Um conjunto de associações industriais e Organizações Não-Governamentais (ONG’s) apela à Comissão Europeia e aos Estados-Membro para que a eliminação gradual dos combustíveis fósseis no aquecimento e arrefecimento seja considerada uma prioridade. Em declaração conjunta, as associações lamentam que na comunicação da Comissão Europeia relativa ao objectivo climático para 2040 não tenha sido abordada “a tão necessária descarbonização do aquecimento e arrefecimento, que representam 80% do consumo de energia dos edifícios e 60% das necessidades energéticas totais das indústrias”.
No seguimento da declaração, vários representantes destas organizações pronunciaram-se sobre as medidas reivindicadas pelo sector. Hans Korteweg, secretário-geral do COGEN Europe, afirmou que, se a União Europeia (UE) quiser atingir emissões líquidas nulas no sector da energia entre 2040 e 2050, “deve dar prioridade ao sector do aquecimento e da refrigeração e acelerar os investimentos na eficiência energética e nas energias renováveis, incluindo a cogeração de elevada eficiência”. E acrescenta que o objetivo só poderá ser alcançado “através da adopção de uma abordagem integrada dos sistemas energéticos a nível local em todos os vectores energéticos, promovendo uma energia segura e a preços acessíveis para os consumidores, a indústria e as pequenas empresas europeias”.
As bombas de calor, o ar condicionado e os equipamentos de refrigeração produzidos pela indústria europeia parecem estar ao nível do desafio de descarbonização da UE. Quem o diz é o director-geral da Parceria Europeia para a Energia e o Ambiente (EPEE), Russell Patten: “estamos prontos para apoiar esta transição vital, fornecendo equipamentos a escolas, hospitais, lares e escritórios em todo o continente”, refere.
Olhando especificamente para o sector solar térmico, Valérie Séjourné, directora-geral da Solar Heat Europe, considera que este “está bem posicionado para contribuir ativamente para o objectivo de redução de 90% das emissões de CO2, com os seus produtos fabricados na UE e prontos a instalar, fornecendo calor resiliente, acessível e fiável a edifícios e indústrias em toda a Europa”.
Com o cenário pós-2030 em mente, na declaração conjunta as organizações europeias enunciam um conjunto de medidas que consideram necessárias: “acções específicas para financiar a eficiência energética, projectos de eficiência energética, de energias renováveis sustentáveis e de recuperação de calor nos sectores residencial, terciário e industrial, bem como para aumentar a escala das soluções eficientes de aquecimento e arrefecimento das comunidades de energia renovável (CER)”.
O desenvolvimento de estratégias integradas para a renovação de edifícios e a agilização da adopção de tecnologias para os consumidores vulneráveis e afectados pela atual crise económica são também algumas das medidas destacadas no documento.
Este “apelo à acção” por parte de organizações europeias tem como base um encontro que aconteceu em Maio de 2023 com Kadri Simson, comissária europeia para a energia, e onde onze organizações de energia apresentaram à Comissão Europeia um plano específico de descarbonização do sector do aquecimento e arrefecimento.
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