O estudo Circular Economy Strategies for the EU’s Renewable Electricity (Estratégias de Economia Circular para a Electricidade Renovável na UE) do Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia (CCI) oferece uma nova perspectiva e novos dados sobre os fluxos de resíduos que resultam da transição energética na União Europeia (UE).
A transição para a electricidade renovável levada a cabo pela União Europeia tem criado diversos fluxos de resíduos de materiais recicláveis. Aço, cobre, alumínio, betão, fibra de vidro e vidro são alguns exemplos. De acordo com o CCI, “os futuros volumes de resíduos provenientes da produção de electricidade solar e eólica na UE são complexos e serão produzidos em quantidades muito maiores e a ritmos diferentes dos anteriormente estimados”.
É referido que, desde 2019, o mercado solar da UE tem crescido a um “ritmo exponencial” que ultrapassou todas as projecções anteriores. Uma rápida implementação da energia fotovoltaica irá traduzir-se numa quantidade significativa de resíduos. O documento estima que a UE-27 irá acumular entre 6 e 13 milhões de toneladas de resíduos fotovoltaicos até 2040 e entre 21 e 35 milhões de toneladas até 2050, caso a reciclagem não seja implementada numa fase anterior.
Neste contexto, “é necessária uma análise pormenorizada das quantidades de resíduos previstas para planear a gestão dos resíduos fotovoltaicos”, assinala o CCI. Se os componentes dos painéis fotovoltaicos existentes forem devidamente tratados e reciclados, estes sistemas contêm “materiais suficientes para satisfazer as necessidades de abastecimento da indústria de produção fotovoltaica da UE”. A prata é dada como exemplo: “Materiais-chave como a prata que existe nos painéis fotovoltaicos, se recolhidos e reciclados adequadamente, poderiam satisfazer a nova procura de fabrico fotovoltaico se fossem produzidos na UE”.
A reutilização também pode ser promovida para satisfazer a crescente procura. O CCI refere que a renovação e/ou reutilização de painéis fotovoltaicos usados em funcionamento ainda não dispõe de regulamentação e não é particularmente rentável devido ao design dos módulos, algo que não facilita a reparação, e que esta lacuna regulamentar requer atenção a curto prazo.
Aos decisores políticos, o relatório oferece dados que podem ser úteis e estratégias políticas viáveis a ter em conta aquando da elaboração de regulamentação e orçamentos futuros. Para além da energia fotovoltaica, o documento olha também para os resíduos gerados pela energia eólica e pelo desmantelamento de centrais energéticas alimentadas a combustíveis fósseis. Os principais temas políticos comuns a todos os sectores são a harmonização da legislação relativa à gestão de resíduos, a análise das opções de reutilização e a promoção da reciclagem.
Por último, o relatório sublinha a importância das políticas de resíduos e do incentivo aos mercados de materiais secundários para acompanharem os níveis de materiais recicláveis úteis e valiosos que estão presentes nos fluxos de resíduos emergentes.
O documento pode ser consultado na íntegra aqui.
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