A SolarPower Europe lançou recentemente um relatório no qual conclui que a aposta num sistema de energia limpa baseado nas energias renováveis, na flexibilidade e na electrificação é a melhor forma de trazer os benefícios da transição energética para as empresas e os cidadãos europeus e de garantir a competitividade e prosperidade da Europa. 

“A energia proveniente de fonte solar está a crescer muito mais rapidamente do que seria de esperar, uma vez que a expansão do mercado continua a surpreender todos os analistas”, começa por referir o documento da SolarPower Europe. Esta forte aceleração faz-se sentir, em particular, na União Europeia (UE): tendo atingido uma frota solar operacional de 269 GW em 2023, prevê-se que a UE controle quase 900 GW de capacidade solar até ao final da década, ultrapassando os objectivos solares nacionais e da UE.  

Entretanto, as tendências actuais do sistema eléctrico da UE, em conjunto com os objectivos da política climática e energética para 2030 e 2040, indicam que as fontes de energia renováveis variáveis – como a energia solar fotovoltaica e a energia eólica – vão fornecer a maior parte do abastecimento de electricidade da UE nas próximas décadas.  

Apesar dos objectivos que têm sido traçados para o aumento da produção de energia renovável, existem também desafios quando se fala da integração das energias renováveis, em particular da energia solar, no sistema eléctrico. “Já hoje, alguns Estados-Membros com níveis comparativamente elevados de penetração da energia solar fotovoltaica estão a começar a enfrentar problemas relacionados com a integração harmoniosa da produção variável de energias renováveis na rede”, indica o relatório.  

Assim, a SolarPower Europe realizou um estudo no qual explora a interação entre a implantação da capacidade fotovoltaica e a implantação e funcionamento de soluções de flexibilidade no sistema eléctrico da UE, tendo em conta os horizontes temporais de 2030 e 2040. Através de simulações de investimento e de operações horárias do sistema eléctrico da UE, durante um ano inteiro foram analisados três cenários com níveis crescentes de energia solar fotovoltaica e de soluções de flexibilidade. 

Os resultados do estudo realçam “o papel fundamental das soluções de flexibilidade num sistema eléctrico caracterizado por uma forte penetração da produção variável de energias renováveis”. Desta forma, concluíram os especialistas da SolarPower Europe que explorar o potencial de flexibilidade não só permite a implantação de mais energia de fonte solar, como também permite uma melhor utilização de electricidade abundante, limpa e barata. 

Recomendações para uma rede mais flexível 

Este estudo permitiu ainda que os investigadores formulassem algumas recomendações políticas no sentido de apoiar o investimento em energias renováveis e de soluções de flexibilidade da rede eléctrica. São elas: 

  • Estabelecer objectivos políticos para as energias renováveis e a flexibilidade da rede para 2030 e 2040 e que, em paralelo, sejam complementados com objectivos para as redes e o armazenamento; 
  • Melhorar o planeamento da rede e avaliar as capacidades dos operadores de sistemas, reguladores e decisores políticos; 
  • Investir na flexibilidade das energias limpas em todo o sistema energético, por exemplo, “os edifícios inteligentes não devem ser vistos apenas como activos flexíveis, mas também como centros de energia locais onde os picos de procura são satisfeitos pela produção local, ao mesmo tempo que estão ligados ao sistema energético e contribuem para a estabilidade da rede em tempo real”; 
  • Adoptar um plano de acção e investimento para a electrificação da UE – a SolarPower Europe sugere que no plano seja incluído um objectivo de electrificação directa de, pelo menos, 35% da procura final de energia até 2030 na UE, e de, pelo menos, 50% até 2040. 

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