A arquitecta Rita Gomes foi a vencedora dos Prémios Europeus de Energia Sustentável na categoria Mulheres na Energia. À Edifícios e Energia salienta que esta distinção demonstra que o seu projecto “está no caminho certo para causar um impacto significativo no domínio da sustentabilidade”. 

Os Prémios Europeus de Energia Sustentável distinguem pessoas e projectos que sejam notáveis pela sua inovação e empenho em termos de eficiência energética e energias renováveis. Para Rita Gomes, este prémio “é a validação de que os nossos esforços estão alinhados com os objectivos da União Europeia em matéria de sustentabilidade, criatividade e inclusão, demonstrando que estamos no caminho certo para causar um impacto significativo neste domínio”. 

Tendo vencido na categoria de Mulheres na Energia, a arquitecta alerta: “trabalhar no sector energético como mulher tem os seus desafios”. Isto porque, como diz Rita Gomes, “as mulheres ainda enfrentam estereótipos sobre os papéis e capacidades na tecnologia, levando à subestimação nas discussões técnicas e estratégicas”. 

Contudo, decidiu transformar estes entraves em oportunidades “para gerar contribuições significativas e o prémio vem dar especial atenção ao contributo feminino e apoiar a igualdade de oportunidades em projectos inovadores no sector da energia”. 

A arquitecta criou a Seenergy no ano passado, uma startup que “representa o culminar de 10 anos de experiência em arquitectura e do compromisso em criar soluções de design exclusivo sustentáveis, que integram sistemas de energia renovável em mobiliário decorativo”, conta Rita Gomes à Edifícios e Energia. 

Na Seenergy são concebidas peças de mobiliário que aparentam ser convencionais, mas que têm uma particularidade: são capazes de armazenar e converter a luz solar numa fonte de energia. Mas como? A magia está presente nas células solares sensibilizadas por corantes (DSSC) incorporadas nas peças de mobiliário e de arte, que imitam o processo de fotossíntese nas plantas, em que a clorofila verde converte a luz em açúcar para as plantas. Neste caso, estas células coloridas convertem a luz em electricidade. 

E há ainda uma outra particularidade a destacar. Não é necessário que as peças de mobiliário estejam directamente expostas à luz solar, ao contrário dos painéis solares normais, o que faz com que estes produtos também possam ser utilizados em espaços interiores. “Esta combinação de design e tecnologia permite desenvolver produtos esteticamente apelativos que enriquecem os espaços habitacionais, mas também contribuem activamente para a redução da pegada de carbono”, refere a arquitecta, acrescentando que é fundamental a integração de design e tecnologia sustentável: “a estética desempenha um papel crucial na aceitação e adopção das tecnologias renováveis, produtos que combinam funcionalidade com um design atraente são mais propensos a serem adoptados pelo público em geral, e esta sinergia é crucial para enfrentar os desafios ambientais actuais e garantir um futuro sustentável para as próximas gerações”. 

Quanto ao futuro, Rita Gomes não esconde que a Seenergy tem planos ambiciosos, tanto a médio como a longo prazo. Nos próximos dois anos, o foco estará na consolidação do processo de produção e comercialização dos produtos. “Este período inclui a finalização do protótipo e início da fabricação de várias peças de arte, bem como a parceria com empresas do sector e distribuidores para expandir o alcance no mercado”. Já a longo prazo, o sonho é estender o projecto ao mercado internacional, aprimorando a eficiência e a estética das peças e garantindo que estas estejam ao alcance da carteira dos consumidores. Rita Gomes conclui com a vontade de explorar novas aplicações desta tecnologia em arquitectura, construção e mobiliário urbano, no sentido de “democratizar o acesso à energia proveniente de fonte solar”.