Para a EDP, a descentralização é inevitável. Nesta perda de negócio, “há uma enorme oportunidade”. Para António Coutinho, a electrificação renovável vai depender da velocidade da mobilidade eléctrica e só pode acontecer por efeitos do digital. A corrida ao modelo de negócio já começou. Será a EDP a ganhá-la?

 

A descentralização energética é inevitável. Concorda?

A descentralização no sector da energia vai ser inevitável sim, e os edifícios são uma peça chave. Para termos 95 % de descabornização em 2050, isso implica 70 % de electrificação na economia. Hoje, as “renováveis eléctricas” são as de maior escala e de custo mais baixo. Se a electricidade for totalmente renovável, apenas estamos a descarbonizar 20 e tal por cento do consumo energético. Temos de, primeiro, electrificar para, depois, descarbonizar. A beleza disto é que, quando electrificamos, produzimos no sentido do nosso consumo energético, porque toda a electrificação é mais eficiente. Um bom exemplo são os carros, onde reduzimos 3 a 5 vezes o consumo energético. É mais fácil descarbonizar os transportes. Quando falamos em aquecimento, sempre que electrificamos, estamos a ganhar. A utilização das bombas de calor são um bom exemplo pelo seu grau de eficiência bastante elevado.

Desde que os usos da energia sejam os correctos, porque podemos electrificar sem resultados eficientes.

Esse é um ponto importante. Mas, repare, o próprio conceito de eficiência energética (EE) vai alterar-se porque, até agora, a eficiência está ligada à redução de MWh (Megawatt-hora) e qualquer dia temos de falar em termos de MWh energéticos. Já desligamos, de facto, as luzes quando não as utilizamos. Só que, quando as nossas lâmpadas são de 4W, o valor dessa acção é relativamente marginal. Mudar o meu indicador térmico para eléctrico é completamente diferente. Estamos a falar num ganho 3 a 4 vezes superior em termos energéticos.

Refere-se também ao aquecimento de águas quentes sanitárias?

Exactamente, e ao aquecimento do ambiente interior. Temos de electrificar o transporte e o aquecimento. Quando tivermos abundância de energia renovável, porque esta é mais económica e mais competitiva, o importante é que o meu consumo se faça quando temos sol. A minha EE dá-se quando alinho o meu consumo com a minha produção. Até agora, a produção tem ido atrás do consumo.

Coloca-se a questão do armazenamento para que isso seja efectivamente possível.

Mas não só armazenamento. Há consumos que são perfeitamente elásticos. O consumo de um carro é elástico. Posso carregá-lo quando há sol ou quando há vento. Também posso utilizá-lo para alimentar parte da minha casa. Também posso utilizar a inércia térmica do meu edifício para aquecê-lo e passar a guardar essa energia quando for abundante. A EE vai passar por uma utilização inteligente, smart de todo este mix. Não se trata apenas de produzir KWh mas de utilizar bem e na melhor altura esses KWh. E voltando à descentralização, quando eu tiver 95 % de descarbonização, não podemos ter uma economia dependente de um fio. A resiliência da economia vai passar também por ter todo o sector muito mais distribuído.

Quando fala em economia refere-se à indústria, aos serviços, à habitação, transportes?

Refiro-me a tudo. Para 95 % de descarbonização, ao que corresponde 70 % de electrificação da economia, a componente descentralizada tem de ser muito significativa. Obviamente que essa componente vai ser descentralizada por uma questão de eficiência, mas também porque os economics associados à produção e ao armazenamento distribuído começam a ser bastante competitivos. A competitividade destes meios não é, em si só, suficiente. Temos ainda a componente digital. Se não conseguirmos coordenar todos estes meios distribuídos de uma forma fácil, não conseguimos fazer essa electrificação. A parte smartness é absolutamente essencial. A electrificação implica descentralização e a descentralização só pode acontecer por efeitos do digital.

Essa descentralização conduz-nos à produção local de energia. Os actuais consumidores vão passar a ser produtores, uma coisa que não é ainda possível de uma forma plena e positiva. O autoconsumo ainda não é atractivo. Concorda?

