Acompanhar e compreender as tendências e os desenvolvimentos do mercado das bombas de calor é considerada uma tarefa essencial não só para os fabricantes, mas também para os decisores políticos e os próprios consumidores. A análise dos desenvolvimentos tecnológicos, das alterações regulamentares e da dinâmica dos preços permite à indústria planear e adaptar-se conforme necessário. 

Uma das maiores tendências do mercado é o papel crescente que as bombas de calor têm vindo a desempenhar na descarbonização da indústria, afirmou Christoph Brunner, CEO da AEE INTEC Áustria. 

“Há três grandes áreas a considerar quando se trata de descarbonizar a indústria: fornecimento de energia, processos industriais e economia circular. As bombas de calor são cruciais em todos os três: são altamente eficientes, podem ser alimentadas por eletricidade renovável e têm a capacidade de recuperar o calor residual”, explicou.  

A integração de ferramentas digitais nos sistemas de bombas de calor e o aumento do fornecimento de energia solar-térmica para as bombas de calor são outras das tendências apontadas por Brunner. 

Neil Turley, diretor geral e de engenharia da Netgreen.eu OÜ e da Netgreensolar Ltd, explicou que se tornou cada vez mais comum a combinação de energia fotovoltaica e bomba de calor nos telhados, em especial nas regiões mediterrânicas. No entanto, considera que, se a Europa quiser aumentar as instalações de bombas de calor, tal como previsto no REPowerEU, terá de atuar numa outra frente: o parque edificado antigo. 

“Os códigos de construção são diferentes em toda a Europa, algumas infraestruturas de rede locais são obsoletas e, muitas vezes, há uma má compreensão dos serviços de construção e da integração das bombas de calor concebidas. Os governos devem adotar uma abordagem do tipo “política do pau e da cenoura”, emitindo normas e regulamentos em combinação com subsídios para apoiar os consumidores”, afirmou Turley. 

Neste sentido, a vice-presidente e chefe de Assuntos Públicos Globais e Sustentabilidade da Danfoss Climate Solutions, Andrea Voigt, não esquece o papel da Diretiva relativa ao Desempenho Energético dos Edifícios (EPBD): “se falarmos de renovação de edifícios, é impossível não mencionar a EPBD”. 

A diretiva exige que os Estados-Membro da União Europeia (UE) incentivem as renovações e tornem os edifícios neutros em carbono até 2050. A eliminação progressiva das caldeiras a combustão e dos subsídios aos combustíveis fósseis está também prevista. 

“A descarbonização dos nossos edifícios é uma tarefa gigantesca”, alerta Andrea Voigt, considerando que são necessárias “mais sinergias entre os setores das bombas de calor e do aquecimento e arrefecimento urbano, por exemplo”.  

Nas palavras de Voigt, deve ser implementada uma abordagem holística das políticas e soluções sustentáveis: “os consumidores devem estar conscientes de que as soluções renováveis também são eficientes do ponto de vista energético e os governos de que as políticas energéticas e climáticas são efetivamente complementares”. 

As considerações destes três especialistas sobre as tendências do mercado das bombas de calor foram expostas num webinar organizado pela European Heat Pump Association (EHPA) intitulado “Tendências e desenvolvimentos do mercado do setor do aquecimento e arrefecimento renováveis”. O webinar fez parte do projeto financiado pela UE “The European Technology and Innovation Platform on Renewable Heating and Cooling” (RHC-ETIP).

 

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