O Museu Nacional dos Coches foi o local escolhido para o pontapé de saída do projecto SIMIACCI (Sustainable Intelligent Management of Indoor Air Quality for the Culture and Creative Industries, em português Gestão Inteligente e Sustentável da Qualidade do Ar Interior para as Indústrias Culturais e Criativas). Durante os próximos quatro anos, esta iniciativa vai procurar melhorar a eficiência no controlo da qualidade do ar interior em galerias, bibliotecas, arquivos e museus europeus.
Nos dias 23 e 24 de Janeiro, a Associação do Instituto Superior Técnico de Lisboa para a Investigação e Desenvolvimento (IST-ID), coordenadora do projecto, organizou no Museu Nacional dos Coches, em Lisboa, um evento que reuniu 15 parceiros de toda a Europa para discutir os objectivos do SIMIACCI, partilhar ideias e planear o roteiro para os próximos quatro anos.
No rescaldo da reunião, o projecto lançou um comunicado no qual explica que “a transição para práticas ecológicas é uma exigência premente em todos os sectores da economia da União Europeia, incluindo as Indústrias Culturais e Criativas. Os GLAMs (Galerias, Bibliotecas, Arquivos e Museus) requerem uma quantidade significativa de energia para controlar compostos orgânicos voláteis (COVs), óxidos de nitrogénio (NOx), sulfureto de hidrogénio (H2S) e níveis de humidade essenciais para a preservação dos artefactos do património cultural. As soluções tradicionais para a qualidade do ar interior frequentemente não são eficientes e têm um impacte ambiental elevado”.
O SIMIACCI surge com um portefólio de tecnologias inovadoras para transformar a gestão da qualidade do ar interior. As principais soluções incluem:
- Utilização de materiais inovadores (Estruturas Metálicas Orgânicas) para capturar poluentes prejudiciais. O projecto explica que “estes materiais são compostos por átomos de metal ligados por moléculas orgânicas e são adsorventes avançados para capturar COVs nocivos, mitigar os óxidos de nitrogénio e capturar sulfureto de hidrogénio em cenários reais”;
- Desenvolvimento de modelos preditivos e sensores para monitorizar e gerir os níveis de contaminantes: ferramentas para prever as concentrações de contaminantes e fornecer recomendações de conservação com base em dados em tempo real dos sensores;
- Design de sistemas modulares que atendem as necessidades técnicas e ambientais para o controlo da qualidade do ar;
- Criação de novos modelos de negócios que combinem essas soluções, “integrando estratégias de mercado suportadas por análises económicas, ambientais e sociais abrangentes”.
No âmbito do SIMIACCI, serão desenvolvidos 20 protótipos, apresentados em 7 GLAMs de diferentes tamanhos e contextos por toda a Europa. “Estas demonstrações fornecerão provas concretas de soluções eficientes em termos de energia e recursos, reduzindo a procura de energia em 30 a 50 % e prolongando o tempo de conservação dos artefactos do património cultural”, referem os responsáveis do projecto no comunicado.
Para além do Museu Nacional dos Coches, foram seleccionados para integrar este projecto na fase de testagem final do produto o Deutsches Museum–von Meisterwerken der Naturwissenschaft und Technik, na Alemanha, e o National Technical Museum, na Chéquia. A qualidade do ar vai ser medida e avaliada em exposições dedicadas.
Esta iniciativa envolve um consórcio composto por 18 entidades – entre faculdades, museus, galerias, laboratórios, centros nacionais de investigação e ciência, empresas tecnológicas – liderado pelo Instituto Superior Técnico. Com uma linha de financiamento concedida pelo programa Horizonte Europa, o valor total do projecto é estimado em cerca de 4 milhões de euros.
Fotografia de destaque: © SIMIACCI