Depois do melhor ano de sempre para as bombas de calor, um novo mercado começa a definir-se. Uma triangulação a que se junta o Solar Térmico e o Solar Fotovoltaico. Mas será que esta competição é uma realidade? Por agora, tudo indica que a complementaridade entre os sistemas é a melhor resposta e, neste puzzle, o Solar Térmico mantém-se em jogo e com muitos trunfos. As empresas já estão a ajustar-se.

 

Depois do melhor ano de sempre para as bombas de calor, um novo mercado começa a definir-se. Águas quentes sanitárias, climatização e electricidade juntam-se e as empresas já se estão a adaptar. Consideradas equipamentos de energia renovável, as bombas de calor estão em força e o seu crescimento é exponencial cá e em toda a Europa. O exemplo da Alemanha é paradigmático com um crescimento de 17% em 2017, segundo a associação do sector, BWP. O país espera atingir, em 2019, um milhão de bombas de calor instaladas. O ponto é que existem ainda, no país, 7,5 milhões de caldeiras a gás que se prevê virem a ser substituídas por esta tecnologia. Uma realidade diferente em cada país, mas uma tendência que se vai acentuando de ano para ano. A facilidade de instalação, a pouca manutenção, o preço e outros factores fazem das Bombas de Calor para águas quentes sanitárias um negócio apetecível. A juntar, a electrificação das nossas cidades e edifícios, as novas tendências de projecto, de gestão técnica, as novas tecnologias e os NZEB (Nearly Zero Energy Buildings) vêm criar um novo frenesim comercial. A nova Directiva para os edifícios também. De repente e pela primeira vez, o Solar Fotovoltaico, o Solar Térmico e as Bombas de Calor começam a competir entre si. Ou a complementar-se, como vamos ver. Uma triangulação na qual o rendimento em termos de energia gerada, os custos, a manutenção e a capacidade de dar resposta ao conforto são alguns factores que estão em cima da mesa no momento da decisão. Uma coisa é certa, as grandes empresas estão a fazer aquisições e a investir em novos produtos. A estratégia passa por estar nas três frentes e isto muda muita coisa a vários níveis.

Há, de facto, um novo caminho a acontecer quando falamos em energia e edifícios. As boas práticas apontam num sentido e a estratégia europeia também, mas deverá ser apenas o mercado a empurrar-nos e a dizer-nos para onde devemos ir? É normal que assim seja na maioria dos sectores, só que, aqui, temos uma variável de peso: uma activo e um recurso que não podemos ignorar. Um recurso que temos a obrigação de não deixar cair num óptica de responsabilidade e de sustentabilidade. Não deveria o Estado promover o sol? Agilizar novos modelos de negócio, dar-lhes forma jurídica, promover todas as tecnologias renováveis?… Mas orientar e criar equilíbrios fazem parte da regulação e da gestão pública. Por mais virtuosas que sejam todas as soluções, não corremos o risco de atropelar umas e favorecer outras? A eficiência, a inovação, o retorno ao investimento e a sustentabilidade nem sempre estão alinhadas. Por vezes, precisam de uma ajuda extra. E esse é o papel do Estado. A indústria faz o seu papel e bem. Defende a sua tecnologia, que hoje é altamente importante para o nosso progresso.

Está, claramente, a haver um desinvestimento no Solar Térmico. Daquilo que apurámos, ainda não há soluções que respondam a todas as necessidades de uma forma independente e integrada e, por isso, saber combiná-las com responsabilidade pode ser o caminho e, porventura, o mais harmonioso, por agora. Haja vontade.

A esta triangulação, juntam-se os NZEB. O Solar Térmico, o Solar Fotovoltaico e as Bombas de Calor têm este desafio. Uma relação e um equilíbrio nem sempre fácil. Se não, vejamos: já sabemos que a construção nova, ao contrário do que se pensava há cinco anos, está a arrancar e em força. E vai continuar. Por cá, em 2018, houve mais cerca de 70 % de processos de licenciamento comparativamente com o ano anterior. Sabemos também que, já em 2020, todos os edifícios novos deverão ser altamente eficientes, como define a Directiva Europeia, e, para isso, deverão ter um balanço energético próximo do zero. Um conceito muito controverso, mas que vai mudar muita coisa (ver caixa).

