A primeira edição do Prémio de Arquitectura Manuel Graça Dias, dst-Ordem dos Arquitectos, Primeira Obra distinguiu, ontem, os recém-arquitectos Ricardo Leitão e Rita Furtado pelo projecto “Casa em Freamunde”. Houve ainda lugar a mais três menções honrosas.

Já se conhece o projecto vencedor da primeira edição do Prémio de Arquitectura Manuel Graça Dias – Primeira Obra. “Casa em Freamunde” é uma obra de raiz da autoria dos recém-arquitectos Ricardo Leitão e Rita Furtado e, segundo os promotores do Prémio, em comunicado, destacou-se pela forma como lidou com desafios da envolvente – um lote de forma irregular com limites definidos por construções e um contexto urbano descaracterizado.

Com dois pisos, a “Casa em Freamunde”, de 2021, não só preserva a escala das volumetrias próximas e respeita as características dos arruamentos envolventes como cria, a norte, uma fachada “assumidamente bidimensional, de desenho quase provocatório” e, no tardoz, uma tridimensionalidade organizada em torno de um pátio aberto.

Além disso, no interior, explica o comunicado, é capaz de adaptar os espaços ao “seu ligeiro empeno”, tentando tirar partido do “desvio geométrico e, com base em traçados reguladores que dele derivam, [para] criar relações e tensões entre os vários espaços do edifício”. Neste contexto, o dispositivo entrada – escada – chaminé também sobressai pela forma como cria fluidez no interior, ampliando a vivência e aglutinando outros elementos.

A obra de Ricardo Leitão e Rita Furtado apresenta ainda, segundo o dst e a Ordem dos Arquitectos, “uma atitude onde a criatividade está intimamente ligada ao rigor e ao sentido do que pode e deve ser o espaço de habitar”, criando um grande valor arquitectónico”, “sem recurso a qualquer tipo de exibicionismo fácil”.

O projecto foi selecionado de um conjunto de 31 candidaturas por unanimidade por um júri composto por Sergio Fernandez, que presidiu o Prémio, e por Sofia Isidoro, Ana Vaz Milheiro, Inês Vieira da Silva e Egas José Vieira. Recorde-se que o Prémio Manuel Graça Dias – Primeira Obra foi lançado pelo grupo dst e pela Ordem dos Arquitectos, em Outubro do ano passado, com o objectivo de reconhecer a inventividade, as boas práticas e as considerações ambientais presentes em arquitectos com formação recente, bem como para homenagear o arquitecto Manuel Graça Dias.

Prémio atribuiu ainda menções honrosas

Além de distinguir o projecto vencedor, o júri assinalou três menções honrosas, nomeadamente o projecto “Casa-Atelier”, o segundo mais votado, e, em ex aequo, as obras “Edifício General Silveira” e “Casa com Muitas Caras”. O primeiro, da autoria da arquitecta Maria João Rebelo, diz respeito a uma renovação que articula, através de “recursos plásticos e espaciais” o confronto entre o novo e o pré-existente. 

Já o “Edifício General Silveira”, de Tiago Antero e Vítor Fernandes, apresenta-se como uma intervenção que resolve um problema de acessos diferenciando-se pela segurança e pela inventividade. A candidatura “Casa com Muitas Caras”, de Ana Luísa Soares, refere-se, por sua vez, a uma experiência que tanto é muito caracterizada do ponto de vista plástico como questiona a adopção de soluções estereotipadas, identifica o comunicado.

Fotografias: © Francisco Ascensão