O indicador de aptidão para tecnologias inteligentes, Smart Readiness Indicator (SRI), incluído na Diretiva Europeia sobre o Desempenho Energético dos Edifícios, está definido num regime europeu comum que avalia a capacidade dos edifícios de adotarem tecnologias inteligentes. O SRI avalia os edifícios com base na sua aptidão para responder a três funcionalidades essenciais: desempenho energético e funcionamento, resposta às necessidades dos ocupantes e flexibilidade energética.

A implementação do SRI nos Estados-Membros (EM) proporcionará uma visão abrangente sobre o estado atual do parque imobiliário e a interação entre edifícios, ocupantes e redes, promovendo uma gestão energética mais eficiente. O SRI deverá sensibilizar para o valor inerente à inteligência dos edifícios e informar os ocupantes quanto às poupanças efetivas que podem ser alcançadas.

O projeto SRI2MARKET, cofinanciado pela União Europeia através do programa LIFE, tem como objetivo apoiar os EM alvo: Áustria, Chipre, Croácia, Espanha, França e Portugal na introdução do SRI na sua regulamentação nacional. Duas das ferramentas já desenvolvidas pelo projeto merecem destaque: um curso de e-learning sobre o SRI e uma ferramenta de avaliação do SRI, ambas disponíveis gratuitamente, com versão portuguesa, mediante inscrição em https://learning.sri2market.eu.

A ADENE – Agência para a Energia, enquanto parceira do SRI2MARKET e responsável pela sua implementação em Portugal, tem ainda um papel transversal em todo o projeto, sob o qual analisa os caminhos possíveis para a certificação SRI e as sinergias entre o SRI e os Sistemas de Certificação Energética (SCE) nos vários países. Uma avaliação preliminar sugere a preferência por um sistema de certificação que esteja total ou parcialmente integrado com os SCE. Independentemente do nível de integração, três aspetos são considerados críticos para o processo de certificação do SRI: o impacto na redução de energia e emissões, o formato e conteúdo do certificado e os custos de implementação e operação do sistema. Foi também identificado o potencial de sobreposição entre os dados de entrada necessários para os cálculos da Certificação Energética (CE) e SRI, reduzindo o esforço adicional dos peritos quando avaliam o SRI. Portugal revelou-se como um dos países onde este potencial é mais evidente, em resultado dos requisitos já existentes para alguns edifícios, no que toca aos Sistemas de Automatização e Controlo dos Edifícios (SACE).

Em todos os cenários e países foram identificadas características-chave, como a influência dos resultados da CE na avaliação do SRI, o uso e troca de informações entre as bases de dados de CE e o SRI e o desenvolvimento cuidadoso do design do certificado. Torna-se assim necessário focar os esforços na harmonização do sistema final, bem como na implementação de plataformas de comunicação eficazes e na integração de dados entre o SRI e a CE.

 

As opiniões expressas são da responsabilidade dos autores e
não reflectem necessariamente as ideias da revista Edifícios e Energia.

ESTE ARTIGO CONTA COM O APOIO DA ADENE
Autores: João Alpalhão, Técnico Especialista e João Cleto, Gestor de Projetos na Direção de Estratégia, Políticas e Projetos –
Fotografia: © Shutterstock