Mesmo com a declaração do Estado de Emergência, a construção não parou por ser considerada um sector indispensável. Mas nem tudo está na mesma e o abrandamento já se faz sentir em algumas empresas de materiais de construção. No entanto, as opiniões são unânimes: “não parar agora vai ajudar o sector no futuro”.

O Estado de Emergência foi decretado em Portugal no dia 18 de Março e deverá prolongar-se até ao mês de Maio. A construção tem continuado a sua actividade, assim como as empresas que servem este sector. No entanto, a incerteza quanto ao futuro é cada vez maior, uma vez que não é possível fazer previsões, face a um vírus que continua a matar e a ser combatido.

Numa mensagem publicada no site da Associação Materiais de Construção (APCMC), o seu presidente afirma que o facto de a construção, reabilitação e manutenção dos edifícios estarem incluídas na lista de actividades consideradas indispensáveis durante o Estado de Emergência, deixa o sector “livre de maiores males”. No entanto, Carlos Rosa alerta que, na “segunda vaga de dificuldades”, a económica, haverá “uma gradual diminuição de actividade e um também gradual aumento do risco de negócio”.

Por isso mesmo, e para evitar que as quebras sejam elevadas, o Grupo Preceram, que actua, sobretudo, na área do tijolo, também continua em funcionamento. Ávila e Sousa, director de marketing, explicou à Edifícios e Energia que “as empresas do Grupo (Preceram, Preceram Norte, Argex, Só Argilas, Gyptec, e Volcalis) continuam a exercer a sua actividade, mas com as restrições e condicionalismos que a situação actual exige, [tendo implementado] um conjunto de medidas para que, de uma forma segura, se continue a servir os clientes e consequentemente o sector da construção”. Ávila e Sousa refere que não parar “irá definitivamente ajudar a economia nacional a ter uma quebra menor. Se todos contribuirmos, sairemos desta anunciada crise da forma menos difícil”.

Uma linha de actuação que vai ao encontro da seguida também pela Reynaers Aluminium. A empresa de alumínios refere que se mantém em total funcionamento, e que, “agora mais do que nunca”, há que estar “lado a lado” com todos os parceiros “a bem da saúde pública e, também, da economia do país”. À Edifícios e Energia, Marta Ramos, marketing & expert center manager da empresa, revelou que notaram, no imediato, uma ligeira redução da actividade, mas que “é expectável uma redução abrupta no curto prazo”, sendo, no entanto, uma incógnita a sua duração. E é essa “janela de tempo” que, para a Reynaers Aluminium, “vai estar directamente dependente da retoma da economia”.

Também por isso, e face a essa incerteza, o presidente da OLI, marca de soluções de banho, considera que “o clima que se vive, de uma forma global, é de apreensão e contenção”. Para António Oliveira, “é previsível que o mercado imobiliário sofra um ajuste em baixa, o que naturalmente se reflectirá em toda a cadeia de abastecimento”, da qual a OLI faz parte. “Neste último mês, registámos uma ligeira diminuição do volume de vendas, sobretudo, no mercado de retalho. Já as vendas para o sector da construção e imobiliário mantêm-se”. O responsável partilha, por isso, do mesmo sentimento de todas as empresas: “neste momento, é difícil fazer uma previsão da dimensão deste abrandamento e do momento da retoma económica”.

Apesar da incerteza, as empresas consideram que manter a actividade e o sector a funcionar vai contribuir para que, quando as dificuldades económicas aumentarem, seja mais fácil recuperar os danos causados por uma pandemia que ninguém sabe quanto tempo mais vai durar.