Os dados agora revelados pela consultora britânica BSRIA mostram que, em 2023, as vendas na maioria dos segmentos de mercado diminuíram ligeiramente, mas o crescimento registado no segmento de bombas de calor compactas impediu o declínio global do mercado. 

No ano passado, foi na Europa que se registou o cenário mais desanimador. Após um grande crescimento do mercado em 2022, as expectativas dos fornecedores saíram defraudadas. A procura foi inferior à prevista e registaram-se quedas significativas nas vendas em Itália e na França, dois dos maiores mercados europeus de bombas de calor. Também a redução da procura na Finlândia e na Polónia contribuiu para o abrandamento deste segmento de mercado. 

O panorama europeu das bombas de calor 

Olhando para os vários sistemas de bombas de calor, em 2023, as bombas de calor compactas emergiram como a grande aposta dos consumidores: as vendas globais na Europa cresceram 17% no ano passado. Segundo a BSRIA, este aumento poderá ser explicado pela sua maior facilidade de instalação – os componentes de uma bomba de calor compacta estão todos contidos numa única unidade. 

Por outro lado, as vendas de bombas de calor split – semelhantes ao ar condicionado e compostas por duas unidades distintas, uma no interior e outra no exterior – diminuíram 20%. 

O top 3 de vendas de bombas de calor ficou completo com as bombas de calor para aquecimento de águas (AQS). Estas registaram um declínio nas vendas “uma vez que os clientes estavam a mostrar a sua preferência por unidades combinadas, que fornecem aquecimento ambiente e água quente sanitária”, refere a consultora britânica. 

Já as vendas de bombas de calor híbridas (conjunto de bomba de calor + caldeira a gás) têm crescido de forma constante nos últimos anos. A Itália emergiu como o mercado mais importante para estas unidades, contudo, em 2023, o mercado italiano registou um forte declínio nas vendas, o que fez baixar o número total de vendas de bombas de calor híbridas. Ainda assim, a BSRIA salienta que todos os outros mercados europeus registaram um maior crescimento neste segmento. 

O que contribuiu para este cenário? 

A maior parte dos países europeus tem sido confrontada com cenários adversos: o aumento do custo de vida, as persistentes taxas de juro elevadas e as preocupações políticas (em especial dos países vizinhos da Ucrânia e da Rússia) tornaram os consumidores mais cautelosos. “A redução do apoio financeiro e as oscilações políticas nalguns países também não ajudaram à confiança dos consumidores”, considera a consultora britânica, acrescentando que os preços elevados da electricidade mantiveram-se, o que reduz o incentivo económico para o utilizador final.  

O caminho que se avizinha 

Conhecidos os dados de 2023, começam a ser traçadas as expectativas para este ano. A BSRIA avisa que as expectativas para 2024 devem ser modestas, embora as perspectivas a longo prazo para as bombas de calor sejam positivas. Várias mudanças se avizinham, sendo este um ano de eleições em muitos países, incluindo as eleições para o Parlamento Europeu já no próximo mês de Junho.  

No entanto, a BSRIA salienta que o mercado de bombas de calor tem sido impulsionado e moldado por algumas decisões, tais como “os requisitos de eficiência energética cada vez mais rigorosos que fazem parte dos regulamentos relativos à construção”, os planos “ambiciosos” para acelerar a taxa de renovação em muitos países e os financiamentos ecológicos desenvolvidos pelos bancos para os proprietários de casas.  

É ainda referido que as bombas de calor já fazem parte dos modelos de negócio das empresas de energia e que a própria indústria está num processo de inovação para dar resposta aos obstáculos do mercado e às expectativas dos consumidores.

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