A actual situação que o mundo vive possui alguns contornos que lhe conferem uma imprevisibilidade enorme.
Na sua causa está um vírus, sobre o qual, ainda hoje, a comunidade científica e, naturalmente, todos nós nos questionamos, hesitantes:
- Verdadeiras causas da sua origem?
- Verdadeiro timing do seu aparecimento?
- Real índice de contágio na sua origem?
- Verdadeira noção da sua potencial resistência temporal?
Já tendo a exacta noção da gravidade sanitária que o atingiu globalmente, o homem procura desenfreadamente “entender” o adversário e criar todas as armas para o controlar. O mesmo homem, através da sua ciência e experiência do passado, sabe bem que “destruí-lo” não será para tempos próximos, nem se será mesmo possível.
As enormes capacidades e velocidades de comunicação actuais só nos mostraram opiniões e comportamentos contraditórios. Estar continuadamente a alimentarmo-nos de tais informações só nos tem baralhado o espírito e contribuído para uma falta de lucidez, objectividade e racionalidade.
Temos, sim, sido solidários, cumpridores das orientações, mesmo que, às vezes, estas sejam transmitidas de uma forma algo confusa e, em muitos casos, adaptativos.
Na nossa profissão da área de projecto, já muitos sentiram os inevitáveis cancelamentos e adiamentos. No entanto, precisar-se-á que os últimos não se transformem nos primeiros e, mesmo que concretizados, os nossos clientes, necessitando a todo o custo de manter alguma da sua liquidez, estejam dispostos a pagar atempadamente o nosso trabalho.
Assim, quanto ao futuro, próximo ou mais distante, honestamente não sei o que se nos reserva… e pergunto: alguém dirá que sabe?
Para um engenheiro, será fácil compreender que, enquanto não se conhecem os “porquês”, como se podem apresentar ou prever soluções? É exactamente por isto que tudo são incertezas.
Mesmo com a mudança de conceitos, por exemplo, o teletrabalho na nossa actividade, apesar das enormes potencialidades das ferramentas que utilizamos, não será fácil. Perder-se-á a parte do trabalho em equipa presencial que se entende como essencial.
Mesmo com uma pertença retoma, que já se vaticina ser mais rápida que a do passado recente, jamais gostaria de pensar que, após tudo isto, promotores, investidores e donos de obra sentissem que poderiam ter projectos por metade da metade do preço. Aí, o futuro não nos irá sorrir e, se o nosso inimigo sanitário continuar activo, poderemos ir, quase todos, para uma dupla confinação domiciliária, sem estado de emergência.
As conclusões expressas são da responsabilidade dos autores.
