As principais associações industriais de aquecimento e arrefecimento renovável europeias querem metas obrigatórias e planos nacionais para a descarbonização deste sector. Numa carta conjunta endereçada à comissária europeia para a Energia, Kadri Simson, as entidades apelam a que as propostas sejam tidas em conta na revisão da Directiva Europeia para as Energias Renováveis (2018/2001/EU), que deverá acontecer este ano.

Entre as associações signatárias, estão a Solar Heat Europe, que representa a indústria da energia solar térmica, a EHPA – European Heat Pump Association (bombas de calor), a EGEC – European Geothermal Energy Council (geotermia) e a Euroheat & Power. A indústria lembra que 80 % dos europeus aquece as suas casas com combustíveis de origem fóssil, o que faz deste sector responsável por um terço das emissões de gases com efeito de estufa no velho continente. O apelo lembra ainda que, sendo o tempo estimado de vida dos equipamentos para aquecimento e arrefecimento de entre 15 a 20 anos, as decisões de aquisição dos consumidores tomadas hoje terão impacto nos objectivos definidos para 2050. Face aos objectivos para a neutralidade carbónica europeus, as associações vêem na revisão da lei comunitária uma oportunidade para tomar medidas que invertam este cenário, não só no que se refere a uma adopção massiva de sistemas mais eficientes, mas também para a criação de uma abordagem de investimentos “coordenados” de vários intervenientes.

Perante isto, a indústria pede que a Europa estipule uma meta vinculativa para a descarbonização do sector e obrigue à adopção de planos nacionais para o efeito. As associações consideram que estas estratégias devem incluir “calendários e metas claros” para a disseminação de sistemas de aquecimento sustentáveis e de redes de aquecimento urbano e ainda para o abandono progressivo do uso de combustíveis fósseis. Ao mesmo tempo, será necessário intervir junto dos consumidores, de forma a aumentar a sua sensibilização para o impacto e benefícios que esta mudança trará para eles, mas também criar condições que incentivem a adopção de soluções de aquecimento e arrefecimento renovável. Nessa medida, urgem as entidades europeias, “os governos nacionais e locais devem criar ou reforçar o apoio financeiro à aquisição destes sistemas e desenvolver a infraestrutura necessária para permitir que milhões de consumidores comprem ou se liguem a sistemas de aquecimento sustentáveis”.

Enquanto associações profissionais, a carta lança também um pedido para a necessidade de programas de formação para instaladores de equipamentos para aquecimento. As entidades acreditam que aumentar o número de instaladores com formação irá ajudar a que mais consumidores optem por sistemas mais eficientes. “Tal deverá ser feito a par de medidas que aumentem o interesse e vontade dos instaladores em fazer formações e obter certificações relevantes”, pode ler-se na carta.  

A revisão da Directiva europeia para as Energias Renováveis esteve em consulta pública entre Novembro de 2020 e Fevereiro deste ano. Segundo o calendário da Comissão Europeia, a adopção da nova versão está prevista para o segundo trimestre de 2021.