O LiderA, sistema português de avaliação e certificação da sustentabilidade na construção, voltou a organizar um congresso, onde especialistas debateram diversas medidas que podem ser levadas a cabo para alcançar esse objectivo. A “Sustentabilidade ambiental nos ambientes construídos para todos” foi o tema global do Congresso LiderA’20, que teve lugar no dia 29 de Janeiro, no Centro de Congressos do Instituto Superior Técnico, em Lisboa.
Depois da abertura, a cargo do responsável do sistema LiderA, Manuel Duarte Pinheiro, foram debatidas e apresentadas ideias ao longo de quatro sessões, sob os temas “Edificado mais eficiente e sustentável assegurando bem-estar”, “Integrar as soluções de base natural desde a escala do edifico à escala urbana” e “Criar valor e resiliência com a sustentabilidade nos empreendimentos urbanos assegurando a mitigação e adaptação a alterações climáticas”. A última apresentação foi dedicada aos “Projectos integrados na Lisboa Capital Europeia Verde”, numa apresentação feita por José Sá Fernandes, vereador da Câmara Municipal de Lisboa.
O congresso centrou-se na sustentabilidade na construção, uma área que, refere Manuel Duarte Pinheiro, é ainda reduzida em Portugal, “do ponto de vista da certificação, mesmo tendo em conta todos os sistemas de certificação existentes. O objectivo agora é torná-la cada vez mais acessível, assente no conceito da sustentabilidade, mas uma sustentabilidade em que meça os processos ambientais como a energia, a água, os materiais ou a integração local”.
“É uma sustentabilidade a que chamo de sustentabilidade ambiental e que, na literatura internacional, é chamada de sustentabilidade forte, por oposição à sustentabilidade fraca. Significa que posso fazer trocas entre questões ambientais, como esgotar alguns recursos desde que isso me assegure, por exemplo, emprego e outras dimensões. E o que acontece é que posso manter isso durante uma geração, mas, depois, na segunda e na terceira, porque esgotei esses recursos, eles deixam de estar disponíveis. A nossa expectativa é que esta versão venha a ser aplicada a todas as pessoas de forma muito generalizada”, disse.
Nesta área, o congresso contou com apresentações como as de António Aguiar Costa, sobre a “Digitalização da construção e o BIM: contributo para a sustentabilidade”, José Silvestre com “Avaliar, selecionar e quantificar: o caminho para a descarbonização dos edifícios”, João Gavião, com “NZEB office+, um escritório passive house reabilitado”, ou Paulo Partidário a questionar “Que oportunidades para o hidrogénio na transição energética das comunidades?”, entre muitos outros investigadores e representantes de entidades ligadas ao sistema LiderA.
Manuel Duarte Pinheiro explicou à Edifícios e Energia que os congressos LiderA vão alternando, consoante os anos, entre a apresentação de casos, de empreendimentos e certificações do LiderA, e a reflexão sobre novos desafios. Foi o caso deste ano, em que foi analisada a sustentabilidade, a naturalização ou o envolvimento das comunidades, entre muitos outros temas e cujo balanço foi muito positivo.
O LiderA começou na Universidade, no ano 2000, “como uma necessidade para apoiar a investigação”, mas não só. “Tínhamos muitas abordagens que não eram integradas. Versavam sobre aspectos de energia ou de materiais, como a avaliação do ciclo de vida, por exemplo. O objectivo do LiderA foi ser um sistema integrado e aplicado, inicialmente destinado a apoiar o desenvolvimento do projecto à escala do edifício e à escala urbana. Ou seja, um sistema de apoio na investigação e na área de projecto, em Engenharia Civil e em Arquitectura”, explica Manuel Duarte Pinheiro. A partir de 2007, houve uma mudança, a marca foi registada e, refere o responsável, “o sistema começou a disponibilizar uma versão para avaliação e certificação. A primeira versão do LiderA é objectivamente centrada sobre aspectos mais ecológicos, na área do local, nos recursos e nas cargas ambientais. Foi, depois, sendo aplicado, progressivamente, em diferentes casos e áreas. Em 2010, surge a necessidade não só de olhar para a área verde, ecológica, em sentido estricto, para incluir também a área social e económica, nomeadamente nos custos de vida. A partir dessa altura, com a nova abordagem, passamos para a versão 2, que foi a mais aplicada, em centenas de casos e muitos empreendimentos, desde a fase de projecto à fase de desenvolvimento, como são exemplos a sede da EDP, o Pavilhão de Guimarães ou todo um conjunto de empreendimentos em Belas. Assim, uma versão que estava previsto durar cerca de cinco anos acabou por durar mais de dez, juntando ao facto de o mercado também não ter evoluído. Fizemos uma versão 3, de transição, mas acabámos por não a disponibilizar e mudámos rapidamente para uma versão 4, a actual, que entra agora em vigor em 2020 para um horizonte que varia entre cinco a dez anos. Esta é uma versão mais holística, que tem várias classes de desempenho mais alargadas, integra as alterações climáticas ou a resiliência. Tem, assim, áreas muito específicas e é já uma área programática, ou seja, tem um conjunto de critérios de tal maneira vastos que pode ser atribuída como uma certificação”.
Para quem não pôde estar presente no Congresso, a página do LiderA disponibiliza as apresentações e no dia 18 de Fevereiro das 15h às 16h será realizado um webinar LiderA sobre sustentabilidade ambiental, que será um complemento ao congresso. As inscrições para o webinar são gratuitas e podem ser efectuadas aqui.