No final de Outubro, a Electrification Alliance submeteu um manifesto à Comissão Europeia (CE) com o objectivo de acelerar electrificação na Europa. O documento, intitulado Manifesto para a Electrificação, apela à criação de um Plano de Acção para este fim e delineia medidas-chave para tornar este objectivo uma realidade.
Um plano de acção dedicado a acelerar a electrificação na Europa que fixe uma meta de 35 % de electrificação na utilização final de energia na União Europeia até 2030 – é isto que a Electrification Alliance, ou Aliança para a Electrificação, propõe à Comissão Europeia. E mais. Para esta aliança, o plano deverá ser apresentado nos primeiros 100 dias do próximo mandato deste órgão europeu e deverá assegurar também que a “electrificação se torna um elemento integrante dos planos nacionais relativos à energia e ao clima [PNEC] dos Estados-Membros”.
O apelo é feito num Manifesto para a Electrificação, elaborado pelas várias associações do sector da transição energética que compõem a Aliança, por exemplo, a EHPA – European Heat Pump Association, a SolarPower Europe, a European Climate Foundation, e a SmartEn – Smart Energy Europe.
Para assegurar a integração da electrificação nos PNEC, a Aliança para a Electrificação defende a inclusão de um indicador nacional de electrificação, sobre o qual os planos deverão reportar de modo a monitorizar o progresso. “E, por isso, estamos a solicitar à Comissão Europeia para que recomende a inclusão deste indicador já na revisão em curso dos PNEC. Ao mesmo tempo, também apelamos à Comissão para que proponha, formalmente, a adição deste indicador à legislação da Governação da União da Energia”, lê-se no manifesto.
“Todos os modelos mostram que a taxa de electrificação terá de alcançar entre 58 e 71 % até 2050 para a Europa conseguir ter um sistema de energia resiliente e neutro do ponto de vista climático”, sublinha a Aliança para a Electrificação. Nesse sentido, o mesmo manifesto, assinado já por perto de uma centena de entidades, define também quatro medidas-chave para acelerar a electricação na Europa.
São elas preparar as redes eléctricas para o cenário zero emissões, aumentar o número de trabalhadores com competências verdes, priorizar a electrificação em investimentos e financiamentos europeus, e promover a electrificação inteligente junto dos consumidores. Assim, neste âmbito, são realçadas, por exemplo, a necessidade de canalizar os fundos europeus para “tecnologias baratas, limpas e à prova de futuro” e a necessidade de aproveitar ao máximo o potencial do Regulamento Indústria de Impacto Zero (Net Zero Industry Act) no sentido de monitorizar a disponibilidade de mão-de-obra e apostar na captação, formação e valorização de jovens e profissionais em reconversão profissional.
A Aliança para a Electrificação destaca ainda a importância de implementar rápida e adequadamente regras e requisitos pan-europeus quanto à interoperabilidade de dados para cumprir “todo o potencial da flexibilidade do lado da procura”. “Isto irá empoderar os consumidores a utilizar, produzir e armazenar energia nos momentos óptimos”, refere.
O manifesto foi apresentado no dia 23 de Outubro, altura em que foi também inaugurado um Prémio Europeu da Electrificação, que foi atribuído à comissária europeia para a Energia, Kadri Simson, pelo “seu compromisso com o avanço do Pacto Ecológico Europeu e com a promoção da electrificação directa e inteligente do sistema energético”.