Não é verdade.

Se quiser vender o meu excedente à rede, não existem modelos de remuneração atractivos e nem posso vendê-lo ao meu vizinho do lado.

Tenho de discordar. Existe hoje uma Lei que permite que eu possa ter uma instalação de fotovoltaico e consumir essa energia. Posso fazer um offset do meu consumo por essa via. Empresas que tenham diagramas de consumo que sejam bastante próximas do solar podem ter reduções muito significativas.

“O papel dos agentes é olhar para a aplicação tecnológica e conseguir montar um modelo de negócio que seja bom, e quem conseguir arranjar esse modelo é quem vai ganhar esta corrida. A concorrência está a puxar-nos para esse desenho de inovação”.

Na indústria, as vantagens são enormes, mas refiro-me, sobretudo, aos outros edifícios e à habitação, que são os grandes consumidores. Refiro-me ao cidadão.

De facto, o auto-consumo em B2B (Business to Business) está a crescer a níveis muito interessantes. No B2C (Business to Consumer), isso não ocorre por duas razões. A maioria das pessoas em Portugal tem poucos consumos no diagrama solar. Em Espanha já é diferente. Aqui, tipicamente passamos o dia fora de casa. E, nestes casos, não compensa. Não é rentável, mesmo armazenando. Depois, coloca-se a questão de poder vender a energia ao mercado, mas, quando o fazemos, vamos vendê-la ao preço grossista, que define o que essa energia vale. E esse preço é 3 a 4 vezes mais reduzido do que o preço de retalho. Nestas circunstâncias, estou a aumentar o meu payback 3 a 4 vezes para aquele KWh a mais.

Neste momento, podemos dizer que há como que uma concorrência da EDP com a própria EDP?

Não vemos isso dessa maneira. A EDP Comercial é o principal operador de venda de soluções fotovoltaicas para os segmentos B2B e B2C. O que vemos é que se o mundo está a evoluir desta maneira nós temos de estar à frente e, se não pensássemos assim, não teríamos feito a aposta que fizemos nas renováveis há 10 anos. Hoje, somos o quatro maior operador mundial de energias renováveis. Somos das primeiras utilities na Europa a vender solar para clientes finais. Conseguimos perceber, em antecipação, como é que o mercado estava a evoluir. Um exemplo é o tema da EE, que hoje é uma área de negócio bastante importante para nós porque antecipámos esse caminho e criamos uma linha de mercado nessa área.

E com isso são acusados de estarem a esmagar o mercado e as pequenas empresas pela facilidade em apresentarem todos os serviços integrados em conjunto com a distribuição de energia.

Qual a vantagem que a EDP tem em relação às outras empresas? Competitividade em preço, a sua credibilidade…

E um conjunto de outros de serviços que tem a ver com a venda da energia.

Nós não precisamos de fazer isso.

Para as empresas que têm soluções térmicas ou de renováveis, a concorrência com uma EDP é muito difícil e piora se ainda juntarmos o facto da EDP aprovar as ligações à rede.

Há uma coisa chamada mercado que tem de funcionar e temos de garantir que as pessoas conseguem competir. O que acontece na EDP é que nós conseguimos fazer pela inovação. O Save to Compete é uma solução que avançou para empresas com alguma dimensão porque a implementação da EE tem elevados custos de transação e só empresas com dimensão é que conseguem olhar para este programa da EDP. Estamos a falar de auditorias, projecto de engenharia, investimento, etc. A EDP fez tudo isto em 2012, quando a banca não dava crédito às empresas e o país estava em crise. Tivemos níveis de investimento de mais de 100 milhões de euros. Ao quinto ano, decidimos ajudar o tecido empresarial português e, para isso, tivemos de baixar os nossos custos de transação. O que fizemos foi o desenvolvimento de uma plataforma digital, na qual, com toda a inteligência e informação que fomos adquirindo, conseguimos dar a todos os clientes empresariais um conjunto de propostas que pode consultar e utilizar. Ao fazer isto, estamos apenas, com a inovação, a competir melhor no mercado, porque podemos fazer uma proposta sem nunca ter ido ao cliente. O que o mercado traz é obrigar a que as empresas sejam inovadoras. Tentámos antecipar o mercado e investimos em desenvolvimento de novos produtos e serviços.

