Artigo publicado originalmente na edição de Janeiro/Fevereiro de 2025 da Edifícios e Energia.

Na UE, a Diretiva 2010/31/UE relativa ao desempenho energético dos edifícios estabelece um quadro comum para calcular o desempenho energético. Este cálculo inclui vários fatores, como:

1. Consumo de Energia Primária: Inclui todas as fontes de energia utilizadas no edifício, como eletricidade, gás, aquecimento e arrefecimento.

2. Requisitos Mínimos de Desempenho Energético: Os Estados-Membros devem estabelecer requisitos mínimos que os edifícios novos e renovados devem cumprir.

3. Certificação Energética: Os edifícios devem ter um certificado de desempenho energético que fornece informações sobre a eficiência energética e recomendações para melhorias.

A UE tem implementado várias diretivas e estratégias para melhorar a eficiência energética e reduzir as emissões de gases com efeito de estufa. Algumas das principais iniciativas incluem:

4. Diretiva Eficiência Energética (DEE): A DEE estabelece metas vinculativas para reduzir o consumo de energia primária e final. A versão mais recente da diretiva, que entrou em vigor em 2023, visa reduzir o consumo de energia final da UE em, pelo menos, 11,7 % até 2030, em comparação com as projeções de 2020.

5. Estratégia de Renovação dos Edifícios: A UE lançou a iniciativa Onda de Renovação para melhorar a eficiência energética dos edifícios, que são responsáveis por cerca de um terço das emissões de gases com efeito de estufa na UE. Esta estratégia visa renovar os edifícios existentes para torná-los mais eficientes energeticamente e reduzir o consumo de energia.

6. Objetivo 55: Parte do pacote Fit for 55, esta iniciativa visa reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em pelo menos 55 % até 2030. A melhoria da eficiência energética dos edifícios é um componente crucial desta meta.

7. Diretiva EPBD de 2024/1275/UE, relativa ao desempenho energético dos edifícios (reformulação): A Diretiva 2010/31/UE do Parlamento Europeu e do Conselho foi várias vezes alterada de modo substancial. Por razões de clareza, uma vez que são introduzidas novas alterações, deverá proceder-se à reformulação da referida diretiva, sendo que está em apreciação a nova Diretiva EPBD de 2024/1275/UE de 24 de abril, e à sua transposição para a legislação nacional.

Podemos encontrar estas e demais informações relevantes relacionadas com a política de construção da UE na muito útil e muito completa página (ver nota) que contém praticamente toda a informação que importa, incluindo um glossário de termos. Este glossário é um documento de referência para compreender a terminologia dos principais termos e iniciativas de eficiência energética em edifícios na UE.

Dada a extensão da informação, não é possível reproduzir na presente revista toda a informação, pelo que recomendamos a sua leitura completa, acedendo através do link apresentado no final desta página.

BPIE – Buildings Performance Institute Europe é um centro de especialização independente líder no domínio do desempenho energético dos edifícios. É o principal grupo de reflexão independente da Europa sobre o desempenho energético dos edifícios. Visa atingir um ambiente construído com impacto neutro no clima, alinhado com a ambição do Acordo de Paris e em apoio a uma sociedade justa e sustentável.

A VISÃO DA UNIÃO EUROPEIA

Uma coisa parece certa: a União Europeia está comprometida com garantir a segurança energética e acelerar a transição verde, colaborando em várias frentes para alcançar esses objetivos. Fomentar práticas de construção sustentável, de forma a minimizar o impacto negativo que a indústria da construção gera no meio ambiente, é uma prioridade atual.

PARA ALÉM DA DOUTRINA DA UNIÃO EUROPEIA

Para além das certificações emanadas das Diretivas da União Europeia, de cumprimento obrigatório, tem-se verificado uma crescente utilização de sistemas de sustentabilidade devidamente certificados, sendo as certificações LEED, GREEN, BREEAM e WELL as mais reconhecidas a nível internacional, que irão contribuir para criar um ambiente mais saudável, eficiente e responsável.

O pensamento atualmente dominante obriga a que os sistemas técnicos que fazem parte integrante de um projeto tenham de se tornar, verdadeiramente, incontornáveis, tendo o seu papel muito importante no desenvolvimento sustentável dos edifícios, priorizando a saúde e bem-estar dos seus ocupantes.

VEJAMOS O QUE SE PASSA A NÍVEL PLANETÁRIO COM OUTROS PAÍSES E ECONOMIAS

Apesar da vontade de bem construir, temos assistido a muitos e variados retrocessos. Dos vários quadrantes continuam a chegar ventos adversos. Entre outras más notícias, destacamos as que se evidenciaram ou ainda se evidenciam estrondosamente pelo seu impacto futuro:

• O não sucesso da COP 29

A cimeira sobre o clima COP29 terminou recentemente, em 24 de novembro de 2024, em Baku, Azerbaijão. A conferência foi marcada por intensas negociações e debates acalorados, resultando num acordo para triplicar o financiamento para países em desenvolvimento, elevando-o de 100 mil milhões de dólares anuais para 300 mil milhões de dólares anuais até 2035.

