O mercado da qualidade do ar interior (QAI) está em destaque num artigo recentemente publicado pela consultora britânica BSRIA. A pandemia é vista como um ponto de viragem na forma como encaramos o ar que respiramos dentro de edifícios.
“A pandemia de Covid-19 aumentou a consciencialização do público e chamou a atenção para a saúde respiratória. Os consumidores estão cada vez mais conscientes dos riscos associados à má qualidade do ar interior e procuram activamente soluções eficazes”, garante a BSRIA, acrescentando que a QAI se tornou numa maior preocupação para os decisores políticos também por causa da crise energética e da necessidade de conceber edifícios mais eficientes do ponto de vista energético.
Recorde-se de que a nova Directiva sobre o Desempenho Energético dos Edifícios (EPBD) exige que os Estados-Membros estabeleçam novos requisitos em termos de qualidade do ar interior nos edifícios e que os edifícios não residenciais estejam equipados com dispositivos de medição e controlo para a monitorização e regulação da qualidade do ar interior.
A BSRIA informa que o mercado da QAI está em expansão. Em 2023, a procura no mercado mundial de equipamentos para a monitorização de QAI foi estimada em pouco mais de 4 mil milhões de libras (mais de 4,7 mil milhões de euros) e está previsto que ultrapasse os 7 mil milhões de libras em 2030 (mais de 8,2 mil mihões de euros).
Para além de o mercado estar a crescer, a inteligência tecnológica tem andado “de mãos dadas” com a QAI, o que resultou em avanços no desenvolvimento dos produtos. A consultora considera que estas têm sido as principais tendências neste sector:
- Integração de tecnologia inteligente: os purificadores de ar e a monitorização ligada aos sistemas de ventilação tornam-se cada vez mais sofisticados. Já é possível serem ligados a sistemas domésticos inteligentes, fornecer dados em tempo real sobre os poluentes, permitir a monitorização e o controlo remotos e configurações personalizadas para satisfazer as necessidades individuais;
- Foco na sustentabilidade: a preocupação cada vez maior dos consumidores com o ambiente e os custos aumenta a procura de sistemas de ventilação energeticamente eficientes e com baixa pegada de carbono;
- Foco nos multipoluentes: os purificadores de ar de função única estão a ser substituídos por modelos que visam uma gama mais vasta de poluentes – compostos orgânicos voláteis (COV), partículas e até agentes patogénicos transportados pelo ar;
- Público mais vasto: A monitorização da QAI está a tornar-se mais acessível e intuitiva para um maior número de pessoas, permitindo que resolvam mais facilmente os problemas de qualidade do ar nos seus ambientes.
Para além destas tendências, a BSRIA refere também quais são os factores que considera que têm impulsionado o mercado da QAI, que espera que sejam reforçados nos próximos anos. A pandemia parece ter contribuído para uma maior sensibilização relativamente à saúde respiratória: “os consumidores estão mais conscientes dos riscos associados a uma má QAI, pelo que estão mais empenhados em combater essas ameaças”, conta a consultora britânica no seu artigo. Nos regulamentos governamentais estão também a ser inseridas “normas mais rigorosas” para a qualidade do ar interior nos edifícios, algo que tem incentivado a procura de soluções para a QAI em espaços comerciais e residenciais. Já no que diz respeito a medidas de de eficiência energética, a BSRIA considera que “a construção de envolventes de edifícios mais apertadas beneficia a eficiência energética”. Ainda assim, é salientado que esta construção pode “prender” os poluentes no seu interior, o que aumenta a relevância das soluções de QAI para manter uma qualidade de ar saudável no interior.

“As perspectivas em matéria de QAI parecem promissoras”, conclui a BSRIA no seu artigo. Foi no sector residencial que a preocupação com a qualidade do ar mais aumentou, uma vez que os proprietários de casas estão agora mais informados sobre os perigos de uma má qualidade do ar interior. A BSRIA considera que, no segmento residencial, a tónica será colocada na ventilação e, eventualmente, na filtragem do ar. Por outro lado, no que diz respeito ao segmento comercial, a consultora diz que as soluções de QAI irão provavelmente integrar-se nos sistemas de gestão de edifícios, permitindo assim ajustes automáticos para optimizar a qualidade do ar.
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