Mais de 530 pessoas participaram na 13.ª Conferência Passivhaus Portugal, que decorreu nos dias 21, 22 e 23 de Outubro. Um número que representa um crescimento de 20% face à edição anterior, comprovando o interesse crescente pelo padrão Passive House para a construção em Portugal. 

Durante dois dias, o Centro de Congressos de Aveiro reuniu projectistas, empresas, donos de obra, instaladores e instituições públicas para debater e abrir caminhos sobre o impacto real da construção Passive House na vida das pessoas, nos territórios e no futuro do sector. Com 68 apresentações nos workshops (projectos dos Passive House Designers e marcas parceiras) e 69 parceiros expositores, a conferência mostrou ser o principal ponto de encontro para quem quer construir bem em Portugal. 

A primeira sessão do Grande Auditório trouxe à conversa Marta Panão (FCUL), Joaquim Guedes (Ecoinside) e João Gavião (Homegrid) para reflectirem sobre o contributo do padrão Passive House para a resiliência da rede eléctrica. Num cenário de crescente produção renovável e instabilidade da rede, ficou evidente que a eficiência e o desempenho energético dos edifícios são peças-chave para uma transição energética sustentável — onde cada edifício deve ser parte da solução. Nesta sessão foram destacadas ainda duas ideias chave para contribuir para a resiliência da rede eléctrica: partilha e comunidade. 

Na segunda sessão, ouvimos o testemunho de quem vive diariamente numa Passive House. Inês Falcão (Danosa), João Vivas e Joana Cortinhas (moradores) e Maria Franca (Homegrid) partilharam na primeira pessoa a diferença que se sente e que não se vê: a qualidade do ar, a ausência de humidade, o silêncio e a estabilidade térmica foram temas recorrentes. “A sede da Danosa está junto à linha do comboio. Antes, o ruído era constante. Hoje, o barulho simplesmente desapareceu”, referiu Inês. Já Joana destacou as contas mensais: “Somos duas pessoas e dois gatos. No Verão, pagamos cerca de 20 euros de electricidade e, no Inverno, 28 euros”.

A terceira sessão levou-nos até Navarra, em Espanha, para conhecer um caso de aplicação do padrão Passive House à habitação social. Maitane Zazu, da empresa NASUVINSA, mostrou como a adopção do padrão elevou a bitola da construção pública na região, enquanto Carl Halbach, do iPHA, sublinhou o papel das Passive Houses sociais em todo o mundo como impulsionadoras de comunidades mais sustentáveis. A mensagem foi clara: conforto e eficiência não são um luxo — são uma necessidade, acessível com as decisões certas.

A quarta e última sessão do auditório colocou o foco na obra. “A Passive House obriga a pensar a construção desde o início com detalhe e rigor”, afirmou Vítor Marques, da CRPRO, empresa que está a desenvolver o primeiro edifício multifamiliar em Portugal com a ambição de vir a ser certificado Passive House. Ao seu lado, Jorge Alves (ConceitBase), Nuno Pereira (NunInstalldecor), Sofia Almeida (TUU) e David Rupino (Ordem dos Arquitectos – Secção Regional do Centro) falaram da importância de formar todos os intervenientes — desde o arquitecto ao instalador — e valorizar o sector da construção. Discutiu-se a escassez de mão de obra qualificada, a necessidade de mudar mentalidades, de planear melhor e executar com mais consciência. Nesta sessão foi também valorizada e reforçada a importância do projecto, como ferramenta essencial para construir bem. “Formar para construir melhor” foi a expressão desta sessão, tendo ficado patente a importância que o Passive House Center tem e terá para colmatar estas necessidades. 

Pela primeira vez a conferência teve um terceiro dia, dedicado exclusivamente a visitas guiadas a Passive Houses. Foram 14 visitas a 7 casas diferentes, acompanhadas pelos respectivos Passive House Designers, e que permitiram aos quase 100 participantes ver in loco as soluções discutidas e apresentadas nos dois dias anteriores.

A próxima edição já tem data marcada: 20, 21 e 22 de Outubro de 2026, no Centro de Congressos de Aveiro e em diferentes Passive Houses. 

Fotografia de destaque: © Associação Passivhaus Portugal