O 4.º Congresso Internacional Giacomini reuniu mais de 150 especialistas das áreas da arquitectura, engenharia, construção e climatização na Porto Business School, em Matosinhos, para debater soluções rumo a edifícios mais eficientes e sustentáveis. O director-geral da Giacomini, Vasco Silva, fez um balanço do evento à Edifícios e Energia.
A premissa do encontro foi clara: o envelope térmico – o conjunto de elementos como paredes, telhados, janelas e pisos que asseguram o isolamento térmico e o conforto dos espaços – é o ponto de partida para a eficiência energética. Para Vasco Silva, este elemento é “crucial para o desempenho térmico global do edifício e, consequentemente, para o cumprimento das metas de eficiência energética”, sendo que a sua principal função consiste em “controlar as trocas de calor entre o ambiente interior e exterior, minimizando as perdas térmicas durante o Inverno e evitando ganhos de calor excessivos no Verão”.
Através de um envelope térmico bem projectado, que se distinga pela elevada resistência térmica, boa estanqueidade ao ar e protecção solar passiva integrada, é possível “manter condições de conforto no interior do edifício com menor dependência de sistemas activos de climatização, contribuindo assim para a redução do consumo energético e das respectivas emissões de gases com efeito de estufa”. O director-geral da Giacomini salienta ainda que a conceção do envelope térmico deve considerar factores como a orientação solar, os materiais e as necessidades específicas do edifício, assegurando um desempenho eficiente durante todo o ano.
Durante o evento, investigadores europeus das áreas da arquitectura, engenharia, construção e climatização consideraram que este conceito de envelope térmico deve ser a base de qualquer projecto sustentável. “Não podemos permitir medidas avulsas no parque edificado sem um programa de acção para cada um dos edifícios”, alertou Bento Aires, presidente da Ordem dos Engenheiros – Região Norte (OERN), sublinhando a importância das intervenções bem planeadas e das técnicas inovadoras, que devem ser adaptadas caso a caso.
Filipe Araújo, vice-presidente da Câmara Municipal do Porto, enfatizou o impacto que este sector tem nas emissões de carbono da cidade do Porto (cerca de 50%), bem como o esforço que o município tem feito na reabilitação e melhoria do parque habitacional público. “Queremos começar a produzir energia nos edifícios e esperamos que as pessoas possam também participar nesta transição”, explicou. José de Matos, secretário-geral da Associação Portuguesa dos Comerciantes de Materiais de Construção (APCMC), afirmou que “o sector da construção ainda não está preparado para responder a estes desafios”, mas que este é o momento de agir.
Foram ainda apresentadas estratégias já implementadas com sucesso na Europa, como o InnovaHub District, no Benelux, que utiliza o hidrogénio como recurso energético e cuja gestão é assegurada através de inteligência artificial, tornando o aquecimento e arrefecimento dos espaços e de calefação das águas mais eficaz e sustentável. “O hidrogénio permite armazenar uma grande quantidade de energia numa pequena superfície, sem emissões poluentes”, pelo que é uma peça-chave “na descarbonização”, referiu Wim Gijbels, director de engenharia da Giacomini Benelux.
Outra solução em destaque foi a climatização radiante através de pisos, tectos ou paredes. O arquitecto Luís Rebelo de Andrade defendeu uma abordagem mais natural ao conforto térmico: “O calor tem de partir da terra, subir e envolver-nos. É uma lógica mais saudável e eficiente.” Já Sérgio Espiñeira, director técnico da Giacomini Espanha, apresentou o tecto radiante como “uma alternativa mais leve e industrializada, que funciona mais depressa e com maior eficiência”.

A Directiva Europeia sobre o Desempenho Energético dos Edifícios (EPBD) também foi discutida no evento. Rui Fragoso, director da ADENE – Agência para a Energia, destacou a aposta que tem sido feita na automatização e controlo dos edifícios como vector essencial para alcançar os objectivos da directiva. Vasco Silva, director-geral da Giacomini Portugal, reforçou a ideia de que a definição de um envelope térmico para cada projecto será a melhor forma de garantir edifícios energeticamente eficientes, com poupança nos custos de utilização, maior durabilidade dos materiais e integração das tecnologias de climatização mais adequadas.
Na sequência deste evento organizado pelas empresas Giacomini (Itália) e Azulaico (Portugal), o director da Giacomini disse à Edifícios e Energia que o feedback recebido ao longo das edições tem sido “extremamente positivo e encorajador, e acreditamos que, com a realização desta edição no auditório Sonae da Porto Business School, superámos todas as expectativas”. O responsável ressalvou o envolvimento de representantes da esfera política, das ordens profissionais, da Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção, e até de concorrentes da empresa, dizendo que “esta abertura ao diálogo e à diversidade de perspectivas tem contribuído de forma significativa para o prestígio e notoriedade da marca”.
Fotografia de destaque: © Giacomini