O projecto CoolLIFE procura revolucionar o arrefecimento na Europa, reduzindo a dependência do ar condicionado tradicional. A redução das emissões, o aumento do conforto e a promoção da resiliência climática em áreas urbanas são elementos que estão no centro desta iniciativa. 

Com a Europa a enfrentar ondas de calor cada vez mais severas, a procura por soluções de arrefecimento cresce a um ritmo acelerado. Para os envolvidos no projecto CoolLIFE, o ar condicionado convencional, ainda que ofereça alívio imediato, representa um círculo vicioso: consome muita energia, utiliza gases altamente poluentes e agrava o efeito de ilha de calor urbana. 

Para inverter esta tendência, esta iniciativa, financiada pela União Europeia em 2,1 milhões de euros, traçou um objectivo claro: reduzir a dependência de sistemas de arrefecimento tradicionais, promovendo tecnologias mais limpas e soluções passivas de arrefecimento. 

No centro da iniciativa estão duas ferramentas complementares. A CoolLIFE Tool permite mapear a procura de arrefecimento em diferentes países, regiões e cidades e analisa níveis de conforto, estilos de vida e padrões de comportamento. Já o CoolLIFE Knowledge Hub trata-se de uma plataforma digital que oferece dados, recursos e opções de financiamento para apoiar soluções de arrefecimento eficientes. 

Estas ferramentas são concebidas para orientar os municípios, as empresas e os cidadãos para práticas mais eficientes e favoráveis ao clima. 

As estratégias aplicadas no terreno 

O projecto já foi testado em três municípios europeus do Norte, Centro e Sul da Europa e, mais recentemente, foi lançada a campanha CoolLiving, que promove estratégias práticas como o design passivo, a utilização de vegetação no interior dos edifícios e outras medidas simples para enfrentar as ondas de calor cada vez mais frequentes. 

“Existe uma falta de dados, informação e sensibilização entre os profissionais e os residentes sobre a refrigeração natural, passiva e de espaços livres, incluindo soluções baseadas na natureza”, sublinha Simon Pezzutto, coordenador do CoolLIFE, na página oficial do projecto. 

A construção e renovação dos edifícios 

Uma das áreas críticas é o sector da construção. Segundo Jean-Sébastien Broc, do Instituto Europeu de Política Energética e Climática (IEECP), “os novos edifícios podem ser concebidos para limitar as suas necessidades de arrefecimento e podem favorecer alternativas aos sistemas de ar condicionado” e, no caso dos edifícios existentes, a solução pode passar por “incorporar acções para reduzir as necessidades de arrefecimento em projectos de renovação planeados”. 

Em países como a Áustria, estudos do projecto demonstram que, sem intervenções, a procura de arrefecimento de ambientes deverá aumentar para mais de 7000 GWh/ano até 2050, mas esta procura poderá ser limitada a menos de 2500 GWh/ano dando prioridade a medidas passivas. 

Integrado no programa LIFE, o CoolLIFE articula-se com o Pacto Ecológico Europeu, a Estratégia de Adaptação Climática da UE e a meta de neutralidade carbónica até 2050. O projecto decorre entre Novembro de 2022 e Novembro de 2025. 

Fotografia de destaque: © CoolLIFE