“Neutralidade Carbónica nos Edifícios e Indústria” foi o tema escolhido para as próximas Jornadas de Climatização, que chegam à 24ª edição no dia 16 de Janeiro de 2025. Este evento, que terá lugar no Auditório da Sede Nacional da Ordem dos Engenheiros, em Lisboa, será o culminar de um ano de iniciativas no sector da climatização.
Para Isabel Sarmento, coordenadora da Especialidade de Climatização da Ordem dos Engenheiros, este evento pretende “trazer para a comunidade técnica do sector da climatização, e agora também da refrigeração, a apresentação e discussão de temas actuais e relevantes para o sector, com vista à sua permanente actualização técnica”. As Jornadas de Climatização tornam-se também numa oportunidade de convívio e interacção entre “os quadros técnicos dos diferentes intervenientes, desde os fabricantes e representantes de equipamentos, às empresas de instalação e manutenção, passando naturalmente pelos projectistas”, acrescenta.
Uma das marcas das Jornadas de Climatização que, segundo Isabel Sarmento, “reflecte o contributo à pertinente actualização técnica do sector”, é a já tradicional edição de uma publicação de referência em português. A coordenadora conta à Edifícios e Energia que este ano, e pela primeira vez, “a escolha recaiu sobre um Manual da Chartered Institution of Building Services Engineers, a associação profissional de engenharia de serviços em edifícios do Reino Unido, traduzido como Instalações de bombas de calor para grandes edifícios não residenciais, já que aqueles equipamentos se apresentam como de eleição à transição energética nos sistemas de climatização, com vista à neutralidade carbónica”.
Isabel Sarmento olha para esta 24ª edição como um fechar de ciclo, também pelo facto de ser o momento em que encerra as suas funções como coordenadora da Comissão de Especialização de Climatização. E, com um fechar de ciclo, chega outro com um desafio à mistura: “dar a devida relevância à refrigeração que, agora, se agregou à climatização, a exemplo do que acontece internacionalmente (AVAC(R))”.
Neutralidade Carbónica: “um desígnio sem retorno”
Para a responsável, perante as evidências científicas das alterações climáticas, a neutralidade carbónica “é um desígnio sem retorno”. E, por vezes, nem estamos cientes de que os sistemas de climatização e refrigeração estão presentes no nosso quotidiano, em quase tudo aquilo que nos rodeia. “Estão presentes não só nas nossas habitações, desde o simples frigorífico que todos temos em casa, ou à caldeira ou ao split que muitos têm, mas também na base de muitos dos serviços e bens que utilizamos ou consumimos diariamente”, explica. Ao utilizarem energia no seu funcionamento, estes equipamentos “estão na base de muitas das emissões de gases com efeito de estufa”. Foi com este pensamento que surgiu o tema “Neutralidade Carbónica nos Edifícios e Indústria” para as Jornadas deste ano. “São sectores onde é fundamental intervir, sob pena de não se atingir a tão ambicionada neutralidade carbónica”, acrescenta Isabel Sarmento.
Assim, “há que optimizar, minimizando necessidades, melhorando eficiências de conversão energética e inovando em busca de novos fluidos e tecnologias e, ainda, utilizando materiais com baixo teor de carbono incorporado e fontes energéticas renováveis”. Para além disto, a coordenadora menciona outro aspecto não menos importante: “a digitalização e inteligência artificial como ferramentas de apoio às tomadas de decisão, à condução e controlo, à monitorização e à manutenção”.
Neste contexto, os edifícios, enquanto principais utilizadores de energia, têm ainda muito por onde melhorar. Isabel Sarmento considera que “é necessário intervir, melhorando a envolvente e sensibilizando os utilizadores à mudança, como modo de minimizar necessidades energéticas e adequar comportamentos, e, em sequência, substituir equipamentos existentes por outros que tenham melhor eficiência e com menor impacte no ambiente”.
Certo é que há um longo caminho a ser trilhado até à neutralidade carbónica e, para Isabel Sarmento, o percurso não se faz sem o “papel fundamental, se não decisivo, dos sistemas de climatização e refrigeração”.
A revista Edifícios e Energia é media partner oficial deste evento.