Vários especialistas afirmam que é necessário um trilião de dólares por ano ou mais, tanto para compensar esses danos, como para pagar uma transição para energias limpas que a maioria dos países não pode suportar por si só.

Mas o objetivo anterior de 100 mil milhões de dólares anuais até 2025 só foi atingido há dois anos. Agora, o “novo objetivo coletivo quantificado” visa pelo menos dez vezes esse valor, de acordo com a organização das Nações Unidas para o comércio e o desenvolvimento, a UNCTAD.

“O objetivo deve partir de 1,1 biliões para o próximo ano. E isto está mais ou menos no mesmo intervalo que foi proposto por outros estudos também”, disse Rebeca Grynspan, Secretária-Geral da UNCTAD, à Euronews. A questão que se coloca agora não é apenas se os Estados vão pôr as mãos nos bolsos e juntar o dinheiro, mas se vão atuar rapidamente.

“Esperamos que os governos se empenhem com o mesmo nível de envolvimento e intensidade que quando a crise financeira global chegou e esperamos ação”, disse John Denton, Secretário-Geral da Câmara de Comércio Internacional.

E mesmo que o dinheiro esteja disponível, é necessário que existam projetos bem desenvolvidos para combater as alterações climáticas e que estejam prontos a ser implementados.
(Euronews – Publicado a 18/11/2024)

• Donald Trump nomeia o secretário da Energia
O nomeado Chris Wright é empresário do petróleo, defende os combustíveis fósseis e afirma que a crise climática não existe. Sem experiência política, foi o escolhido de Trump para liderar a pasta da Energia.
(Euronews – Publicado a 18/11/2024)

• Cisnes negros para 2025
Trump e o dólar, a OPEP a ficar irrelevante, ou a Nvidia a dobrar o valor da Apple são algumas das previsões ultrajantes para 2025 do banco Saxo. Também conhecidas por ‘cisnes negros’ por serem eventos extremamente raros e imprevisíveis, tal como um cisne negro, podem causar sérios danos às economias, mercados e investimentos:

O primeiro evento improvável é Donald Trump “explodir” o dólar americano. Em 2025, a nova administração Trump “vai revolucionar toda a natureza da relação dos EUA com o mundo, impondo tarifas massivas em todas as importações, cortando défices com a ajuda do Departamento para a Eficiência Governamental (DOGE) liderado por Elon Musk”.

As implicações para o dólar serão negativas. Com o mundo a reduzir a necessidade de dólares, os atores financeiros globais procuram alternativas, com a China e os BRICS+ a transacionarem com dinheiro digital apoiado em reservas de ouro, incluindo um novo yuan.

O mercado das criptomoedas quadruplica para mais de 10 mil milhões de dólares, com o dólar a cair 20 % contra as maiores moedas e 30 % contra o ouro.

O segundo evento improvável é a Nvidia dobrar o seu valor para o dobro do da Apple, com o sucesso do chip Blackwell, que aumenta 25 vezes os cálculos de IA por unidade de energia consumida face à geração anterior.

Com a corrida à IA, o valor dos chips Blackwell dispara com a Nvidia a ultrapassar os 105 mil milhões de lucros de recorde da Apple, para se tornar na companhia mais rentável de sempre.

A Nvidia dispara o seu valor para 7 triliões de euros, passando a valer 10 % do mercado global de ações e as ações valorizam para mais de 250 dólares.

O terceiro evento é a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que pode tornar-se irrelevante em 2025 com o crescimento do carro elétrico.

“A OPEP vê a sua relevância a diminuir e a sua produção diária de milhões de barris torna-se irrelevante”, prevê o Saxo.

Outros eventos previstos pelo Saxo incluem a libra regressar a níveis face ao euro pré-Brexit, um estímulo milionário à economia chinesa por Pequim, ou um mega-desastre natural a levar à bancarrota uma seguradora pela primeira vez.
(Jornal Económico – por André Cabrita-Mendes – Publicado a 03/12/2024)

• Cada dia que passa continuam a chegar-nos muitas e também muito más notícias

Aguardemos mais desenvolvimentos, mas, a cada dia que passa, verificamos que nada de bom se espera proveniente de um lado e de outro do Atlântico! Nuvens escuras e muito carregadas vislumbram-se no horizonte e temos de estar preparados para um elevado nível de incerteza…

 

Nota: BPIE is a leading independent centre of expertise on energy performance of buildings. > BPIE – Buildings Performance Institute Europe

As conclusões expressas são da responsabilidade dos autores.

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