Com um crescimento a rondar os 20 % no primeiro semestre de 2019, a Daikin Portugal tem um novo administrador-geral da Daikin. O belga Jan Logghe assume assim o comando da empresa, dando continuidade ao trabalho deixado por Angela McGinlay. Continuar a fazer crescer as vendas é o desafio para o novo gestor, numa altura em que a Daikin dá um passo significativo para a economia circular com a utilização de gases recuperados.

Qual tem sido o seu percurso no sector do AVAC?
Comecei na Daikin, há dez anos, na divisão de Aquecimento, na sede europeia na Bélgica. Durante quatro anos, estive numa função mais relacionada com a gestão de produto. Analisávamos as necessidades para produtos de aquecimento do mercado europeu, e com base nessa avaliação, desenvolvíamos, juntamente com o departamento de projecto, I&D e inovação, e acompanhávamos as vendas desses equipamentos. Depois disso, estive envolvido no lançamento da nossa gama Split e trabalhei com a unidade de vendas de distribuição/exportação. Estive responsável pelos mercados de países escandinavos, Rússia, Médio Oriente e alguns países do Sul da Europa.

O que levou à sua escolha para dirigir a Daikin Portugal?
Depois dos cinco anos no departamento de vendas, a Daikin Europe e eu chegámos à conclusão de que esta nova função em Portugal seria um importante passo na minha carreira.

Como vê o mercado português?
Se olharmos para o lado económico, em particular, o PIB, vemos que houve um período de pico em 2017, com um crescimento de 2,5 %, agora, estabilizou um pouco, à volta de 1,8 %, o que continua a ser muito bom. Temos também consciência da importância do investimento estrangeiro, com programas como os Vistos Gold, os incentivos fiscais para pensionistas de outros países da União Europeia, ou seja, há muito capital a ser investido e uma boa parte vai para projectos de reabilitação e de nova construção, especialmente em Lisboa e Porto. Vemos também um grande boom no turismo e nas infra-estruturas de natureza comercial. Em termos gerais, temos uma construção em crescimento, que, depois de um pico de 9 % em 2017, deverá ter variação anual entre 5,5 a 7 % para os próximos dois anos. É, de facto, muito significativo face aos números da Europa, que estão entre os 1,5 – 2 %. Parece que há um pequeno abrandamento, mas é, ainda assim, um crescimento elevado.

Como é que a Daikin vai aproveitar esta oportunidade?
No geral, como empresa, temos vindo a crescer muito nos últimos três anos, havendo um recrutamento para reforçar todos os departamentos. Asseguramo-nos que o ambiente geral na empresa é perfeito – fizemos uma renovação da sede, damos formação aos colaboradores e fizemos alterações importantes em vários departamentos, nomeadamente o Consulting Sales. Para nós, os projetistas são parceiros da maior relevância no mercado e as mudanças que fizemos vão permitir dar-lhes um apoio e colaboração de maior proximidade.

“Queremos também reduzir a carga de fluidos frigorigéneos, utilizando soluções como permutadores de calor de microcanais, e a grande novidade é que começámos a usar refrigerantes recuperados, reciclados e regenerados, certificados por uma entidade externa, na fábrica Daikin Europe, em produtos da gama VRV + Série-S e VRV IV com recuperação de calor”.

Pretendem entrar em novas áreas?
Sim, investimos também em novas áreas de negócio. Somos conhecidos pelos nossos produtos de ar condicionado e aquecimento, e, agora, estamos a investir fortemente na área da refrigeração e chillers. Na refrigeração, já temos soluções diferenciadoras através da ZEAS e CVP, as unidades inverter para refrigeração, mas também fizemos um grande investimento com aquisições, como a Zanotti e a Tewis, que trabalha com CO2. Em Fevereiro deste ano, a Daikin Europe adquiriu a AHT, especializada em refrigeração e frio industrial na área do retalho alimentar, num investimento muito importante para nós na ordem dos 880 milhões de euros. Enquanto Daikin, temos o objectivo de cobrir todas as necessidades de refrigeração, naquilo a que chamamos “desde a quinta ao prato”. Na oferta de chillers, apostamos no desenvolvimento contínuo de produtos, com aquilo que são as necessidades do mercado. Estamos a investir muito nas nossas UTAs, não só no desenvolvimento de produto e soluções, mas no serviço testao por uma equipa especialista o que vai permitir um acompanhamento de maior proximidade aos nossos parceiros. No final do ano passado, começámos um serviço de rental de chillers e ao mesmo tempo com um serviço de monitorização remota – Daikin on Site.