Inevitavelmente também o cidadão vai ser produtor e comercializador da energia eléctrica. Como é que a EDP vê esta concorrência?

Vemos isso com muita naturalidade.

Há uma fatia de negócio gigante que vai sair da EDP.

E há uma fatia gigante de negócio que nós vamos poder ganhar. Nós olhamos para as ameaças como oportunidades.

Como vê este negócio a acontecer?

Sabemos que o negócio vai mudar e aquilo que estamos a fazer é a desenhar modelos e serviços que nos permitam aproveitar aquilo que estas tecnologias nos trazem. Nós estávamos longe de imaginar que, em 2012, quando lançámos o Save to Compete, íamos ter estes resultados. Se nós fizermos o caminho, as coisas vão acontecendo. A inovação é muito combinatória. Quando estamos em várias coisas, começamos a cruzá-las e a criar novas coisas.

“Temos soluções na mobilidade cruzadas com os edifícios. A mobilidade é um driver muito importante. A geração distribuída (solar) vai ser um elemento importante, mas provavelmente a geração da mobilidade eléctrica vai ser mais célere”.

Nada disto é novo. A descentralização e o autoconsumo não são de agora. Já tínhamos a tecnologia.

Nós focamo-nos demasiado no tema da tecnologia, mas, para ser viável, a tecnologia precisa de ser rentável. E, muitas vezes, a tecnologia não é rentável porque não resolvemos uma coisa chamada custos de transação, onde se inclui o custo que é adquirir um cliente; o “cost to serve”, ou seja, ser competitivo a servir um cliente; amortizar um qualquer equipamento; a margem do negócio, que tem de ser atractiva e o valor que isto tem de dar ao cliente… O que muitas vezes acontece é que a tecnologia pode estar lá, mas, se estas cinco peças não gerarem um valor razoável, a tecnologia não é adoptada. Mesmo depois de ela ser rentável, o cliente tem de querer a tecnologia. Muitas vezes, é difícil de entender, por parte dos reguladores e também das utilities, que, mesmo sendo rentável, uma solução pode não ser adoptada pelos clientes. O que acontece é que, muitas vezes, temos de mudar os modelos de negócio para que isto faça sentido para o cliente. Sabemos que muitos serviços já são conhecidos há muito tempo. Veja o táxi: só quando juntámos o smartphone e um táxi é que apareceu um novo serviço chamado Uber. O ponto é que os modelo de negócio são fontes de inovação tão importantes quanto a tecnologia em si mesmo.

Mas o conceito ou o modelo já está maduro há muito tempo. Falta uma alavanca para que seja promovido…

Discordo. Já temos quase tudo, mas, por exemplo, o facto de já conseguir armazenar energia em sua casa via painéis fotovoltaicos não significa que o vá fazer. O facto de ser possível não significa que o queira fazer.

O que me impede de o fazer, neste momento, é a impossibilidade de vender o meu excedente ou há outra?

Há a atractividade económica. Eu posso ter painéis solar e baterias de armazenamento, mas a rentabilidade, imaginemos a dez anos, pode ser totalmente inviabilizada porque esse valor é tipicamente muito superior ao dinheiro que as pessoas têm no banco. O ponto está em saber se as pessoas estão disponíveis para esse investimento.

E considerando que posso ainda vender o meu excedente e criar valor?

Sim, essa variável já cá está, mas muitos clientes não tomam essa decisão com um payback a dez anos, mesmo sabendo que vão gastar esse dinheiro na factura eléctrica. Isto significa que as pessoas estão a tomar um conjunto de decisões racionais. O papel dos agentes é olhar para a aplicação tecnológica e conseguir montar um modelo de negócio que seja bom, e quem conseguir arranjar esse modelo é quem vai ganhar esta corrida. A concorrência está a puxar-nos para esse desenho de inovação.

