Até 2050, a electrificação dos sectores dos transportes, edifícios e indústria na Europa pode levar a uma redução de 60% nas emissões de gases com efeito de estufa. Para que tal aconteça, o sistema eléctrico terá de aumentar a sua capacidade de produção em cerca de 75 %. A conclusão está presente no recém publicado relatório Sector Couplin in Europe: Powering Decarbonization, da responsabilidade da financeira Bloomberg, detida pelo milionário Michael Bloomberg, em parceria com a Eaton, empresa norte-americana do sector da energia, e a Statkraft, empresa do sector hidroeléctrico detida pelo Estado norueguês.

Detalhando os passos necessários para que os legisladores impulsionem e facilitem a electrificação, o relatório, tornado público este mês, sugere o poder “significativo” que o “afastamento dos combustíveis fósseis” e a integração dos sectores dos transportes, indústria e edifícios na rede teria rumo à descarbonização dos sectores dos transportes, edifícios e indústria, destacando o potencial do aumento do peso da electricidade no mix energético da Europa até 2050.

Segundo o relatório, a electrificação dos três sectores pode dar-se através de mudanças directas, tais como a proliferação de veículos eléctricos e de bombas de calor em edifícios, e indirectas, através do crescimento da utilização de “hidrogénio verde”. A remoção de barreiras à produção deste hidrogénio e a integração de incentivos e requisitos para redução de emissões nos edifícios, assim como o envolvimento dos consumidores de energia e sociedade civil no processo de electrificação, são algumas das mudanças sugeridas aos decisores políticos pelo documento. O relatório avisa, contudo, que este processo de electrificação possa requerer um aumento de 75% na capacidade de geração de energia eléctrica até 2050.

Ao integrarem-se estes sectores no sistema eléctrico, as emissões resultantes das suas actividades podem diminuir em 60 % no decorrer das próximas três décadas, “o que significaria uma redução de 71 % em relação a valores de 1990”, lê-se no relatório. Apesar de ressalvar que a electrificação destes sectores “pode aumentar a emissão de gases com efeito de estufa no sector da produção de energia eléctrica”, já que “serão necessárias mais centrais” abastecidas por combustíveis fósseis para “proporcionar flexibilidade suficiente ao sistema”, o relatório prevê que as emissões da economia europeia acabem por ser “significativamente mais baixas”. Esta importante descida será motivada, segundo o relatório, pelo diminuição do uso de combustíveis fósseis nestes sectores.

Se este cenário se concretizar, tal pode significar, em 2030, uma descida das emissões de 63 %, relativamente a níveis de 1990, o que significaria exceder as metas definidas pela União Europeia, que definem para uma redução de 40 %. O relatório assinala o facto de, assim, a redução na emissão de gases com efeito de estufa poder chegar aos 83% em 2050 (face a níveis de 1990).

O relatório pode ser consultado aqui.