A União Europeia (UE) lançou a versão mais recente do Modelo Digital de Edifícios (DBSM R2025), uma ferramenta que combina dados geoespaciais de alta precisão com indicadores energéticos. Desenvolvido pelo Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia (Joint Research Centre – JRC), o modelo visa apoiar a implementação de políticas sustentáveis no sector da construção e acelerar a transição energética em todo o continente. 

Com uma cobertura abrangente dos 27 países da UE, incluindo regiões como Açores, Madeira e Ilhas Canárias, o DBSM distingue-se pela sua capacidade de representar com detalhe características como altura, tipo de uso, compactação urbana e ano estimado de construção de milhões de edifícios. Esta base de dados aberta e acessível está a tornar-se essencial para decisores políticos, autoridades locais, urbanistas e promotores imobiliários. 

Ao disponibilizar uma visão homogénea do parque construído europeu, o modelo permite não só avaliar a eficiência energética de edifícios individuais, como também enfrentar desafios mais amplos, como o planeamento urbano, a gestão de infraestruturas, a integração de fontes de energia renovável, e até a resposta a riscos de catástrofe. A possibilidade de realizar comparações entre cidades e regiões oferece uma base sólida para a definição de políticas públicas eficazes. 

A mais recente versão, o DBSM R2025, apresenta melhorias significativas na precisão dos polígonos que representam os edifícios, fruto da integração de dados de satélite e bases de dados oficiais e científicas. O resultado é um modelo mais detalhado e robusto, com atributos derivados como altura, uso do solo, densidade de construção e antiguidade dos imóveis, factores que contribuem para orientar políticas de renovação energética, habitação acessível e desenvolvimento urbano sustentável. 

Para garantir a fiabilidade do modelo, o DBSM R2025 foi submetido a um rigoroso processo de validação cruzada, envolvendo comparação com dados de satélite, mapas comunitários como os do Eurostat (Gisco) e testes de coerência espacial com base no índice NDI (Normalised Difference Index). Um estudo de caso conduzido na cidade de Turim, em Itália, mostrou um grau elevado de precisão nas medições de superfície, com uma diferença de apenas 2,87% em relação aos dados regionais e de 15,88% em relação aos dados municipais mais detalhados. 

Na consolidação final do modelo, cerca de 1,2% dos edifícios foram identificados como duplicados ou sobrepostos e, por isso, eliminados. Também foram descartados registos com áreas inferiores a 5 metros quadrados, geralmente correspondentes a estruturas não habitacionais, como anexos ou vegetação. 

Apesar dos avanços, o modelo ainda enfrenta desafios metodológicos, principalmente relacionados com a heterogeneidade e actualização dos dados oficiais nos diferentes Estados-Membros. Em algumas regiões, foram detectadas inconsistências na representação de espaços comuns ou desfasagens temporais que afectam a precisão do modelo. 

Para colmatar estas lacunas, estão previstos reforços nas fontes de dados, incluindo a integração de mais recursos do catálogo Gisco da Eurostat, e o uso de inteligência artificial para aprofundar elementos como consumo energético, tipo de cobertura e uso específico dos edifícios.

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