Estando concentrados na geração e utilização de energia renovável, os Bairros Urbanos de Energia Positiva vão contribuir decisivamente para a redução das emissões de gases com efeito de estufa e para a melhoria da qualidade do ar. Os edifícios desempenham, assim, um papel central nas áreas urbanas de energia positiva, uma vez que são responsáveis por cerca de 28 % do consumo nacional de energia elétrica*.
Para conseguirem atingir a neutralidade carbónica, os Bairros Urbanos de Energia Positiva devem adotar um conjunto de medidas como a geração da sua própria energia através de fontes renováveis em formato de autoconsumo individual (ACI), de autoconsumo coletivo (ACC) ou de comunidades de energia renovável (CER).
Para alcançarem um balanço energético positivo, os edifícios de um bairro urbano têm de ter um alto desempenho térmico e acústico, isto é, por exemplo, janelas de classe A+, equipamentos de baixo consumo para climatização e iluminação, eletrodomésticos eficientes e sistemas de gestão que permitam tirar o melhor rendimento dos equipamentos existentes. Altos padrões de eficiência hídrica são outro fator a ter em conta e, por último, mas não menos importante, a alteração de comportamentos por parte dos seus habitantes também. Com a implementação destas medidas, as famílias podem alcançar reduções de entre 20 % e 40 % na fatura de energia (em 2020, o consumo anual por habitante no setor doméstico foi de 1 320 kWh, isto é, 110 kWh/mês)*.
Para atingir este objetivo é necessário dar continuidade às políticas públicas de incentivo, como o Programa de Apoio a Edifícios Mais Sustentáveis, do Fundo Ambiental, o Vale Eficiência, o apoio ao autoconsumo coletivo e às comunidades de energia e também os benefícios fiscais dados pelos municípios a habitações sustentáveis.
A implementação eficaz das áreas urbanas de energia positiva é um desafio que vale a pena enfrentar, já que estas apresentam um elevado potencial energético e apelam à sociedade para a responsabilidade social sustentável, o que promove a melhoria da qualidade de vida, do ambiente e da saúde.
A nível nacional e internacional já existem projetos em curso, de que é exemplo o projeto POCITYF, desenvolvido nas cidades de Évora e Alkmaar (Países Baixos) e que pretende implementar soluções inovadoras para a otimização energética das cidades através da adoção de infraestruturas, tecnologias e serviços (edifícios, iluminação pública, rede e mobilidade elétrica). O investimento no projeto a decorrer em Évora é de 9,8 milhões de euros.
* Fonte: INE
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