A taxa de materiais reciclados consumidos pela economia global registou uma queda de 21% em cinco anos, diminuindo de 9,1% em 2018 para 7,2% em 2023. A propósito da publicação do Circularity Gap Report 2024, a Circle Economy Foundation reitera que “sem uma acção ousada e urgente no sentido de mudar para uma economia circular, perderemos a oportunidade de alcançar objectivos sociais e ambientais mais amplos – desde a redução de emissões até ao aumento da utilização de materiais secundários”. 

Nos últimos anos têm aumentado as discussões, debates e artigos sobre a economia circular, reflectindo-se numa maior sensibilização e interesse pelo tema. Apesar de a circularidade se ter tornado numa “megatendência”, “os discursos e objectivos grandiosos ainda não se traduzem em acções no terreno e impactos mensuráveis”, admite a Circle Economy Foundation. “A grande maioria dos materiais extraídos que entram na economia são virgens”, com a percentagem de materiais secundários a diminuir de forma constante desde que o Circularity Gap Report começou a medi-la: de 9,1% em 2018 para 7,2% apenas cinco anos depois, em 2023. 

A realidade do ambiente construído 

Englobando habitações, edifícios públicos e comerciais e outras infraestruturas, o ambiente construído é um sector com um elevado impacto: a extração de minerais utilizados para produzir materiais de construção é responsável por um quarto da alteração global do uso do solo; aproximadamente 40% das emissões globais de gases com efeito de estufa (GEE) podem ser atribuídas à construção, utilização e demolição dos edifícios; e os processos de construção e demolição são responsáveis por quase um terço de todo o consumo de materiais. 

A Circle Economy Foundation defende que promover a circularidade no ambiente construído “deve dar prioridade a uma forte redução da utilização de materiais, ao mesmo tempo que se fecha o ciclo dos materiais e se privilegiam as escolhas de materiais secundários e renováveis”. Com esta convicção, a fundação apresenta quatro soluções-chave para o parque edificado: 

Tirar o máximo partido daquilo que já existe 

Reutilizar, reaproveitar, actualizar e renovar são as palavras de ordem, segundo abordagens circulares. Em novas construções, a prioridade deve ser dada a materiais secundários e as soluções de planeamento urbano devem seguir os princípios da concepção circular, de modo a que os edifícios possam ser reutilizados, reaproveitados e facilmente desmontados no futuro. 

Ser o mais eficiente possível em termos energéticos 

Começando logo pela fase de projecto, deve estar em mente a utilização de estratégias circulares para criar edifícios eficientes em termos de materiais e energia. Associar estas concepções a uma implementação de soluções de energia limpa e dar prioridade a aparelhos e equipamentos energeticamente eficientes. 

Utilizar materiais secundários 

Sempre que possível, aumentar a reutilização de edifícios e componentes de elevado valor: permitir a utilização de produtos de construção e demolição e garantir a possibilidade de a maior parte poder ser reciclada para evitar o uso de materiais virgens, como areia e cascalho. 

Priorizar materiais e abordagens circulares 

Passar a utilizar madeira renovável, ou outros materiais disponíveis localmente, em vez de aço e betão. A construção modular é incentivada, sempre que possível, assim como telhados “verdes” e estruturas leves que reduzam a utilização de cimento e aço. 

O Circularity Gap Report 

O primeiro Circularity Gap Report foi lançado em Janeiro de 2018 e estabeleceu que a taxa de materiais reciclados consumidos a nível global era de apenas 9,1%. Em 2023, a circularidade global caiu para 7,2%, conforme relatado pelo sexto relatório anual, reiterando que “sem uma acção ousada e urgente para mudar para uma economia circular, perderemos a oportunidade de alcançar objectivos sociais e ambientais mais amplos”.

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