O município de Arganil, no distrito de Coimbra, está a desenvolver um projecto piloto para identificar situações de pobreza energética e implementar soluções adequadas.
“Neste momento, o que fizemos foi identificar cinco tipologias de construção no nosso concelho, desde o xisto, no Piódão, a uma casa em meio rural com uma construção mais convencional, passando por edifícios multifamiliares”, explica o presidente da Câmara Municipal de Arganil, Luís Paulo Costa, à Edifícios e Energia.
O projecto está na fase de concepção, antes de serem implementadas medidas no terreno. A ideia é dar prioridade a famílias vulneráveis, fornecendo medidas que permitam resolver os problemas de isolamento existentes e aumentar as condições de conforto.
“O que agora se espera é que, do ponto de vista técnico, sejam definidas as melhores soluções para resolver esta questão de pobreza energética. Uma vez definidas as medidas para cada um destes dos cinco fogos sinalizados, a fase seguinte será concretizar essas soluções que vierem a ser indicadas para que possamos medir também os resultados.”

Luís Paulo Costa, presidente da CM de Arganil
Este projecto piloto tem o apoio da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, que contribui com a vertente académica e de investigação, e resulta de uma parceria com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC).
“Foi a CCDRC que entendeu que, no nosso concelho, tínhamos as características certas para o projecto, quer devido aos extremos climatéricos, quer naquilo que tem a ver com as características das habitações”, revela Luís Paulo Costa.
Sinalizado o município de Arganil por parte da CCDRC, foi depois apresentada uma candidatura à Energy Poverty Advisory Hub (EPAH), iniciativa da União Europeia. Sendo o objectivo erradicar a pobreza energética e acelerar a transição energética adequada dos governos locais europeus, a candidatura foi uma das 30 aprovadas (representando 51 municípios de 12 países da UE). Em Portugal, além da iniciativa a decorrer na região centro, houve mais dois projectos escolhidos: Baixa da Banheira e Vale da Amoreira; Barreiro, Alcochete, Montijo e Moita.
“Sabemos que as soluções mais indicadas para Arganil não são as mais indicadas para a uma localidade na Polónia, por exemplo, mas será importante olhar para os dados de todos no final, já que estamos a actuar a uma escala internacional, para perceber o que se passa em cada território. A pretensão da Comissão Europeia é que as medidas possam escalar para a generalidade, quer seja em edifícios multifamiliares, quer seja em habitações isoladas”, diz o presidente da Câmara.
No município de Arganil está também a ser desenvolvido no Piódão, que faz parte das Aldeias Históricas, “um processo a nível nacional, com o Fundo Ambiental, relativamente à poupança energética dos edifícios”. O plano é que os dois projetos possam cruzar-se no futuro.

Luís Paulo Costa, presidente da CM Arganil; Bernardo Campos, da CCDRC; Luís Almeida, vereador da CM Arganil; e Marcelo Ferreira, da CCDRC
“Termos, num primeiro momento, a definição da solução técnica para aquilo que é uma construção que está muito baseada no xisto. E podermos depois então, ao nível particularmente do Piódão, com este projecto do Fundo Ambiental nas Aldeias Histórias, ter uma execução mais massificada a nível da generalidade do edificado da aldeia.”
Apesar de reconhecer que muito mudou nos últimos 20 anos e que as regulamentações estão mais apertadas nos requisitos dos isolamentos – nomeadamente nas fachadas, telhados, caixilharias -, na construção mais antiga “há um longo caminho para fazer”.
Em Arganil, esse caminho diz respeito a 60% ou 70% dos edifícios do município. “Estamos falar de uns cinco ou seis mil fogos que necessitam de intervenção.”