Após cinco anos a implementar soluções sustentáveis de cidades inteligentes através do projecto GrowSmarter, as cidades de Barcelona (Espanha), Colónia (Alemanha) e Estocolmo (Suécia) reuniram-se com os seus parceiros no passado dia 3 de Dezembro, em Estocolmo, para partilhar as ideias e os resultados mais relevantes do projecto, que agora terminou.
Com vista à criação de bairros de baixo consumo de energia, o desenvolvimento de modelos de negócio não tradicionais e de modelos de contratos inovadores de serviços de energia vai ser crucial para o sector da reabilitação. Esta é uma das recomendações que resultam dos cinco anos de trabalho do projecto europeu GrowSmarter. A iniciativa uniu três cidades farol e indústria para demonstrar e integrar “12 soluções de cidades inteligentes” nas áreas da energia, infra-estruturas e transportes, mostrando a outras cidades como estas funcionam, na prática, e como podem ser replicadas.
Para o desenvolvimento deste projecto, as três cidades farol, Barcelona, Colónia e Estocolmo, foram fornecendo aos seus parceiros, por toda a Europa, informações relevantes sobre como estas soluções funcionam na prática, assim como as suas oportunidades de replicação. Os resultados alcançados incluem a reabilitação de mais de 130 000 m2 de área edificada, através da utilização de tecnologias energeticamente inteligentes e eficientes; a implementação de uma vasta gama de soluções de mobilidade sustentável e a ligação da infra-estrutura urbana a soluções, através da exploração da Internet of Things (IoT). Com tudo isto, as cidades alcançaram reduções de CO2 de 30 a 70 % em edifícios totalmente reabilitados, poupanças de energia superiores a 8GWh e implementação de dados urbanos e plataformas de gestão inteligente para gerir os sistemas locais de energia.
O GrowSmarter foi desenvolvido ao longo de cinco anos, com as 12 soluções a abrangerem três áreas de acção: bairros com baixo consumo de energia; infra-estruturas integradas e mobilidade urbana sustentável.
Para os bairros, o principal desafio foi reduzir o consumo de energia, o impacto ambiental e a pegada de carbono, uma vez que os edifícios actualmente existentes desempenham um papel relevante no consumo de energia (40 % da procura final de energia da União Europeia). Esse facto realça a necessidade de soluções de renovação acessíveis e sustentáveis, em larga escala. Neste caso, o ponto de partida das acções é o próprio edifício e o foco em combinações inteligentes e aperfeiçoamento das soluções de mercado tanto para edifícios e bairros já existentes, como para novos. Umas das conclusões a que o projecto chegou, no que toca ao aumento do número de bairros com baixo consumo de energia, é que as pessoas devem ser colocadas no centro de toda a acção. A educação nesta matéria é considerada tão importante quanto a implementação de medidas de eficiência energética, de modo a tornar os utilizadores dos edifícios pessoas conscientes da importância que os bairros com baixo consumo de energia têm no desenvolvimento das cidades.
Uma vez que o sector da construção enfrenta um grande desafio para reduzir quase 90 % das emissões de edifícios até 2050, há novas medidas e soluções inovadoras que devem ser rapidamente implementadas. Como tal, as estratégias de modernização de edifícios não devem apenas abordar a renovação das suas estruturas, mas também a melhoria do desempenho energético. Ficou provado, com este projecto, que a renovação energética de um edifício traz benefícios visíveis, mas também invisíveis tanto para o proprietário, como para os utilizadores finais e para a sociedade. Alguns desses benefícios passam pela poupança de energia, dinheiro e emissões, aumento do valor da propriedade, criação de empregos no sector da construção e melhoria da qualidade do ar interior do edifício (e, por consequência, a poupança económica relacionada com a saúde). As acções de reabilitação energética dos edifícios também permitiram uma redução das emissões de CO2. Em Colónia, evitaram a emissão de 741 toneladas de CO2, por ano, em Barcelona, 396 toneladas, e, em Estocolmo, 251 toneladas.
A integração de infra-estruturas novas e já existentes é a segunda das três áreas de acção nas quais o projeto GrowSmarter se concentrou. Neste ponto, concluiu-se que a integração de redes de infra-estrutura, tanto activas como passivas (energia, transportes, comunicações ou outras), dentro e fora das cidades, deve ser mais valorizada, ao invés de se continuar a apostar na sua duplicação desnecessariamente.
Sobre a terceira área de acção, a mobilidade urbana sustentável, são apontadas diversas soluções, sendo tido como certo que uma mobilidade melhorada pode tornar as cidades mais atraentes e competitivas.
O projecto GrowSmarter, seleccionado no primeiro concurso “Cidades e comunidades inteligentes” do programa Horizonte 2020, teve como objectivo criar um mercado pronto para estas soluções inteligentes, para apoiar o crescimento e a transição para uma Europa inteligente e sustentável. Assim, as soluções desenvolvidas já foram compartilhadas com as cidades que estiveram a seguir o GrowSmarter de perto: Suceava (Roménia), Graz (Áustria), Porto (Portugal), Valletta (Malta) e Cork (Irlanda), e que estão agora a trabalhar para as replicar nos seus contextos, adaptadas às necessidades de cada uma.
As experiências e lições retiradas do GrowSmarter serão também compartilhadas com outras cidades europeias através do ICLEI – Local Governments for Sustainability, uma rede de mais de 1 750 governos locais e regionais comprometidos com o desenvolvimento urbano sustentável, e a European Smart Cities and Communities, uma iniciativa apoiada pela Comissão Europeia.