Se houver um incentivo que case com programas de crédito realmente atractivos e uma legislação ágil, estas coisas avançam. Precisamos de vontade em toda a cadeia.

É verdade, mas temos de ver outra coisa. As pessoas pagam 200 euros/MWh em casa, por exemplo, mas o valor dessa energia é de 50 euros. Quando estamos a consumir nas nossas casas através de soluções renováveis, há 150 euros que não estamos a pagar e que decorrem do custo da rede, do custo aos municípios e de um conjunto de outras taxas. Quando estamos a optar por estas soluções, alguém vai ficar a pagar esse valor. Temos hoje um preço tarifado ao cliente final no qual 35 % do preço é variável e 65 % é fixo. Mas estes 65 % são variabilizados, e aqui o custo variável fica muito alto e o fixo muito baixo. O grande desafio que existe é que o cliente tem, de facto, a capacidade de decisão e vai tomá-la, na sua perspectiva, no sentido da eficiência. Só que esta sua decisão pode não ser a mais eficiente para a sociedade, porque, quando ele está a reduzir 1 euro, 65 cêntimos estão a ser redistribuídos. Na realidade, esse cliente só evitou 35 cêntimos. Esta equação é difícil de resolver e gera um problema para a electrificação, um problema de pobreza energética e outros problemas. Este tema tem sido muito debatido em Bruxelas. Uma pessoa com capacidade económica pode investir numa bomba de calor e, por uma unidade eléctrica, vai tirar 3 ou 4 unidades térmicas, mas a senhora idosa que tem uma casa ineficiente e que só tem um radiador não tem capacidade para investir. Gasta 1 unidade eléctrica e tem 1 unidade térmica ou menos. Quem define as tarifas é o regulador e, por isso, tem de ser o regulador a definir qual o melhor mecanismo para incentivar comportamentos eficientes e garantir que as decisões de cada um dos vários agentes sejam eficientes.

Nós somos pobres e, por isso, pobres energeticamente. As nossas casas continuam a ser frias no Inverno. Este não deveria ser o primeiro problema a atacar?

Antes de sermos pobres energeticamente, nós somos pobres.

Uma coisa leva à outra.

Esse é o ponto. Quando começamos a classificar a pobreza, começamos a olhar para um conjunto de soluções completamente desarticuladas e que não endereçam o problema como um todo. É de pobreza que se trata. Nós não queremos ter pobres!

Nem casas ineficientes.

E, sim, era isso que deveríamos estar a discutir. Quando adjectivamos, achamos que resolvemos o problema, mas não.

A EDP não consegue identificar os clientes com consumos desajustados? Existe este tipo de informação?

O facto de a EDP não ter essa vocação não significa que o tema não nos preocupe. Nós temos uma entidade que é a Adene, que tem todos os certificados emitidos do país. Se há entidade com capacidade de saber o estado do nosso parque edificado é a ADENE.

Provavelmente a maioria das casas que precisa urgentemente de intervenção não tem certificados emitido porque não está no mercado da venda ou do arrendamento.

Teoricamente, todas as casas já deveriam estar certificadas nesta altura. A EDP não tem essa informação. Nós temos o consumo dos nossos clientes.

Que, provavelmente, serão mais do que 80 %.

Mas nós não sabemos se, naquela casa, estão a viver duas ou quatro pessoas. Conseguimos saber como é que os consumos variam em função de graus temperatura, mas mesmo isso não me dá uma indicação se o aumento de consumo é por ineficiência da casa ou por aumento de conforto. Essa responsabilidade é da ADENE. Nós promovemos a eficiência energética e estamos a trabalhar bastante num conjunto de produtos e serviços que vamos lançar até ao final deste ano e que estão mais alinhados com esta abordagem da electrificação e da descentralização.

Novas soluções?

