Falar de sustentabilidade é, obrigatoriamente, falar da gestão da energia e de eficiência energética – nos edifícios, nos transportes, na sociedade em geral. A preocupação reflecte-se não só nas políticas definidas pela União Europeia, mas também nos inúmeros debates realizados. Um dos mais recentes aconteceu no passado dia 6 de Maio, durante a Cimeira Europeia das Regiões para Comunidades Inteligentes, que decorreu entre os dias 03 e 09 de Maio, em Évora, num formato híbrido, e juntou líderes regionais europeus e especialistas nacionais e internacionais num debate sobre a visão para o futuro das comunidades inteligentes na Europa.
O Pacto Ecológico Europeu é a estratégia delineada pela União Europeia (UE) para tornar o continente mais sustentável, abarcando diversas áreas, procurando dar uma melhor qualidade de vida aos seus cidadãos, mas sem esquecer a necessidade de ter uma economia competitiva. Uma das áreas abordadas prende-se com a energia, com a redução da factura da energia, a par da electrificação dos transportes.
É uma transformação por completo da sociedade europeia, mas que, nas palavras de refere Vasco Ferreira, Oficial de Políticas na DG Energia na Comissão Europeia, criará novos postos de trabalho e implicará o desenvolvimento de novas tecnologias que podem ser exportadas para outros países.
As prioridades definidas pela UE para a próxima década estarão integradas em todas as medidas regulatórias e programas de investimento, mas também em directivas como a que visa as energias renováveis e o desempenho energético dos edifícios. “Tudo estará alinhado com as prioridades do Pacto Ecológico Europeu e com as prioridades relacionadas com as políticas de energia”, afirmou o responsável. E isso é muito importante porque a energia, ou mais precisamente a gestão da energia, é fundamental para combater as alterações climáticas. “Sabemos que 75 % das emissões vêm da produção e consumo de energia, de edifícios, transportes”, afirmou Vasco Ferreira, acrescentando que, actualmente, apenas uma pequena percentagem da energia utilizada tem origem em energias renováveis.
Nos próximos anos, as políticas de energia da UE terão como pilares base a renovação energética dos edifícios, as energias renováveis, e novas soluções como o hidrogénio. Uma das grandes apostas é a Renovation Wave, cujo objectivo, refere Vasco Ferreira, é o de transformar, mais rapidamente, os edifícios em edifícios “verdes”, criando, simultaneamente, novos postos de trabalho e melhorando a qualidade de vida dos cidadãos. Nesse sentido, a Comissão Europeia pretende duplicar a taxa de renovação na próxima década, sendo que estas deverão originar uma maior eficiência energética do edificado.
O processo de descarbonização e de electrificação da Europa passará, em grande medida, pelo hidrogénio verde, o que levou a Comissão, no ano passado, a delinear uma estratégia, que, nas palavras de Vasco Ferreira, está a despertar o interesse de muitos Estados-Membros. Sobre este tema Ricardo Beirão, director da Médio Tejo 21 – Agência Regional de Energia e Ambiente do Médio Tejo e Pinhal Interior Sul, avançou que foram criados dois projectos que irão estabelecer uma cadeia de distribuição de hidrogénio, desde a produção ao consumo, “sendo este repartido entre a injecção na rede de gás natural, a mobilidade e o fornecimento à indústria”.
A Cimeira Europeia das Regiões para Comunidades Inteligentes aconteceu no Convento do Espinheiro em Évora, sob a Presidência Portuguesa da União Europeia e organizada pelo AURORAL, o projecto europeu coordenado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo – CCDR-Alentejo.