Parece haver uma aposta grande nesta parte digital.
Na Daikin Portugal estamos muito focados no produto, soluções e serviços, e ainda na digitalização. Temos uma estratégia digital definida na qual estamos a investir. Dois dos exemplos disso são o E-Doctor, uma aplicação móvel para ajudar os nossos parceiros instaladores no diagnóstico de anomalias e operações de manutenção corretiva ou reparações, e o Stand By Me (SBM), uma combinação de ferramentas para a gestão , dimensionamento, parametrização e monitorização remota de instalações. Estamos a investir muito em ferramentas digitais que possam ajudar os nossos técnicos quer no local, quer remotamente, e temos ainda o showroom virtual, o portal para profissionais My Daikin, a biblioteca BIM e a loja on-line Daikin – que está a correr muito bem, com um terço das nossas vendas a serem feitas através desta plataforma.

Começámos por ter um Verão ameno. Quais as expectativas para o mercado português?
O tempo ameno [até finais de Julho] não nos deu um impulso nas vendas no sector residencial. Mas, se olharmos para o primeiro semestre, estamos muito optimistas internamente com os resultados. Crescemos quase 20 %, e as nossas expectativas para o segundo semestre são as de conseguir números semelhantes de crescimento. Estamos muito positivos com as projecções e com os projectos que se aproximam. Contamos também com o grande apoio para este crescimento dos nossos produtos de aquecimento, como a bomba de calor Daikin Alterma HT.

Qual é o maior desafio que têm pela frente?
A questão ambiental e todas as regulamentações adicionais relacionadas com os F-gases. São um grande desafio. A temática ambiental sempre foi muito querida à Daikin e, por isso, é algo que está na nossa filosofia corporativa. Apoiamos todos os regulamentos para os F-gases, contando estar sempre um passo à frente com soluções que cumprem e antecipem estes requisitos regulamentares. Fomos os primeiros a lançar, em 2012, uma unidade com R32 e, hoje, praticamente toda a nossa gama Split, Sky Air, Daikin Altherma e também chillers usa R32. Lançámos também os chillers com o refrigerante HFO R1234ze, com uma redução de 95 % no GWP [potencial de aquecimento global]. Tudo isto é muito importante para nós, mas sabemos que não há uma única solução para todas as aplicações e, por isso, tentamos encontrar o melhor fluido frigorigéneo para cada aplicação. Queremos também reduzir a carga de fluidos frigorigéneos, utilizando soluções como permutadores de calor de microcanais, e a grande novidade é que começámos a usar refrigerantes recuperados, reciclados e regenerados, certificados por uma entidade externa, na fábrica Daikin Europe, em produtos da gama VRV + Série-S e VRV IV com recuperação de calor.

Essa é uma grande novidade. Como estão a fazê-lo?
É um grande passo para nós no sentido de desenvolver a economia circular e, assim, minimizar o impacto dos nossos produtos no seu ciclo de vida. Estamos a lançar agora a iniciativa “Certified Reclaimed Refrigerant Allocation”, misturando gases virgens e gases recuperados, num processo altamente controlado para garantir a qualidade. Com isto podemos evitar a introdução no mercado de mais de 150 mil kg de gases virgens por ano, o equivalente a 300 mil toneladas equivalente ao CO2. Somos os primeiros a fazer algo assim e convidamos todos os nossos clientes a fazer parte deste movimento circular com a Daikin.