Uma engenheira e uma matemática portuguesas estão na recta final dos Prémios Europeus de Energia Sustentável, que distinguem os melhores projectos e profissionais com impacto positivo para a transição energética sustentável na Europa. Dos 12 finalistas, quatro serão seleccionados como vencedores, através de uma votação pública, aberta até dia 18 de Setembro.
A Agência Executiva Europeia do Clima, da Infraestrutura e do Ambiente anunciou, nesta terça-feira, os 12 finalistas dos Prémios Europeus de Energia Sustentável. Com um foco na promoção da energia limpa, segura e eficiente, o galardão distingue agentes de mudança em quatro categorias: Inovação, Acção de Energia Local, Mulher na Energia e Young Energy Trailblazer. E, nestas duas últimas, há duas mulheres portuguesas a disputarem o prémio – Andreia Carreiro e Carla Silva Gonçalves, respectivamente.
Andreia Carreiro
Quem é a Mulher na Energia de 2022? A resposta é uma de três: Britta Schaffmeister, CEO do Centro Neerlandês de Energia Marinha, Apostolina Tsaltampasi, presidente e fundadora de uma comunidade energética grega composta exclusivamente por mulheres (WEnCoop), ou Andreia Carreiro, que, enquanto co-fundadora da Women in Energy Portugal, procura colmatar as diferenças entre homens e mulheres no sector energético, e, enquanto co-fundadora da start-up Kinergy, contribui para a transição energética acessível nas ilhas dos Açores. A finalista portuguesa é também Strategic Projects, Innovation & Energy Policy Advisor na Cleanwatts.
Na transformação dos sistemas energéticos locais, nomeadamente em áreas vulneráveis às alterações climáticas nos Açores, teve ainda um papel importante enquanto Directora Regional da Energia dos Açores, em cujo cargo liderou o caminho para a autonomia energética das ilhas apostando em mobilidade eléctrica e em sistemas energéticos descentralizados, descarbonizados e digitalizados.
“Tive a oportunidade de colocar a energia na agenda pública. Elaborámos a primeira legislação que introduziu a mobilidade eléctrica, por exemplo. Agora, é possível ver estações de carregamento de veículos eléctricos nas ilhas ou aproveitar os incentivos governamentais para comprar um veículo eléctrico”, descreve a portuguesa, que também já foi Conselheira de Energia do Vice-Ministro e Secretário de Estado da Energia.
Carla Silva Gonçalves
Na categoria Young Energy Trailblazer, que reconhece pessoas com menos de 35 anos que inspiram a mobilização climática e energética, é a matemática Carla Silva Gonçalves, que disputa o prémio com Timea Farkas, cujo trabalho na área de Engenharia se foca na poupança de energia e em formas de replicar e maximizar resultados de projectos, e com Marie Jeanmougin, também engenheira e que está a desenvolver uma blueprint para renovações em edifícios com alto impacto para promover a eficiência energética a nível local.
Com 30 anos, a investigadora portuguesa do INESC TEC está entre as finalistas, graças ao seu trabalho no desenvolvimento de modelos matemáticos que permitem reduzir erros de previsão da produção de energia eléctrica de base renovável. Este trabalho, explica Carla Silva Gonçalves, ajuda a “garantir o balanço entre a produção e o consumo”, em sistemas eléctricos com forte participação de renováveis, e a maximizar o impacto de redes de energia eólica e solar. Para a finalista, “métodos matemáticos muito sofisticados são essenciais para construir os sistemas energéticos do futuro”, superando os desafios subjacentes às energias renováveis, como a variabilidade meteorológica.
Votação pública decide vencedores
Os 12 finalistas, entre os quais se encontra ainda um projecto com contributo português que apoia autoridades locais a planear o clima e a energia a longo prazo (na categoria Acção de Energia Local), vão agora ser submetidos a uma votação pública, on-line e aberta até dia 18 de Setembro.
Os projectos e profissionais que obtenham maior número de votos serão anunciados como vencedores no dia 26 de Setembro, durante o primeiro dia da Semana Europeia de Energia Sustentável (EUSEW) 2022, onde estarão presentes os membros do júri e Kadri Simson, a comissária europeia da Energia.
Este artigo foi originalmente publicado na revista Smart Cities, aqui.