A União Europeia comprometeu-se a reduzir o consumo final de energia em 11,7% até 2030, face aos níveis de 2020. A meta reforça o papel da eficiência energética como peça central na transição para energias limpas — especialmente num sector que regista avanços mais lentos: o aquecimento e o arrefecimento.
Sabe-se que para alcançar os objectivos energéticos e climáticos será necessária uma redução significativa do consumo global de energia. A eficiência energética, que se baseia na utilização de menos energia para realizar as mesmas tarefas, é considerada um pilar essencial da transição para fontes de energia mais limpas. Reconhecendo a sua importância, a União Europeia (UE) concordou em reduzir o consumo final de energia em 11,7% até 2030, em comparação com os níveis de 2020.
Em específico, a descarbonização do sector do aquecimento e arrefecimento é, segundo a Comissão Europeia, uma acção “fundamental”, mas admite que “a transição dos combustíveis fósseis para as energias renováveis tem sido mais lenta neste sector, em comparação com a produção de electricidade”.
Em 2023, as fontes de energia renovável representaram 26,2% do consumo final de energia em aquecimento e arrefecimento, de acordo com dados fornecidos pelo Eurostat. A Directiva Energias Renováveis revista (RED III) reforça a meta de aquecimento e arrefecimento, inclui disposições específicas sobre a integração de calor e frio residuais e reforça o papel do sector de aquecimento e arrefecimento na integração do sistema energético.
Segundo a Direcção-Geral de Energia da Comissão Europeia, a eficiência energética é capaz de actuar em três frentes: reduz as emissões, apoia a segurança energética da Europa, diminuindo a dependência de combustíveis fósseis importados, e pode também ajudar a reduzir as facturas da energia para consumidores e empresas.
Em Maio deste ano, a Comissão Europeia publicou a sua avaliação dos Planos Nacionais de Energia e Clima (PNEC) dos países da UE. Estes roteiros nacionais mostram a forma como os países pretendem atingir as suas metas energéticas e climáticas. Na sua avaliação, a Comissão constatou que muitos países aumentaram as suas ambições em matéria de eficiência energética. No entanto, defende que “ainda existe uma lacuna para atingir a meta de 2030” e que abordá-la “requer mais acções”.
As soluções de eficiência energética variam, desde a adopção de materiais de alto desempenho, por exemplo para isolar espaços, passando por aparelhos e tecnologias energeticamente inteligentes, até à optimização de processos ou ao desenvolvimento de infraestruturas integradas que satisfaçam as necessidades energéticas.
“De facto, sem medidas de eficiência energética, nos últimos 20 anos, precisaríamos de até mais 27% de energia para satisfazer as nossas necessidades! Isto equivale ao consumo anual total de energia da França, Holanda, Áustria e Finlândia em conjunto”, explica a Direcção-Geral de Energia da Comissão Europeia.
Um novo impulso para a eficiência energética
O foco da política da UE na eficiência energética abrange quase duas décadas. Já em 2007, a Comissão Europeia e os países da UE concordaram em aumentar a eficiência energética e estabeleceram uma primeira meta de melhoria de 20% até 2020. Desde então, a ambição aumentou – não só a nível europeu, mas em todo o mundo. Para além da meta da UE para 2030, estabeleceu-se o Compromisso Global sobre Energias Renováveis e Eficiência Energética, lançado na Cimeira Mundial de Acção Climática da COP28, em 2023. O Compromisso visa duplicar a taxa global de melhorias na eficiência energética e triplicar a capacidade instalada global de energias renováveis até 2030.

Mais recentemente, em Junho, o comissário da Energia e da Habitação, Dan Jørgensen, reafirmou o compromisso da UE com a questão da eficiência energética ao delinear um “Roteiro para a Eficiência Energética”. Abrange dez áreas concretas para melhorias na eficiência energética, como o reforço das políticas sectoriais, a facilitação do financiamento e do investimento, a sensibilização dos cidadãos e das empresas e a promoção da cooperação internacional.
De acordo com a Direcção-Geral de Energia da Comissão Europeia, as acções prioritárias, que serão implementadas em 2025-2026, incluem, por exemplo, a criação de um “Fórum de Acção para a Eficiência 2030” com os países da UE, impulsionando o mercado de serviços energéticos, uma Estratégia de Electrificação e uma Estratégia de Aquecimento e Refrigeração revista.
“A eficiência energética não diz apenas respeito a grandes sectores ou indústrias: todos podemos fazer a nossa parte”, reitera a Direcção-Geral de Energia da Comissão Europeia, sublinhando que cada passo para poupar energia “faz a diferença para o clima, para a segurança energética da Europa e para os nossos bolsos”.
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