Uma queda de 4 % marca o comportamento do mercado mundial de energia solar térmica em 2020, no entanto, e apesar da pandemia, nem todos os países registaram números negativos. Portugal foi um dos mercados que cresceu no ano anterior, a par da Alemanha, Brasil, Chipre e Países Baixos. Os números constam do relatório Solar Heat Worldwide 2021.
Segundo a publicação anual do IEA Solar Heating and Cooling Programme, que avalia dados de 68 países, Portugal foi um dos países a registar um crescimento no mercado de energia solar térmica em 2020 face a 2019, com um aumento de 1,1 % nas vendas do sector – um valor longe do aumento de 8,8 % alcançado em 2019 nas vendas nacionais, mas que, em plena pandemia, é, ainda assim, acima da linha de água.
Alemanha (+25,8 %), Brasil (+7,3 %), Chipre (+6,7 %), Países Baixos (+ 6,5 %), Turquia (+2,2 %) e Palestina (+1,5 %) acompanharam a tendência positiva registada em Portugal. Entre as razões apontadas pelo estudo, estão as políticas de apoio implementadas pelos países e, nos casos da Turquia e Brasil, por um aumento da procura por sistemas solares para AQS (águas quentes sanitárias) motivada pelo facto de as pessoas passarem mais tempo em casa e terem optado por fazer melhorias.
Ainda assim, estes números não foram suficientes para colocar o mercado mundial em terreno positivo. Isto porque China, Estados Unidos da América, Índia e Austrália registaram quedas nas vendas no ano que passou, arrastando as vendas globais numa queda de 4 % face a 2019.
No final de 2020, estavam em operação, por todo o mundo, 501 GWth de sistemas solares térmicos (o correspondente a 715 milhões de m2 de área instalada), que permitiram poupar 43,8 milhões de toneladas de petróleo e evitar 141,3 milhões de toneladas de emissões de CO2. Segundo a mesma fonte, no final de 2019, o sector era responsável por cerca de 400 mil postos de trabalho em todo o mundo e registava um volume de negócios na ordem dos 13,4 mil milhões de euros.
Larga escala continua a ganhar terreno
Para além das aplicações de pequena escala, que representam 60 % das instalações anuais mundiais, o relatório do IEA Solar Heating and Cooling Programme dá também conta de outras soluções que estão a levantar interesse no sector. É o caso das aplicações de larga escala, que, nos últimos anos, têm vindo a ganhar cada vez mais interesse no mercado, com a utilização de energia solar térmica em redes de aquecimento urbanas e aplicações industriais a manter a tendência de crescimento também no ano anterior.
Em 2020, 70 novos sistemas de larga escala foram construídos, com uma capacidade total de 95 MWth, dos quais 33 foram instalados na China e 15 na Europa. O ano terminou com um total de 470 sistemas de larga escala conectados a redes urbanas de distribuição de calor ou a conjuntos de edifícios residenciais, de serviços ou edifícios públicos. Em termos de área e capacidade instaladas, tal corresponde a 2,4 milhões de m2 e 1 710 MWth, respectivamente.
Também no segmento industrial, o solar térmico é uma opção em crescendo. Em 2020, mais 74 sistemas para calor de processo foram instalados. Segundo o estudo, existem agora, pelo menos, 891 destes equipamentos em operação, perfazendo uma área total de 1,13 milhões de m2. Em Portugal, existem apenas quatro instalações em deste tipo em funcionamento, refere a publicação.
Por sua vez, com mais de dois mil sistemas comissionados no ano passado, a tecnologia híbrida que junta o solar térmico ao solar fotovoltaico (PVT) cresceu, a nível global, numa média de 9 % entre 2018-2020. No final de 2020, a área de colectores PVT instalados superava os 1,275 milhões de m2, em termos globais, sendo que, em Portugal, estavam instalados 452 m2 desta tipologia de colectores.
Lançado pela primeira vez em 2005, o Solar Heat Worldwide é uma publicação anual do IEA Solar Heating and Cooling Programme, que conta com o apoio de 19 países, Comissão Europeia eoito organizações internacionais. Na edição deste ano, podem ser consultados números sobre o desenvolvimento do mercado e principais tendências em 2020 e ainda números detalhados do sector referentes a 2019. O relatório pode ser consultado na íntegra aqui.
Fotografia de destaque: ©SOLID Solar Energy Systems