SOLAR TÉRMICO

No momento em que as Bombas de Calor para aquecimento de águas foram consideradas equipamentos de origem renovável, a competição com o Solar Térmico era inevitável. Um sector que cai a pique quando termina a Medida Solar Térmico 2009 com uma dotação de 100 milhões de euros. Mais nenhum incentivo relevante se seguiu por parte do Estado. Mais nenhuma estratégia apareceu, embora a obrigatoriedade para a habitação nova se tenha mantido. Com a falta de construção nova que marcou os anos seguintes, o Solar Térmico passa de desígnio a abandono.  Quando a retoma se começa a sentir, os regimes de excepção no sector da reabilitação que desobrigam a instalação do solar não ajudaram. O Solar Térmico não renasceu como se esperava. Tem havido crescimento em alguns países, mas não o suficiente. E, mesmo assim, os altos e baixos fazem-se sentir. De acordo com a Solar Heat Europe (antiga ESTIF – European Solar Thermal Industry Federation), o ano de 2017 significou uma diminuição de 24 % do número de novas instalações em toda a Europa. Apesar dos números negativos, a realidade varia. Há mercados com balanço positivo. Segundo a Apisolar, Portugal está a crescer com a construção nova, apesar da dificuldade que existe em obter números exactos.

De facto, a retoma apareceu, mas o Solar Térmico não tem acompanhado o seu crescimento como seria previsível. Entre as principais barreiras poderá estar um investimento mais elevado, a falta de sensibilização dos consumidores para as vantagens ambientais ou de rendimento da energia solar térmica e a pouca disponibilidade dos instaladores na sua promoção, denuncia o sector. A par disso, os fabricantes chineses ganham espaço e a concorrência de outras tecnologias de fontes renováveis é cada vez mais feroz, o que poderá estar a tornar a energia solar térmica numa opção menos atractiva para o utilizador e, até, para o instalador.

O futuro do Solar Térmico pode passar pela redução dos custos da tecnologia e da instalação, defende a Solar Heat Europe. Mas a Apisolar está confiante: com a introdução dos NZEB, “temos excelentes perspectivas!”.

Para além das Bombas de Calor, há outra peça fundamental que começa a escalar terreno. As vantagens do autoconsumo no sector fotovoltaico, a facilidade de financiamento e uma tecnologia cada vez mais acessível com poucas necessidades de manutenção poderão ser alguns argumentos. Alguma insuficiência na produção de energia eléctrica nos períodos de ponta e a questão do armazenamento são ainda as principais barreiras no sector da habitação. Mas não há dúvidas: o Solar Fotovoltaico é uma resposta renovável séria para as cidades eléctricas, onde a interligação da mobilidade com os edifícios e a energia já são uma inevitabilidade.

MERCADO AJUSTA-SE

Improvável ou não, mercados tipicamente separados à nascença despertam e começam a juntar-se. Estas três tecnologias renováveis estão para ficar. Gigantes do Solar Térmico adquirem empresas de caldeiras e começam a produzir bombas de calor. O inverso também acontece com as grandes multinacionais do ar condicionado a desenvolverem bombas de calor para AQS e a entrarem na área do solar. Esta é a grande mudança que já está a acontecer e que vai marcar o mercado português nos próximos anos. O papel do instalador já está a ajustar-se.

Do lado do Solar Térmico, temos um sentimento de alguma preocupação. “O instalador não está a ajudar e prefere soluções mais rápidas, lucrativas e que não requerem tanta manutenção”, alerta a Apisolar.

Raposo Soares, projectista, elenca a manutenção e a assistência técnica como fortemente penalizadoras para as Instalações solares térmicas, “porque em Portugal raramente se faz uma manutenção correcta seja do que for! Muitas vezes, o seu funcionamento deficiente deve-se a vários motivos e causas que não são resolvidas em devido tempo. Como projectista, hesito sempre em prever o solar térmico, a não ser nos casos em que exista a garantia de uma boa manutenção. Uma comparação entre sistemas aparentemente diferentes obriga que se usem os critérios claros e princípios físicos comuns. Nas diferenças, haverá que as interpretar correctamente, para termos uma base credível em qualquer análise comparativa que façamos”.

O Solar Térmico poderá estar a perder terreno, mas tem ainda o forte argumento do rendimento. E aqui aparecem questões inevitáveis: onde vai estar a principal aposta e qual a solução que vai vingar? Será que vai ser apenas uma? Será que alguma delas consegue viver de uma forma autónoma sem precisar das outras? Como vão reagir os profissionais? E, sobretudo, como estão a conviver estes três sectores uns com os outros?

