No seguimento da publicação do relatório sobre o Estado da União da Energia, o sector solar térmico apela aos decisores políticos para que seja dada mais prioridade às fontes de calor descarbonizadas e um maior apoio às tecnologias limpas produzidas na União Europeia (UE). 

“Com o aquecimento e arrefecimento a representar metade do consumo de energia da UE, os decisores políticos não podem continuar a ignorar o papel e a importância das tecnologias de aquecimento e arrefecimento renováveis, como o solar térmico. Esta utilização maciça de energia é um pilar sine qua non para alcançar com êxito os objectivos da União da Energia”. A citação pertence à Solar Heat Europe, que, juntamente com os seus membros, reagiu em comunicado ao relatório recentemente lançado sobre o Estado da União da Energia. 

Embora a associação que representa a energia solar térmica demonstre apoio às metas europeias no que diz respeito a uma maior competitividade, segurança e descarbonização, é feito um alerta para a “preocupante e contínua falta de atenção dada ao aquecimento e arrefecimento, em geral, e ao solar térmico, em particular”. 

O relatório salienta que houve progressos “modestos” na utilização de energias renováveis no aquecimento e arrefecimento, comparativamente com o sector da electricidade, passando de 18,6% em 2012 para 24,9% em 2022. Ainda assim, a Solar Heat Europe indica que “não foram tomadas medidas específicas para acelerar a descarbonização do sector do aquecimento”. A esta situação acrescenta o facto de “continuar por explorar” o potencial das fontes de aquecimento renováveis, como é o caso da energia solar térmica, “orgulhosamente fabricada na Europa”. 

Relativamente ao pacote legislativo Fit for 55 – e em especial ao Mandato Solar presente na Directiva sobre o Desempenho Energético dos Edifícios (EPBD), que incentiva a instalação de tecnologias solares nos telhados europeus – o sector solar térmico elogia mais uma vez estas iniciativas, referindo que “uma implementação bem-sucedida deste pacote é agora fundamental a nível nacional”. 

“Mais pode e deve ser feito” 

A questão da revisão dos Planos Nacionais de Energia e Clima (PNEC) não foi deixada de parte. No comunicado, é mencionado que estes documentos a apresentar pelos Estados-Membros devem contemplar uma maior atenção à descarbonização do sector do aquecimento. 

A Solar Heat Europe assume também uma posição relativamente à indústria europeia de tecnologias limpas: “a competitividade é parte integrante da União da Energia, sendo fundamental para alcançar os seus objectivos em termos de segurança energética e descarbonização”, lê-se no comunicado. 

O sector defende que a UE deve estimular a sua capacidade de fabrico de tecnologias de emissões líquidas nulas – incluindo aquelas em que sofre graves dependências estratégicas – para satisfazer a procura crescente resultante das ambições climáticas europeias. Por outro lado, devem ser tomadas medidas “decisivas” para incentivar uma implantação mais rápida das tecnologias de emissões líquidas nulas que já são fabricadas na Europa, “no sentido de se concentrar nas tecnologias em que a UE tem uma posição de liderança ou em que existe um argumento estratégico para desenvolver a capacidade interna”. 

Fornecer energia descentralizada 

Como salienta o relatório sobre o Estado da União da Energia, à medida que o processo de electrificação vai avançando, existe um maior risco de “estrangulamento” da capacidade da rede eléctrica. Para evitar que tal aconteça, a Solar Heat Europe destaca o solar térmico como uma opção descentralizada de calor que pode ajudar a aliviar uma possível sobrecarga na rede eléctrica: “as tecnologias solares térmicas não só são independentes da rede, como também integram, por defeito, o armazenamento de energia térmica, o que oferece um grande potencial de flexibilidade do lado da procura e pode também contribuir para a eficiência com outras tecnologias limpas”, conclui a Solar Heat Europe no seu comunicado. 

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