Elisabete Martins, gestora do Portugal Smart Cities Summit 2024, perspectiva a 10.ª edição do evento das cidades inteligentes, que decorrerá entre 8 e 10 de Outubro, na FIL – Feira Internacional de Lisboa.

 

O Portugal Smart Cities Summit (PSCS) do ano passado teve a maior participação de sempre. O que esperam nesta próxima 10.ª edição? 

A expectativa para a 10.ª edição do PSCS é muito optimista, na medida em que as empresas têm estado a confirmar a presença a um bom ritmo. O objectivo do PSCS é afirmar-se como o evento líder [na área] das smart sities em Portugal. Enquanto marketplace do sector, o PSCS é um espaço vocacionado para a concretização de negócios e para o desenvolvimento de novas parcerias. Serão introduzidas novas dinâmicas nesta edição, com o propósito de dinamizar encontros de negócios entre os vários players do sector, tais como ferramentas de matchmaking e espaços para o efeito.

 

Empresas e autarquias estão muito sensibilizadas para este tema. O que falta para se envolver mais cidades?

O crescente interesse de empresas e autarquias pelo conceito de cidades inteligentes é um sinal positivo do progresso que estamos a fazer. Contudo, para envolvermos ainda mais cidades, é fundamental potenciar plataformas como o PSCS, que vem sendo determinante neste percurso de transferência de conhecimento e tecnologia. Este evento destaca-se como o ponto de encontro indispensável para os municípios, permitindo-lhes fortalecerem o seu posicionamento como cidades inteligentes e facilitarem a criação de redes estratégicas com fornecedores, parceiros, investidores e o público em geral. O PSCS tem registado um aumento significativo na participação de municípios e técnicos municipais, o que nos deixa optimistas quanto ao caminho que estamos a trilhar. A apresentação de projectos inovadores e sustentáveis de inteligência urbana por parte dos municípios no evento tem sido um factor-chave para tornar as cidades mais atractivas para investidores, especialmente para aqueles que procuram regiões inovadoras e economicamente viáveis. As conferências têm atraído cada vez mais participantes, oferecendo conteúdos relevantes e práticos, desde informações essenciais para a implementação de projectos até à disponibilização de ferramentas de financiamento, como as previstas no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), entre outros apoios disponíveis. Uma das novidades que estamos a lançar é a Loja do Município, um espaço onde as autarquias poderão divulgar os seus serviços diferenciadores, alcançando directamente o público, empresários e profissionais de diversos sectores que participam no evento e o visitam. A presença do município de Guimarães, que se destaca como Cidade Convidada e Capital Verde Europeia, é um exemplo inspirador do impacto positivo que a adopção de práticas de inteligência urbana sustentável pode efectivamente ter. Esperamos que este exemplo sirva de inspiração a outras autarquias no sentido de estas se envolverem mais activamente nesta iniciativa.

 

Vamos poder contar com mais uma conferência Autarquias, Empresas e Cidadãos?

Sim, a conferência de abertura do PSCS, no dia 8 de Outubro, tem sido, e vai continuar a ser, Autarquias, Empresas e Cidadãos. Esta conferência é um dos pilares do evento, trazendo à mesa oradores de prestígio, incluindo representantes de municípios, empresas e entidades associativas nacionais e estrangeiras. Estamos a finalizar um programa que muito em breve será divulgado. Estamos a contar com a presença de centenas de autarcas, que terão a oportunidade de não só enriquecer o seu conhecimento através das conferências, mas também de explorar as mais recentes inovações e soluções apresentadas pelas empresas expositoras. Esta combinação de conteúdo estratégico e networking prático é essencial para fomentar colaborações e impulsionar o desenvolvimento das nossas cidades.

 

Quais os maiores destaques em termos de temas e participação no ciclo de conferências?

Neste ano, o ciclo de conferências será especialmente rico, abordando temas que reflectem o contínuo avanço tecnológico e a inovação nas smart cities. Entre os tópicos em destaque, exploraremos as mais recentes regulamentações e políticas públicas, além dos novos desafios em áreas críticas como sustentabilidade, segurança, e interoperabilidade com outras áreas essenciais para a construção de cidades inteligentes. Ao longo de três dias intensos, destacam-se várias iniciativas. A conferência Autarquias, Empresas e Cidadãos abrirá o evento, marcando o tom para uma programação diversa e aprofundada. Entre as iniciativas de relevo, podemos destacar O Pacto com as Autarquias, promovida pela ADENE, e a Waste 2 Business, uma iniciativa da APEMETA [Associação Portuguesa de Empresas de Tecnologias Ambientais] com foco especial no sector de ambiente e gestão de resíduos. Uma das grandes novidades deste ano é o Security Summit, que conta com a colaboração da APSEI [Associação Portuguesa de Segurança]. Este summit será um ponto alto, abordando as mais recentes tecnologias de segurança electrónica aplicadas às cidades inteligentes. Além disso, será uma oportunidade para discutir como a inteligência artificial está a ser utilizada para fortalecer a segurança em ambientes urbanos, promovendo uma troca valiosa de conhecimento e experiências. Outros temas de grande relevância também serão debatidos, incluindo financiamento, ESG (Environmental, Social, Governance), energia, reabilitação urbana, mobilidade, IoT, alterações climáticas, gestão da água e resíduos, economia verde e circular, inteligência artificial, cibersegurança, big data, entre muitos outros. Esses temas são essenciais para enfrentar os desafios complexos das cidades modernas, promovendo um desenvolvimento urbano mais sustentável, seguro e resiliente.