A Apisolar é peremptória: “Quando falamos das bombas de calor de AQS, estamos a falar exclusivamente dos monoblocos com acumulador de água para banhos, sem produção de água quente ou fria para efeitos de climatização. Estas, quando utilizam o ar que está dentro da habitação e não do exterior, não estão a desempenhar a sua função de equipamento renovável.

24%

foi quanto o solar térmico diminuiu em toda a Europa em 2017.

Acontece muitas vezes que essas bombas de calor captam ar do local onde estão instaladas, cozinhas ou arrecadações ou lavandarias, e, para podermos considerar que a produção de AQS via bomba de calor é renovável e poder substituir o solar, temos de garantir que o ar usado para aquecer a água vem 100 % do exterior… É um pressuposto que está na base de tudo o que está na Directiva e que nunca foi transposto correctamente para a legislação portuguesa de uma forma clara”. Para a Apisolar, esta é uma prática que não acontece e que esta associação pretende denunciar. “Não podemos perpetuar este equívoco que a ADENE (Agência para a Energia) se esforça por tentar resolver com as P&R (Perguntas e Respostas)”. Ainda para esta associação, “quando o ar para a troca de calor vem do interior da habitação, há uma concorrência desleal à partida. A fiscalização não se faz sentir e chegamos a ter casos de clientes que retiram caldeiras ou esquentadores para colocar Bombas de Calor, pensando ou entendendo que reduzem o consumo de energia por adquirirem um equipamento de energia renovável, e, na prática, o equipamento tem um desempenho à custa da energia paga para climatizar o local. Isto não é possível de se manter e os Peritos Qualificados têm de ser actuantes e formados para saber entender o que têm à frente. A falta de informação é enorme. Se o ar for de captação exterior, podemos garantir que estamos em pé de igualdade. A Apisolar defende que, à semelhança do que acontece no Solar Térmico, exista um certificado Keymark obrigatório também para as Bombas de Calor. O ensaio tem de ser o mesmo para todos e directamente comparável. Se todos aceitamos esta etiqueta azul para o Solar Térmico, para as Bombas de Calor deveria existir a mesma exigência, credibilidade e confiança”.

Na construção nova, estas questões já não se colocam. Nesse caso, os colectores solares térmicos são obrigatórios e, em alternativa, bombas de calor para águas quentes com um acumulador integrado e ensaiado como uma única máquina. Mas qual a tendência actual? Até porque o nosso padrão de habitação é muito diferente do padrão europeu. A nossa construção é diferente, as necessidades de climatização também e tipicamente temos casa maiores e com mais pessoas a habitá-las. Por outro lado, será que conseguimos ser eficientes e auto-suficientes apenas com uma solução?

Segundo a Apisolar, “a tendência neste momento do mercado está na escolha de duas bombas de calor: uma para a climatização do espaço (Aquecimento e Arrefecimento) e outra só de Águas Quentes Sanitárias. É a solução que mais se aproxima do que pode oferecer o Solar Térmico, com acumuladores de 150, 200 ou 300 litros”. E porquê? Para a Apisolar, as razões estão no rendimento. “Não nos devemos esquecer de que, com uma Bomba de Calor, o tempo de preparação da água quente é muito maior, podendo facilmente ser de 7, 8 ou 9 horas, normalmente as nocturnas para poder beneficiar das tarifas reduzidas”.

Para Raposo Soares, “não é correcto pormos em confronto instalações de Bombas de Calor versus Instalações de colectores solar térmicos. Como diria ser preferível referi-las como instalações de colectores solar térmicos, para destrinçar de instalações de painéis fotovoltaicos… A realidade actual mostra que estes dois tipos de instalações devem ser vistos como complementares, não como concorrentes, até para podermos dispor de duas tecnologias aparentemente diferentes e evitar dimensionamentos com modelos maiores e mais caros, ficando dependentes só de um tipo. Pode haver vantagens operacionais e financeiras em combinarmos os dois sistemas, perante o nosso poder de compra, condições de instalação particulares e de mercado no momento”. Para este projectista, “numa segunda habitação remota, até pode fazer sentido coexistirem os dois tipos de tecnologia, mas, em matéria de períodos de retorno de investimento, é para esquecer, o que não invalida a sua sustentabilidade, enquanto forem usados a funcionar bem”. Na opinião de Raposo Soares, o confronto entre os dois sistemas em termos do efeito-útil térmico final obriga que se usem os princípios da termodinâmica com lucidez, para haver uma base comparativa credível. E concluiremos facilmente que, para termos a necessária transferência térmica para uma dada produção de Águas Quentes Sanitárias, a relação das áreas absorsoras de painel fotovoltaico, que alimente uma bomba de calor, e de colector solar térmico, anda aproximadamente na relação de 2:1”.