Vão ser anunciadas em breve. Temos soluções na mobilidade cruzadas com os edifícios. A mobilidade é um driver muito importante. A geração distribuída (solar) vai ser um elemento importante, mas provavelmente a geração da mobilidade eléctrica vai ser mais célere. O facto da energia solar e a sua atractividade terem surgido primeiro não significa que ela esteja à frente. Sabemos que existem 64 modelos de carros eléctricos. Até 2021, vamos ter mais de 214. Para as empresas, a escolha de um carro eléctrico é uma escolha puramente racional. Grande parte dos carros eléctricos está a ser vendida a empresas. A mobilidade eléctrica, que é uma grande oportunidade do ponto de vista da descarbonização e é uma grande oportunidade do ponto de vista da redução energética no exterior, vai acelerar e é útil que acelere.

Qual a visão da EDP? O que seria o desejável daqui a dez anos?

Que exista uma penetração de veículos eléctricos bastante significativa. Essa penetração vai induzir directamente e indirectamente à adopção de baterias em casa das pessoas por causa dos “second life” e esta adopção vai incentivar a mais solar com outra dimensão. Em vez de termos uns quatro painéis, talvez passemos para oito, que vão ser utilizados para consumo imediato e para as horas adjacentes. Conseguimos fazer isso com baterias de second life dos carros.

É isso que algumas marcas de automóveis estão a fazer.

Uma bateria de um Tesla já “cansada” pode dar para dez ou 20 casas. O que quer dizer que, se tivermos uma curva perfeitamente bem definida de carros eléctricos, deslocamos cinco anos para o lado e temos uma curva do update nas casas. Isto é muito interessante. Agora, é absolutamente essencial que nos descompliquem a vida. Já praticamente não abrimos as cartas que nos chegam a casa. O cliente eléctrico liga e não quer mais pensar no assunto. No futuro, vai continuar a ser assim. Quem conseguir dar uma oferta que garanta que o nosso carro, quando está a sair, está carregado, que a nossa energia é mais barata, que as nossas necessidades de conforto estão resolvidas ao mais baixo preço, etc., é quem vai ganhar o mercado. Como é que isso se faz? Estamos a trabalhar sobre isso.

Um modelo cuja solução vai necessariamente ter vários parceiros de negócio.

Exactamente e esse aspecto é muito importante. É absolutamente claro que aqueles que mais basearem a sua competitividade futura naquilo que são hoje vão perder. Hoje, é muito importante sabermos trabalhar com outras empresas mesmo muito pequenas e, quando isso acontece, há um grau de especialização muito grande e quem conseguir ter esta perspectiva de ecossistema e juntar vontades e empresas é que vai conseguir ser mais rápido a chegar ao mercado.

Falamos de carros, dos nossos edifícios, mas também temos de integrar o bairro e a cidade.

Sem dúvida. Quando a indústria automóvel olha para os edifícios e existem marcas que dizem que vão ser comercializadores de energia, isto mostra que as fronteiras dos sectores estão a começar a diluir-se. Os incumbentes não têm uma vantagem especial, mas, sim, quem tiver humildade neste processo e souber trabalhar com todos e mobilizar vontades.

Concorda que os edifícios são uma peça chave neste processo?

Os edifícios são uma peça. Não consigo distinguir os edifícios da mobilidade. Se um veículo tem energia suficiente para 20 casas, quem é mais importante? É que o veículo e a casa são peças de um mesmo ecossistema. Se chegamos a casa e o nosso carro está a alimentar parte da nossa cassa e a nossa casa, à noite, alimenta o nosso carro, onde começa o veículo e onde começa a casa?

A distribuição centralizada vai ser sempre necessária?

Não tenha dúvidas de que sim. O mercado descentralizado é um mercado em crescimento e necessariamente mais lento do que o mercado centralizado, mas vão coexistir os dois. Se a partir de amanhã, todos os carros que se vendessem fossem eléctricos – provavelmente só em 2035 – teríamos uma frota integralmente eléctrica. Considerando o tempo de vida útil de um carro para 15 anos. E hoje só vendemos 1 % de carros eléctricos. A melhor projecção para 2050 na Europa é conseguirmos 50 % da frota eléctrica. O processo é lento.