menos complexas, mais duradouras e ao, mesmo tempo, mais eficientes, fomentando a reutilização de materiais.

Para além da nova construção, a indústria do imobiliário tem uma responsabilidade muito grande no que diz respeito ao parque de edifícios existente. Hoje, cerca de 75 % do parque imobiliário da União Europeia é considerado ineficiente. Contudo, em média, apenas 1 % do stock nacional de edifícios é renovado todos os anos.

Estes números constituem uma grande oportunidade para a dinamização da nossa economia e para aumentar a competitividade das empresas portuguesas, permitindo a criação de emprego. Estima-se que apenas nas energias renováveis possam ser criados mais de 100 mil novos postos de trabalho diretos até 2030, criando uma onda de empregos verdes, muito importante para as novas gerações.

As conclusões expressas são da responsabilidade dos autores.