A descentralização da energia e produção local são tendências claras que estão a mudar o paradigma energético. Neste cenário, o fotovoltaico tem sucesso assegurado, todavia os entraves burocráticos e a inoperância dos sistemas ameaçam a sustentabilidade do mercado. Os especialistas residentes comentam a análise à dinâmica deste sector.
O solar fotovoltaico parece continuar a ser o parente pobre da energia renovável, neste momento, ainda apetecível apenas para autoconsumo sem armazenamento. Apesar de os painéis fotovoltaicos terem descido significativamente de preço, o armazenamento não é tão atraente do ponto de vista do binómio custo-benefício.
Descarbonizar a economia passa por descarbonizar a energia que usamos. E, como sabemos e referimos anteriormente, há três formas diferentes de o fazer: i) apostar na produção de energia através de fontes renováveis, ii) melhorar a eficiência na procura de energia e iii) reduzir o consumo.
Segundo alguns especialistas, a política de eficiência energética pode, por si só, permitir uma redução de cerca de 40 % das emissões atuais de carbono. A descarbonização obrigará até 2050 a um corte de cerca de 70 % nas atuais emissões de carbono, pelo que a descarbonização parece possível a curto prazo com políticas adequadas.
A mobilidade elétrica, que muitos apontam como uma grande solução para a descarbonização, parece-nos ainda uma miragem que precisa de elevados avanços tecnológicos e cujo impacto ambiental está para analisar de forma séria.
O Estado e a Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) são sempre os suspeitos do costume para o que corre menos bem nestas matérias da energia, não sabemos se por falta de visão ou se por (des)orientação política, dado que a relação com os Peritos Qualificados (PQ) tem sido nula e os políticos que têm ocupado a pasta da Energia nem sempre têm a cultura e o sentido de serviço público adequado para desenhar objetivos concretos.
A estratégia de edifícios de energia zero passará pela contratação de energia renovável fotovoltaica ou outra a grandes produtores de energia renovável cuja estratégia está a ser delineada nos gabinetes políticos. Daqui também deriva a falta de definição legislativa.
Nestas matérias, temos na ideia que a política portuguesa tem sido entalada entre os grupos de pressão em Portugal e os grupos de pressão europeus, daí a inoperância a que temos assistido.
A estratégia de edifícios de energia zero passará pela contratação de energia renovável fotovoltaica ou outra a grandes produtores de energia renovável cuja estratégia está a ser delineada nos gabinetes políticos. Daqui também deriva a falta de definição legislativa.
Por último, salientamos a hipocrisia do Governo português, que, para além de ignorar práticas de eficiência energética no edificado público, mantém o Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA) nos 23 %, como se tivéssemos a tratar de artigos de luxo.
A constante mudança na legislação, em termos de benefícios obtidos por via fiscal, criou bastante desconfiança e incerteza nos investidores que pretendem apostar nas instalações de sistemas solares fotovoltaicos, quer nos edifícios de habitação, quer nos edifícios de serviços.
Enfim, banalidades específicas e particulares que vamos pagando sem qualquer contrapartida.
As opiniões expressas são da responsabilidade dos autores e não reflectem necessariamente as ideias da revista Edifícios e Energia.