Para a Apisolar, “com os NZEB, a tendência é caminharmos para as bombas de calor na climatização porque os apartamentos terão, à partida, um melhor isolamento e vão necessitar de menos energia para a climatização, podendo inclusivamente ter uma maior fatia para o arrefecimento, comparando com o aquecimento, mas as águas sanitárias serão, sem dúvida, onde se vão verificar as maiores necessidades”.

Por sua vez, Eduardo Oliveira Fernandes, professor Emérito do Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, ex-secretário de Estado da Economia, para a Energia e Inovação e ex-secretário de Estado do Ambiente, é da opinião de que “precisamos de energia de conforto, mas em que as necessidades de frio em Portugal são mínimas. Não podemos fazer a casa que queremos e, depois, colar uma panóplia de equipamentos”. Para este especialista, é preciso identificar a questão pela sua raiz. “Os NZEB são um crime! A suficiência energética é o primeiro passo. Temos, em primeiro lugar, que saber o que o edifício pode fazer por si próprio. O edifício é uma particularidade do local em primeiro lugar. Tem várias finalidades de utilização e evidentemente que alguns edifícios são mais fáceis para algumas locações do que para outros, mas o edificado continua a ser um prolongamento da paisagem e um prolongamento do território. Esta é a base do conhecimento. E, portanto, quando se faz um edifício, devemos fazê-lo com esse respeito, sabendo de antemão que não se trata de um emaranhado de arames nem uma junção de habilidades mais ou menos feita por aprendizes. Se isto estiver bem percebido, é apenas a partir daqui que devemos pensar na energia de que precisamos. Em primeiro lugar, devíamos privilegiar o sol! Porque temos uma temperatura espectacular. Conforme nos mostra a literatura e a experiência de países mais avançados, a evolução da térmica ou da energia dos edifícios tem sido determinante na eliminação das perdas. E este percurso Portugal não o quis fazer. Estamos a falar em isolamentos e orientações, elementos centrais na redução dos usos de electricidade nos edifícios. Em relação à água quente, a utilização do sol reduz em um terço a energia necessária para compensar as perdas da envolvente.  Este é um dado comprovado”.

O que vamos viver em termos de construção nos próximos anos vai abrir-nos novas oportunidades. Temos de produzir, por um lado, e compensar, por outro, e a compensação vai vir pelo solar. Não estamos preocupados”, reforça a Apisolar.

Para a Apisolar não há volta a dar. “Existem duas formas para conseguir uma habitação NZEB: através do isolamento, tornando a habitação impermeável aos agentes externos, mas carregando os custos daí inerentes, inclusive com sistemas de renovação com tratamento de ar; ou com menos isolamento e adicionando equipamentos – bomba de calor, caldeiras de condensação – ou ar condicionado e Solar Térmico ou a referida Bomba de Calor apenas para Águas Quentes Sanitárias. O mercado vai ter de aprender o que é o NZEB. O que vamos viver em termos de construção nos próximos anos vai abrir-nos novas oportunidades. Temos de produzir, por um lado, e compensar, por outro, e a compensação vai vir pelo solar. Não estamos preocupados”, reforça a Apisolar. “A Bomba de Calor vai estar [presente] inevitavelmente, mas não vai ser capaz de fazer tudo sozinha. O térmico e o fotovoltaico vão ajudar”. Para a Apisolar, “o Solar Térmico não tem a vida dificultada porque é muito mais eficiente do que o Solar Fotovoltaico. O m2 do térmico equivale a 700W. Temos uma relação mais de três vezes superior em termos de rendimento para o lado do Solar Térmico”.

