Depois de, no passado dia 22 de Fevereiro, um incêndio ter destruído parte das instalações da Energie, na Póvoa do Varzim, a empresa nacional já retomou a produção “em velocidade de cruzeiro”. A reconstrução do espaço juntou-se ao alargamento das instalações em mais 1500 metros quadrados e o optimismo da fabricante portuguesa de painéis solares termodinâmicos só é abalado pela incerteza trazida pela pandemia de Covid-19.

Em apenas cinco dias, após o incêndio, a fábrica conseguiu retomar a produção em termos laborais, conta à Edifícios e Energia Francisco Fernandes, director técnico e de vendas ibérico da Energie, tendo começado de imediato a preparar as encomendas em mãos e que tiveram como destinos Irlanda e Dubai. Segundo o gestor, tudo indica que o incêndio tenha tido origem numa UPS de um computador, acabando por destruir parte da cobertura, o que obrigou ao desmantelamento de toda a estrutura metálica e a uma nova instalação de toda a parte eléctrica. “Ainda estamos a avaliar o valor dos danos com a seguradora, mas estimamos que se situe entre os 1,5 e os 2 milhões de euros”, revela Francisco Fernandes.

Na altura do incidente, a Energie estava a levar a cabo a ampliação das instalações, que ocupam 4500 metros quadrados, com a construção de um novo armazém cujo investimento representou um milhão de euros. A situação mostrou-se oportuna, uma vez que a empresa de construção responsável pela ampliação acabou por ajudar na reconstrução da unidade fabril original. Todavia, esta não foi a única ajuda que os responsáveis da Energia reconhecem e também os colaboradores da empresa tiveram um papel determinante na retoma da normalidade. “Desde a noite do incêndio, o nosso pessoal mostrou-se sempre muito disponível, foram impecáveis”, comenta Francisco Fernandes. Por sua vez, em comunicado, Luís Rocha, o CEO da empresa, também sublinhou a importância dos trabalhadores e não só: “Os colaboradores da empresa foram incansáveis durante os últimos dias. Além disso, contámos com o apoio de várias pessoas e entidades, o que permitiu minimizar o problema”.

Em termos de negócio, no ano que passou, a Energie registou crescimento tanto nos segmentos de bombas de calor, como no de painéis solares termodinâmicos, mas a diferença entre os dois esbate-se, explica o director de vendas ibérico. “Entendemos o solar termodinâmico como uma bomba de calor mais evoluída. O 2019 acabou com crescimento em ambas as áreas, mas, curiosamente, houve até um maior crescimento no solar termodinâmico no global. Em Portugal, as [vendas de] bombas de calor cresceram mais porque somos fabricantes em OEM para outros distribuidores no mercado nacional, o que significa que há bombas no mercado que acabam por ser fabricadas aqui e que fazem contagens para os números, mesmo que não seja com a marca Energie”, refere.

Passado o susto do incêndio, a pandemia de COVID-19 vem agora colocar um novo desafio. “O ano de 2019, felizmente, correu de forma bastante positiva, e, até à data, adivinhava-se que 2020 também corresse”, lamenta o gestor, revelando que já contam atrasos em algumas entregas para as quais tinham contratos. Porém, para Francisco Fernandes, é prematuro traçar qualquer cenário do que possa acontecer – “A nossa visão hoje é diferente da de ontem e a de amanhã será diferente também”.

Não obstante, a Energie continua a produzir dentro da normalidade e com planos feitos para 2020/21. A fabricante portuguesa está já a preparar as celebrações do seu 40º aniversário, que se assinala no próximo ano, e tem várias novidades em carteira. “Lançámos, este Inverno, a Termobox, que é uma bomba de calor que permite fazer o frio, o quente e as águas quentes sanitárias (AQS) na mesma unidade. Nas bombas de calor de AQS, estamos a implementar upgrades construtivos, mas não só, há uma mudança que já começámos a mostrar ao mercado em finais de 2019 e que estamos a colocar em prática gama a gama – isto é, [evoluir da]a versão grosseira de revestimentos em metal para plástico reciclável e [prestar] uma maior atenção à eficiência, ao ruído, etc. Há uma mudança de componentes na área das bombas de calor e que vai ao encontro das exigências da norma. Eficiência, upgrades, controladores de comunicação e interconexão com wi-fi, entre outros”, conclui.