 

Os prémios deste ano destinados a distinguirem projectos de inovação e soluções de inteligência urbana abordam que categorias?

Os Prémios Portugal Smart Cities – António Almeida Henriques visam distinguir projectos inovadores, sustentáveis, eficientes e soluções de inteligência urbana. Podem apresentar candidaturas comunidades intermunicipais, municípios e juntas de freguesia que estejam orientados para a implementação com sucesso de projectos sustentáveis e eficientes e para a criação de soluções de inteligência urbana nas seguintes categorias elegíveis para esta edição:

  • Neutralidade carbónica – Projectos e iniciativas desenvolvidos à escala local que contribuem de forma efectiva para o cumprimento das metas de descarbonização na União Europeia (neutralidade carbónica em 2050).
  • Mobilidade – Estratégias aplicadas à promoção da adopção do transporte público (em detrimento do transporte individual), da mobilidade activa, incluindo suave.
  • Espaço público – Projectos e iniciativas criadores de espaços públicos que promovam o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas favorecendo a interacção social.
  • Turismo inteligente – Estratégias de promoção de boas experiências de visitação e melhor governação de territórios sujeitos a pressão turística, quer procurando aumentar a oferta de espaços alternativos, quer apostando numa melhor gestão dos locais já sobrecarregados devido à elevada procura.
  • Saúde e bem-estar – Projectos e iniciativas que apostem na mudança de hábitos e comportamentos e sejam capazes de promover de forma pró-activa a saúde e o bem-estar da população em geral e dos grupos mais vulneráveis em particular.
  • Transformação digital – Projectos de digitalização organizacional das autoridades locais capazes de promoverem uma maior eficiência dos processos internos e um melhor serviço aos cidadãos e às empresas.
  • Reabilitação urbana sustentável e inteligente – Projectos e iniciativas de revitalização e renovação de áreas urbanas, de forma a melhorar o seu desempenho ambiental, social e económico.

As candidaturas são feitas através do website oficial do evento – portugalsmartcities.fil.pt – até ao próximo dia 13 de Setembro. A Cerimónia de entrega dos prémios terá lugar no dia 8 de Outubro, na FIL.

 

Quais as principais novidades nesta edição?

A edição de 2024 traz várias novidades que reflectem a evolução do PSCS e o compromisso de ser uma plataforma dinâmica para a inovação nas smart cities. No espaço de exposição, os visitantes poderão conhecer as mais recentes inovações em áreas cruciais como as que foram referidas anteriormente. Com isso, o evento reforça a sua posição como um verdadeiro marketplace, onde as soluções mais avançadas para cidades inteligentes são apresentadas e discutidas. O programa de conferências será igualmente vasto e enriquecedor, contando com a participação de especialistas nacionais e internacionais que irão debater os grandes temas e desafios que moldarão o futuro das smart cities nos próximos anos. Um dos pontos altos será a conferência Autarquias, Empresas e Cidadãos, no dia 8 de outubro, que reunirá um grande número de autarcas. Esta conferência será seguida pela Cerimónia de Entrega dos Prémios PSCS – António Almeida Henriques, que está agora na sua segunda edição e que visa reconhecer as melhores práticas no desenvolvimento urbano inteligente. Outro destaque, como já referido, será o Security Summit. Este espaço promoverá a troca de conhecimento e experiências entre os participantes, um aspecto essencial para o desenvolvimento de cidades mais seguras e resilientes. Para fomentar a proximidade entre empresas e municípios, vamos lançar, neste ano, o Espaço do Município, um local onde os visitantes poderão interagir directamente com as diferentes áreas de actuação dos municípios envolvidos. Além disso, as empresas presentes no evento terão a oportunidade de agendar reuniões B2B com autarcas ou responsáveis municipais através de uma plataforma de agendamento específica, o que facilita a criação de parcerias estratégicas. Por fim, temos a honra de anunciar a presença de Guimarães como Cidade Convidada e Capital Verde Europeia, reforçando o nosso compromisso com a sustentabilidade e a inovação urbana.

 

Como sentem o mercado a evoluir?

O mercado das smart cities está em verdadeira ascensão. São inúmeros os projectos implementados e outros estão em desenvolvimento. A par da inovação tecnológica, temos assistido a políticas públicas favoráveis, como o Portugal 2020 e o PRR, que englobam fundos para a digitalização e sustentabilidade urbana, ou as estratégias de mobilidade eléctrica com impacto na redução de emissões de carbono. É com grande expectativa que assistimos a projectos e infraestruturas com verdadeiro impacto na qualidade de vida dos cidadãos, tais como sistemas de gestão de tráfego inteligentes, de iluminação pública inteligente ou de gestão de resíduos. O tecido empresarial apresenta, no que reporta a start-ups, um dinamismo ímpar que tem criado soluções de IoT, plataformas de gestão urbana, etc. A par do crescimento das cidades inteligentes, surgem preocupações de segurança e privacidade, integração de sistemas ou da continuidade do investimento sustentado, assente nas políticas públicas favoráveis ao desenvolvimento das smart cities.

 

Esta entrevista foi originalmente publicada na Edição nº 155
da Edifícios e Energia (Setembro/Outubro 2024)