A pandemia de Covid-19 trouxe mudanças profundas a todos os sectores de actividade e o mercado de AVAC e automação e controlo de edifícios não escapou ileso. Novos modelos de trabalho, reforço da formação técnica, interesse crescente em áreas como a filtração de ar, a qualidade do ar interior e os produtos residenciais, ou um redireccionamento para a substituição de equipamentos face à queda dos novos projectos são algumas das mudanças sentidas pelas empresas do sector, apurou um inquérito feito, em Julho, pela BSRIA Worldwide Market Intelligence a 68 empresas de todo o mundo. Até ao final do ano, o impacto nas vendas espera-se significativo, com quedas de até 10 % na Europa, e deve continuar a sentir-se em 2021, assim como o sentimento geral de incerteza.

“A vaga de Covid-19 sentida entre Janeiro e Junho causou claramente danos que vão além da mera capacidade de operar e vender durante os meses de confinamento. Ajustes na produção, distribuição e do lado do consumidor deverão tomar algum tempo, o que irá impactar as vendas negativamente durante dois anos seguidos”, lê-se no relatório da BSRIA.

Segundo as respostas obtidas, os inquiridos estimam que, em 2020, as quedas nas vendas não superem os 10 % face ao ano anterior, sendo, no entanto, expectável uma contracção contínua nos próximos dois anos. Em 2021, as empresas antecipam quebras variar entre os 1 e os 2 %. Em termos geográficos, os números apontam para a Europa como a região do globo mais fustigada neste ano. Já na China, as vendas deverão cair menos de 9 %, e na América do Norte o decréscimo do mercado deverá rondar os 7,5 % neste ano, com queda de 1 % em 2021.

No que se refere às tendências, o inquérito permitiu identificar algumas mudanças no sector, destacando-se um aumento de interesse pela filtração de ar e qualidade de ar interior, impulsionadas pela imposição de medidas de segurança sanitária. Do mesmo modo, data centers e produtos para o sector residencial ganharam mais atenção, com uma maior preponderância da substituição de equipamentos face às novas instalações.

De acordo com as respostas dos participantes, foi também possível perceber de que modo as empresas do sector reagiram aos acontecimentos. Todas as empresas inquiridas revelaram ter reforçado a formação técnica dos seus distribuidores e instaladores e mais de 80 % adoptou modelos de trabalho diferentes, com enfoque no teletrabalho, introduziu novas linhas de produtos e serviços, e adaptou as suas estratégias de marketing para o digital/on-line.

Adaptação às novas circunstâncias

Na organização do trabalho, foram várias as mudanças implementadas pelos stakeholders:  aumento do comércio electrónico e de modelos “clicar & recolher”; para além do teletrabalho, registaram-se mais actividades, como monitorização ou formações, a serem feitas remotamente; aumento dos stocks por parte dos clientes, antevendo a possibilidade de uma segunda vaga. Durante este período, as empresas deram também conta de uma maior ponderação nos posicionamentos, com os consultores a manterem-se ocupados e os empreiteiros “quietos”. A isso, junta-se a crescente incerteza relativamente à longevidade da pandemia, acentuada pela colocação em espera de projectos, assim como pela falta de novas encomendas.

Para o futuro próximo, é a falta de poder de compra dos clientes – quer de particulares, quer de clientes comerciais – e as incertezas relativamente à economia que mais preocupam as empresas do sector, com mais de 90 % dos participantes a mostrarem apreensão nestas matérias. Mais de metade das respostas inclui nas preocupações as restrições nas viagens, a procura de novas formas de conectar com os clientes e o receio de que outros parceiros da cadeia de fornecimento cessem actividade.

Os resultados constam do relatório da BSRIA Worldwide Market Intelligence, feito com base num inquérito, realizado em Julho, junto de stakeholders chave do mercado de AVAC e automação e controlo de edifícios, de forma a conseguir acompanhar as mudanças no clima de negócios face aos desenvolvimentos da pandemia. No total, foram 68 as empresas paricipantes neste estudo. Até ao final do ano, a BSRIA Worldwide Market Intelligence pretende repetir este exercício em Setembro e Dezembro.