Raposo Soares introduz o tema da eficiência definida e medida em bases regulamentares dos sistemas e considera que esta eficiência vai revelar-se sempre como factor competitivo e de distinção entre marcas, modelos e soluções disponíveis no mercado, mas não será o mais decisivo. Para este especialista, “convém ter presente que, hoje em dia, todos os produtos colocados no mercado são já produzidos mediante sistemas de qualidade certificados de origem para além de credenciações específicas atribuídas por entidades/instituições terceiras, reconhecidas internacionalmente à luz das normas aplicáveis. Estamos, assim, a caminho de um novo paradigma, em direcção à via eléctrica, que se espera, cada vez mais, de origem renovável, seja para que efeito útil for. Mas, no meio de tudo isto, é preciso saber distinguir o que são energias renováveis e não renováveis. É fundamental evitar quaisquer branqueamentos neste domínio. Na realidade, não existem carros eléctricos com zero-emissões! Em questões ambientais, temos de ser precisos na sua monitorização e avaliação (até como resposta aos delactores) de modo a garantir os níveis de uso/exploração sustentáveis dos vários sistemas que são publicitados. Ou seja, temos de ter muito respeito pelo mercado em que a abordagem e a análise terão de basear-se em dados de referência honestos, para podermos ter conclusões igualmente honestas. Há um caminho exigente a ser feito por todos, o que nos obriga a estarmos permanentemente atentos e esclarecidos”.

Eduardo Oliveira Fernandes, defensor acérrimo do solar, acredita que devemos sempre considerar o Solar Térmico e o Solar Fotovoltaico em conjunto. Para ele, “não há soluções completas e perfeitas quando incluímos um factor essencial: o rendimento. O Solar Fotovoltaico deve ser utilizado para a electricidade, porque pouco mais se pode fazer. O seu rendimento na melhor das hipóteses é 10 % e o rendimento do Solar Térmico pode chegar aos 60 %. Se é para produzir energia eléctrica, coloque-se equipamento para produzir electricidade, se é para produzir calor, então coloquem-se equipamentos para produzir calor. A climatização depende do que estiver em jogo. Com o Solar Fotovoltaico, posso ter Bombas de Calor”, conclui.

A climatização ou as empresas tipicamente ligadas a esta área vêem agora a necessidade de incluir novas peças e soluções nas suas gamas de produtos. Peças que se ligam e que devem dar resposta àquilo que está a acontecer. O mercado está a mudar e os instaladores são uma parte importante nesta mudança. Com tantas variáveis em jogo, os arquitectos, os projectistas e todos os outros agentes do mercado têm novos desafios pela frente. A capacidade em encontrar novos caminhos, procurar mais informação e mais conhecimento é hoje uma necessidade inevitável.

Lei nº 52/2018 – Artigo 16.º

“Edifícios com necessidades quase nulas de energia (vulgarmente conhecidos como NZEB)

1- O parque edificado deve progressivamente ser composto por edifícios com necessidades quase nulas de energia.

2- São edifícios com necessidades quase nulas de energia os que tenham um muito elevado desempenho energético, determinado nos termos do presente diploma, em que as necessidades de energia quase nulas ou muito reduzidas são em larga medida satisfeitas com recurso a energia proveniente de fontes renováveis, designadamente a produzida no local ou nas proximidades.

3- Devem ter necessidades quase nulas de energia os edifícios novos licenciados após 31 de dezembro de 2020, ou após 31 de dezembro de 2018 no caso de edifícios novos na propriedade de uma entidade pública e ocupados por uma entidade pública.

4- Os membros do Governo responsáveis pelas áreas da energia, do ordenamento do território e das finanças aprovam por portaria o plano nacional de reabilitação do parque de edifícios existentes para que atinjam os requisitos de edifícios com necessidades quase nulas de energia, estabelecendo objetivos finais e intermédios, diferenciados consoante a categoria de edifícios em causa, e incentivos à reabilitação.

5- Os edifícios com necessidades quase nulas de energia são dotados de:

  1. a) Componente eficiente compatível com o limite mais exigente dos níveis de viabilidade económica que venham a ser obtidos com a aplicação da metodologia de custo ótimo, diferenciada para edifícios novos e edifícios existentes e para diferentes tipologias, definida na portaria a que se refere o número anterior; e de
  2. b) Formas de captação local de energias renováveis que cubram grande parte do remanescente das necessidades energéticas previstas, de acordo com os modelos do REH e do RECS, de acordo com as seguintes formas de captação:
  3. i) Preferencialmente, no próprio edifício ou na parcela de terreno onde está construído;
  4. ii) Em complemento, em infraestruturas de uso comum tão próximas do local quanto possível, quando não seja possível suprir as necessidades de energia renovável com recurso à captação local prevista especificamente para o efeito”.