Uma procura crescente por equipamentos com funcionalidades de auto-limpeza, ventilação e purificação do ar estão a dar um novo fôlego ao sector do AVAC nos segmentos residencial e não-residencial. A conclusão da BSRIA tem como base um novo inquérito ao mercado mundial e confirma que, embora a pandemia tenha afectado as vendas, as novas oportunidades de negócio ligadas à qualidade do ar interior (QAI) estão a consolidar-se.
Com base na resposta de fabricantes de sistemas AVAC e distribuidores em 20 dos principais mercados mundiais, a consultora britânica BSRIA espera que esta procura seja uma tendência a manter, estando já a levar as marcas a “lançar novas gamas de produtos”. Não obstante os efeitos negativos causados pela pandemia de Covid-19, que, nos primeiros meses do ano, interrompeu as cadeias de fornecimento e produção um pouco por todo o mundo e levou a quedas de vendas abruptas, as novas oportunidades de negócio têm servido para atenuar os estragos, diz a BSRIA.
A preocupação com o ar interior é transversal aos vários segmentos: nas aplicações comerciais, sistemas que visem a QAI estão a ganhar importância, com os DOAS (Dedicated Outdoor Air System) a assegurar a introdução de maiores volumes de ar, e uma maior procura por funcionalidades como filtragem de ar reciclado e limpeza de dutos. Adicionalmente, sensores e comandos integrados em sistemas de automação e controlo de edifícios registaram também um maior interesse, com vista à monitorização da qualidade do ar e detecção de anomalias.
De forma geral, segundo apurou a BSRIA, a venda de equipamentos tradicionais nos mercados de projectos não-residenciais de média/grande dimensão sofreu uma queda acentuada. Os mercados em que predomina o pequeno comércio, como lojas de retalho, cafés, restaurantes, hotéis e lazer, e nos quais os grandes sistemas split (< 5kW) e VRF são comuns, foram os mais afectados.
Todavia, a queda nas vendas na indústria de hospitalidade foi parcialmente compensada por um aumento da procura de equipamentos para edifícios destinados a cuidados de saúde, nos quais os sistemas VRF e DOAS foram instalados para responder às exigências de ventilação. Actualmente, diz a consultora, o mercado regista um aumento da procura destes equipamentos para escritórios, onde a necessidade de rever o tema da QAI e de garantir uma renovação suficiente do ar está entre as prioridades. A registar ainda um crescimento na área da logística/armazéns, o que se justifica com o crescimento das vendas on-line, e no sector da educação, já que alguns países optaram por atribuir estímulos para investimentos nesta área.
Mas não foi apenas a QAI a representar uma nova oportunidade e outras mudanças trazidas pela crise sanitária abriram possibilidades inesperadas ao sector. É o caso do teletrabalho, que, em particular no mercado europeu, levou a um crescimento nas vendas de sistemas domésticos. Com a chegada do tempo quente, muitos consumidores optaram por investir na compra destes equipamentos, face à poupança que conseguiram fazer em transportes e actividades de lazer durante o confinamento. Para além disso, a venda de equipamentos domésticos on-line aumentou ligeiramente, como aliás aconteceu com vários outros produtos.
Estes dados fazem parte do estudo de mercado mundial de AVAC da BSRIA publicado em Setembro e analisa o desempenho do sector durante este ano, assim como as previsões para os próximos cinco anos.