No seguimento da reunião da Assembleia Geral em Bruxelas, o sector solar térmico divulgou o relatório de mercado para 2023. No documento, os fabricantes de sistemas solares térmicos da União Europeia (UE) apelam às autoridades públicas para que seja acelerada a descarbonização do calor proveniente de fontes renováveis.
O relatório, publicado pela Solar Heat Europe, fornece uma visão da evolução do mercado. Valérie Séjourné, directora-geral da Solar Heat Europe confessou que o impulso registado no mercado durante o ano de 2022 parece ter-se perdido em 2023: “tal como outros sectores do calor renovável, estamos a observar um crescimento demasiado lento da capacidade total instalada da nossa tecnologia na Europa até agora”.
Para inverter este lento crescimento, o sector apela a “sinais políticos claros e constantes” e incentivos ao calor solar, por parte das autoridades públicas, para que possa ser uma opção clara para fornecer uma fonte de energia eficiente, resiliente e produzida na UE, quer seja para edifícios, quer seja para utilizadores industriais.
Apesar do cenário pouco otimista retratado pelo documento, é referido que foram recentemente instalados 1,8 milhões de m2 de colectores solares térmicos por toda a Europa e que onze milhões de telhados já estão equipados com colectores solares térmicos, algo que se traduz em 41 GWth de energia limpa proveniente da luz do sol. Este crescimento foi apoiado por projectos encomendados nos mercados de grande escala, que incluem várias redes de aquecimento urbano solar na Alemanha e na Áustria, bem como vários projectos de descarbonização da indústria em diferentes países europeus, tendo os maiores atingido 11 e 30 MWth, em França e Espanha, respectivamente.
“Embora tenhamos assistido a diferentes dinâmicas de mercado entre países e segmentos de mercado, o ritmo da descarbonização do calor está muito longe do que a Europa precisa para atingir os seus objectivos climáticos e de segurança energética, especialmente quando muitas empresas que fabricam essas tecnologias são pequenas e médias empresas sediadas na UE”, assegura Valérie Séjourné.
Centrando-se numa visão para o futuro, o sector solar térmico congratula-se com o pacote Fit for 55. Segundo o relatório, esta iniciativa oferece “sinais claros” aos 27 Estados-Membros para a adopção de energias renováveis com os objectivos da Directiva das Energias Renováveis e da Directiva da Eficiência Energética, os requisitos para os municípios fornecerem Planos de Aquecimento e Arrefecimento, o Mandato Solar na Directiva sobre o Desempenho Energético dos Edifícios (EPBD), ou o Regime de Comércio de Emissões para a descarbonização da indústria.
Guglielmo Cioni, presidente da Solar Heat Europe, também se pronunciou a propósito da publicação do relatório, deixando um apelo aos responsáveis políticos: “o nosso sector fornece calor resiliente, fora da rede, produzido na UE e fiável. Apelamos aos decisores políticos a nível nacional para que lhe dêem um apoio claro, uma vez que todas as energias renováveis são necessárias nesta corrida para a neutralidade climática e todas devem ser igualmente apoiadas para uma transição energética resiliente e bem-sucedida”. O responsável diz que o calor representa metade das nossas necessidades energéticas e que o solar térmico pode satisfazer uma grande parte dessas necessidades. “Estamos ansiosos por trabalhar com os novos membros do Parlamento Europeu e com a futura Comissão para atingir estes objectivos, em linha com o nosso Manifesto ‘Solar Heat is SMART’“, concluiu.
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