Entre os dias 10 e 12 de Abril, a Tektónica voltou a ocupar o recinto da Feira Internacional de Lisboa (FIL) para a sua 27ª edição. Crescimento, inovação e internacionalização foram as palavras-chave do certame. 

O evento, que, ano após ano, junta centenas de empresas nacionais e internacionais ligadas ao sector da construção, registou um aumento de 20% no número de expositores e cresceu para um terceiro pavilhão de exposição. Para além dos stands de marcas, uma outra grande aposta da Tektonica são os workshops, sessões e debates espalhados pelos auditórios do evento. A Edifícios e Energia esteve presente e destacamos os pontos-chave de alguns. 

Organizada pela Associação Portuguesa de Empresas de Tecnologias Ambientais (APEMETA), a sessão “A Digitalização e Inteligência Artificial para a Descarbonização dos Edifícios” discutiu o papel e relevância da integração da digitalização e da inteligência artificial (IA) na construção e gestão dos edifícios e cidades. Foram destacados aspectos como a monitorização dos consumos em tempo real, a sua optimização através da IA, a manutenção dos equipamentos com o auxílio de um algoritmo e a conceção de gémeos digitais para uma melhor performance dos edifícios. Os desafios que a implementação desta transformação aporta também foram abordados, como a existência de sistemas datados e impreparados para a integração digital de outras soluções tecnológicas. 

Adriana Almeida, da VEOLIA, destacou a relevância dos edifícios nas emissões de gases com efeito de estufa (GEE), dizendo que “é expectável que a área construída global duplique até 2060” e que, perante este cenário, a digitalização, a automatização e a IA podem ser verdadeiras “alavancas de mudança”, oferecendo oportunidades de redução de consumo na ordem dos 30%. 

Ainda no primeiro dia do evento, a sessão “BIM: uma metodologia e não um software”, organizada pela Ordem dos Arquitectos, juntou um conjunto de especialistas para debater a implementação do BIM (Building Information Modeling) nos projectos arquitectónicos, desde a sua conceção até à execução. Foi destacada a necessidade de formação e de equipas responsáveis pela implementação desta metodologia para fazer face à falta de prática profissional e de incentivos externos para a aprendizagem do BIM. 

O primeiro dia da Tektónica foi encerrado com o lançamento do sistema SKINIUM, uma solução constructiva para fachadas exteriores. Inspirado na estrutura da pele humana, o SKINIUM incorpora diferentes camadas de materiais, tendo como base uma estrutura em aço leve (light steel framing – LSF). Todos os materiais usados são fabricados em Portugal e o sistema é compatível com métodos de construção como a pré-fabricação e a construção modular. O sistema SKINIUM é visto como uma inovação no sector da construção e surge de uma parceria entre as marcas Amorim Cork Solutions, Gyptec, Mapei e Perfisa. Recebeu uma menção honrosa na categoria de Novos Processos Constructivos dos Prémios Inovação Tektónica 2025.

Na sessão “Coberturas Verdes e Resiliência nas Cidades”, da responsabilidade da Associação Nacional de Coberturas Verdes – ANCV, foi salientada a importância das coberturas verdes numa altura em que se agravam os efeitos das alterações climáticas. Esta solução tem como vantagens a redução do efeito da ilha de calor, a produção de oxigénio e captação de dióxido de carbono, a implantação de novos espaços verdes e aumento de biodiversidade e a retenção de água das chuvas. 

Vera Clara, arquitecta paisagista e representante do Horto do Campo Grande, foi uma das oradoras desta sessão e apresentou um projecto de cobertura verde que tem vindo a ser desenvolvido nos últimos meses para o Centro Comercial Colombo e que se espera que, entretanto, entre num processo de faseamento de obra. O plano consiste em alcançar 1600 metros quadrados de novas coberturas verdes, a reconversão de 540 metros quadrados de canteiros em zonas verdes biodiversas e 200 metros quadrados de novos jardins verticais.   

A ANFAJE – Associação Nacional dos Fabricantes de Janelas Eficientes organizou a sessão “Os Desafios da Nova EPBD”, na qual Nuno Simões, do Itecons, destacou que “a pressão sobre o desempenho da envolvente tem de aumentar” e que, para além de janelas eficientes, são necessárias janelas inteligentes. Os passaportes de renovação de edifícios, a regulamentação e o financiamento foram alguns dos tópicos em cima da mesa. 

Foram ainda abordadas algumas alterações e adições que serão feitas às etiquetas energéticas de janelas para que estas possam integrar mais informação em consonância com as indicações que derivam da EPBD: a revisão das classes; a prestação de informações sobre a circularidade das janelas (taxa de material reciclado, indicadores de impacte ambiental, por exemplo); a segurança das janelas e resiliência a eventos extremos (como classes de resistência ao vento ou de estanquidade à água).